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De uma garagem ao foguete de pênis: como Bezos chegou ao espaço

Blue Origin: as imagens do voo espacial da empresa de Jeff Bezos

Letícia Naísa

De Tilt, em São Paulo

21/07/2021 04h00

O bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon e presidente-executivo da empresa até outro dia, foi ao espaço ontem (20) — e já voltou. O homem mais rico do mundo há quatro anos dedicou uma fortuna para fazer a viagem (de apenas 10 minutos), acompanhado de seu irmão Mark Bezos, Oliver Daeme (18 anos) e a aviadora veterana Wally Funk (82 anos) — a mais velha a ir para fora da Terra agora.

Bezos fundou a Blue Origin, empresa responsável pelo voo ao espaço, em 2000 em meio ao sonho de criar um foguete próprio. E, claro, dar um pontapé inicial no mercado de turismo espacial (afinal, isso deve gerar ainda mais lucro para o seu bolso já tão recheado).

A relação de Bezos com os mistérios do universo teve um marco quando ele viu a decolagem do Apollo 11, em 1969, que levou os primeiros astronautas americanos à Lua. Na época, o empresário tinha apenas 5 anos. De lá para cá, muita coisa aconteceu, tanto no pessoal quanto no profissional — como diria o apresentador Faustão.

Bezos passou por um divórcio turbulento em 2019, que envolveu um vazamento de conversas com amantes, ameaça de exposição de nudes e intrigas com o ex-presidente dos EUA Donald Trump.

Depois de resolvida a questão — que fez de Mackenzie Bezos a quarta mulher mais rica do mundo —, o fundador da Amazon deixou a presidência da própria empresa, em junho deste ano, para focar suas energias na Blue Origin. Foram 27 anos investidos na Amazon, que se tornou uma gigante no mercado de tecnologia.

Money, money e money

A Amazon foi fundada dentro da garagem da casa de Jeff Bezos, que era banqueiro de investimentos nos Estados Unidos. Tudo começou com a venda de um livro pela internet há 27 anos. Surgia aí a sua livraria virtual. Após três anos de existência ela entrou para a bolsa de valores.

Em 2001, ela apresentou lucro de US$ 5 milhões de dólares pela primeira vez. Com o passar dos anos, ela foi se consolidando no comércio eletrônico de produtos variados. Em 2012, ela chegou ao Brasil.

Mesmo com a pandemia, a Amazon viu seus números crescerem. As ações valorizaram 61% nos últimos 12 meses e, no momento, a empresa está avaliada em US$ 1,66 trilhão.

Em 2020, Bezos ficou US$ 2.029,43 (cerca de R$ 10.588 na conversão direta) mais rico a cada segundo, o que dá US$ 121.765,80 (cerca de R$ 635 mil) por minuto. Sua fortuna foi de US$ 113 bilhões para US$ 177 bilhões.

Exploração de funcionários?

Não é de hoje que funcionários da Amazon reclamam de condições precárias de trabalho, com baixíssimos salários e alta carga horária. Há relatos até de controle do horário de almoço e de idas ao banheiro. Durante a pandemia, denúncias do tipo voltaram a ficar em foco envolvendo colaboradores dos armazéns da empresa — alguns relataram, inclusive, que faziam xixi em garrafas. As entregas não podiam parar.

Uma ex-funcionária da companhia relatou que não era permitido fazer a pausa completa de 30 minutos para o almoço. Se decidisse fazer o intervalo, tinha que levar walkie-talkie para que ela pudesse ser localizada em caso de demanda.

No Twitter, a Amazon chegou a anunciar um investimento de R$ 1,5 bilhão em melhorias para tornar a empresa "o local mais seguro de trabalho da Terra". Na chamada, era divulgado um vídeo do AmaZen, uma cabine com plantas, cadeira e um computador com arquivos de meditação guiada.

A novidade não foi bem recebida e internautas começaram a criticar pesado a empresa. O resultado foi que a Amazon deletou a postagem do ar.

O divorcio, nudes e Trump

O fim do casamento entre Jeff Bezos e Mackenzie Bezos não foi nada particular e virou destaque no noticiário econômico e político. Até o nome do Donald Trump entrou no meio.

A bagunça toda aconteceu em janeiro de 2019. Pelo Twitter, o executivo anunciou que a união de 25 anos chegara ao fim. Um pouco depois, a notícia de que Bezos teria uma amante cresceu.

Mensagens privadas entre ele e ex-apresentadora de TV Lauren Sanchez caíram na rede. Até um possível hackeamento de seu celular foi cogitado. A partir disso, Trump usou a informação para provocar o executivo.

Nesse meio tempo, Bezos acusou o tabloide National Enquirer, que é próximo a Trump, de usar nudes dele para chantageá-lo. Segundo o fundador da Amazon, ou ele e o Washington Post paravam de conduzir uma investigação sobre os laços políticos do jornal sensacionalista com ex-presidente dos Estados Unidos e seus interesses comerciais na Arábia Saudita ou as fotos iriam a público.

Pandemia e 'brincar de astronauta'

Mesmo tendo deixado a Amazon, Bezos carrega consigo a reputação da empresa: a de gigante de tecnologia e ao mesmo tempo a de companhia que não cuida dos funcionários.

Como na internet ninguém perdoa, choveram comentários sobre o timing da viagem — enquanto o mundo passa por uma pandemia sem precedentes, pessoas morrem de fome e o planeta enfrenta um colapso climático, bilionários como Bezos, Richard Branson e Elon Musk brincam de ser astronautas.

"A disputa dos bilionários sinaliza que suas fortunas não estão a serviço deste mundo (embora o contrário seja bastante evidente)", escreve Ana Carolina Amaral, jornalista da Folha de S.Paulo, em um artigo de opinião.

Em entrevista coletiva, Bezos agradeceu a todos os funcionários e clientes da Amazon. "Vocês pagaram por isso", afirmou. Muita gente não gostou do "agradecimento".

"Tradução: Você fez xixi em garrafas e recebeu salários de subsistência, então eu poderia ir em um passeio destruidor do clima", afirmou uma internauta.

Foguete em formato de pênis?

Para piorar, o executivo decolou em um foguete de formato, digamos, inusitado. Chamou a atenção dos internautas e espectadores da decolagem que a nave lembrava a forma de um pênis (ou de um dildo, um vibrador, se preferir).

O que você achou disso tudo?