Alugaria um iPhone? Veja como funcionam serviços de assinatura de celular
Ter um celular sempre novo em mãos é o sonho de consumo de muitos. Mas e a grana para manter isso? Modelos avançados são lançados a cada ano e os preços só crescem. É aí que os serviços de assinaturas de smartphone — que funcionam com aluguel de celulares — tentam convencer os consumidores de que são alternativas vantajosas.
Os clientes pagam por mês para ter um telefone por um prazo acordado em contrato. Os serviços dão a possibilidade de manter o aparelho ou trocar por um novo a cada renovação. É possível ainda comprá-lo após o período contratado.
Para entender como a modalidade funciona, Tilt conversou duas empresas do setor e uma consultora em finanças. Os serviços mais comuns são ofertas para alugar um iPhone, da Apple, ou um modelo da linha Galaxy S, da Samsung.
Como funciona o aluguel
Cadu Guerra, presidente-executivo do Allugator, startup mineira que trabalha alugando celular e outros eletrônicos, explica que o primeiro passo para a contratação do serviço é um questionário em que o(a) consumidor(a) informa o que espera do contrato. O perfil do(a) cliente é avaliado, e são oferecida algumas opções para análise.
"É uma operação muito parecida com a das locadoras de automóveis", explica o executivo. "Em um pacote só, o cliente tem a manutenção, a troca de aparelho e o seguro."
Depois de o pedido ser aprovado, os consumidores recebem o celular no endereço cadastrado. O iPhone 12 com 256 GB de memória, por exemplo, custa R$ 3.420,80 no contrato de 12 meses (pode ser parcelado em R$ 1.140,26 por três meses sem juros ou 12 meses com juros — daria mais de R$ 285 mensais), segundo informações do site da empresa.
O valor atual do modelo em lojas varejistas é em torno de R$ 6.583. Na loja da Apple, ele custa R$ 10.999 parcelado ou R$ 9.899,10 à vista.
Fazendo uma conta rápida aqui: o valor usado para comprar um iPhone 12 (no valor mais barato) daria para alugar quase dois celulares iguais por 258,60 a mais.
A Allugator já registrou cerca de 3 mil assinantes em torno de 700 cidades brasileiras. E, por enquanto, ela trabalha com o aluguel de celulares novos da Apple. A inclusão de outras fabricantes está em estudo. Guerra acrescenta que, quando os aparelhos são devolvidos ao fim do contrato, a startup os coloca à venda. Um de seus planos é oferecer o aluguel também desses seminovos.
O banco Itaú oferece um serviço de compra de iPhone que no final a pessoa pode escolher devolvê-lo — o nome é iPhone pra sempre. Tudo funciona pelos aplicativos da empresa.
O valor do modelo escolhido é descontado na fatura do cartão de crédito sem juros: pode ser o preço cheio ou 21 parcelas, equivalentes a 70% do custo do celular. Neste último caso, o valor começa a partir de R$ 149,72 por mês. Depois de tudo, será preciso pagar os 30% que faltam (que varia conforme o preço do modelo) caso você queira comprá-lo.
No final desse prazo, existem as opções na sequência de:
- Ficar com o iPhone: pagar 30% restante.
- Devolver: enviar o aparelho pelos correios e não será preciso esses 30%.
- Trocar por um novo: o telefone antigo terá que ser devolvido para você receber um novo. Esses 30% que restam serão cancelados -- mas se você quiser comprá-lo lá na frente, vai precisar pagar essa porcentagem.
Ex: Um iPhone 12 mini de 64 GB custa R$ 6.999 (valor oficial da Apple) pelo banco. As parcelas dentro do programa ficam 21 vezes de R$ 233,90. O pagamento final de 30% será R$ 2.099,70 se você for comprar o celular depois desse período.
Atualmente, o mesmo modelo custa R$ 5.311,90 (parcelado em 12 vezes em lojas varejistas e com juros), R$ 1.686,10 a menos em comparação com o preço total no final do contrato com o Itaú (que terminaria nove meses depois).
No modo aluguel, em que você devolve o iPhone para o banco, teria gasto neste caso R$ 4.899,30 após 21 meses.
O celular Android?
Outra empresa do segmento é a Porto Seguro. A marca criou o Tech Fácil, que aluga celulares da Samsung desde fevereiro de 2021. Por enquanto, não há planos de oferecer outras marcas.
De acordo com Marcos Loução, vice-presidente de negócios financeiros e serviços da companhia, a ideia é atrair o consumidor que quer pagar pelo uso de um bem físico, não pela sua posse. Os planos são expandir para além de celulares, incluindo notebook, tablet e relógio como opções na plataforma.
"A receptividade do produto realmente nos surpreendeu. Em fevereiro mesmo atingimos a meta esperada para o ano", destaca Loução. Ao fim de 12 meses, se quiser ficar com o aparelho, o cliente pode adquiri-lo por até 40% do preço anunciado no lançamento.
O consumidor escolhe o celular, o plano de assinatura e faz a contratação. O pagamento pode ser feito à vista ou no cartão de crédito em até 12 vezes. O aluguel do Galaxy S21 com 128 GB no Tech Fácil é parcelado em 12 mensalidades de R$ 199, com o seguro e a manutenção já incluídos.
A empresa usa R$ 5.999 como valor de referência do celular. De acordo com o site, o valor de aquisição ao final de 12 meses de assinatura fica estimado no acréscimo de R$ 2.399,60 (um total de R$ 4.787,60 para ter o aparelho daqui um ano).
Hoje, o S21 com esse tamanho de armazenamento custa em lojas varejistas cerca de R$ 4.179.
"O cancelamento pode ser feito a qualquer momento, mediante o pagamento de uma multa de 30% das parcelas restantes", explica Loução.
Quando o contrato termina, os aparelhos devolvidos vão para parceiros que arrumam (se necessário) os telefones e revendem. Se não estiverem bons para o repasse, são desmontados para que suas peças sejam aproveitadas e seus componentes sejam descartados adequadamente.
E financeiramente, vale a pena alugar?
Segundo a consultora em finanças Silvia Machado, a assinatura de serviços de aluguel de celular pode valer a pena em alguns casos. Se você costuma trocar de celular todo ano e gasta com modelos top de linha, o aluguel pode ser economicamente mais viável.
A decisão deve levar em conta as prioridades do consumidor e um pensamento racional sobre os prós e contras. "Para quem troca de aparelho apenas quando ele quebra, não vale a pena", ressalta. E é bom lembrar que a vida útil dos smartphones avançados costuma durar alguns anos.
Machado lembra ainda que muitos consumidores justificam a necessidade de comprar um celular imaginando que vão vendê-lo no futuro quando decidirem trocar por um novo. Mas poucos fazem isso em sua percepção. "Sempre que eu pergunto quantos celulares a pessoa já revendeu, recebo uma resposta negativa. Então não faz sentido ter o aparelho [se esse for o seu critério de avaliação]", afirma.
Para a consultora, a mudança de comportamento de alugar produtos no lugar de comprar o bem físico é uma tendência no Brasil. Ainda mais pelo alto preço dos celulares. Mas ela acredita que esse movimento será mais disseminado nos próximos quatro a cinco anos. O motivo do longo prazo é que existe ainda uma limitação na variedade de smartphones disponíveis para locação — só modelos caros atualmente.
"Algumas pessoas estão preocupadas com o que podem fazer com o celular hoje e, por isso, eles gostam de ter o modelo mais atual. Mas em nenhuma situação faz sentido pagar R$ 14 mil por ele", diz a consultora.
O valor investido no aluguel de um smartphone topo de linha (como iPhone e Galaxy S de última geração) seria menor proporcionalmente, um gasto financeiro que daria para comprar apenas celulares mais simples. "Então, alugar é uma forma melhor de consumir [nestes casos]", aconselha.
*Os valores exibidos na matéria são referentes a uma consulta realizada no dia 15 de julho de 2021. Os preços podem sofrer alterações com o passar do tempo.
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