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Mais de 500 meteoros cruzaram os céus no Sul do Brasil; confira imagens

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, de São Paulo

29/07/2021 15h42Atualizada em 30/07/2021 14h52

Uma estação de monitoramento em Monte Castelo, SC, registrou 550 meteoros cruzando os céus nas duas últimas noites. Na madrugada de terça (27) para quarta-feira, um recorde: 400, incluindo uma "bola de fogo" super brilhante. Na noite de ontem (28), com o céu bem nublado, foram mais 150 registros.

O que explica boa parte das ocorrências é o pico de duas chuvas de meteoros, a Delta Aquáridas do Sul e a Alfa Capricórnidas. "Eu nunca tinha registrado tantos meteoros de uma vez. Nas noites anteriores, eu já estava conseguindo um número legal, entre 90 e 100. Mas pular para 400 foi uma surpresa. São meteoros de diversos radiantes, mas principalmente da Delta Aquáridas", diz Jocimar Justino, proprietário da estação.

Meteoro em SC - Jocimar Justino de Souza/Monte Castelo (SC) - Jocimar Justino de Souza/Monte Castelo (SC)
Imagem: Jocimar Justino de Souza/Monte Castelo (SC)
meteoros - Jocimar Justino de Souza/Monte Castelo (SC) - Jocimar Justino de Souza/Monte Castelo (SC)
Imagem: Jocimar Justino de Souza/Monte Castelo (SC)
Meteoro em SC - Guilherme Zaparolli / Torres (RS) - Guilherme Zaparolli / Torres (RS)
Imagem: Guilherme Zaparolli / Torres (RS)

"Ontem, as nuvens atrapalharam bastante e por isso o número foi bem menor. Mas, por outro lado, causaram um belo efeito visual de contraste", afirma Justino, que recentemente trocou suas câmeras por outras mais sensíveis e abertas — o que, segundo ele, também explica um aumento geral no número de registros.

A imagem mais impressionante foi registrada às 2h05 de ontem (28). Tratava-se de um fireball (ou bola de fogo), um meteoro maior e muito luminoso, que deixa um intenso rastro ionizado colorida no céu. Ele provavelmente fez parte da chuva Alfa Capricórnidas, que tem a característica de gerar fenômenos mais brilhantes e explosivos.

O fireball foi registrado por, pelo menos, outras três estações da Bramon (Rede Brasileira de Observação de Meteoros, na sigla em inglês) no sul do país, em Camboriú (SC), Torres (RS) e Taquara (RS). De acordo com cálculos da rede, a rocha espacial brilhou por cerca de 2,7 segundos, percorrendo 61 km sobre a Região Metropolitana de Florianópolis, a uma velocidade de 22,7 km/s (81,7 mil km/h).

Perdeu? Ainda dá tempo

As próximas três noites também são ótimas oportunidades de observação, com as chuvas de meteoros ainda em intensa atividade. E você não precisa de qualquer equipamento especial: todos os meteoros podem ser vistos a olho nu, de qualquer lugar do país. Basta encontrar um local adequado e prestar atenção ao céu.

Confira algumas dicas:

  1. Torça por um céu sem nuvens. Procure um lugar escuro, como uma varanda ou quintal, de preferência longe de grandes centros. Quanto menos poluição luminosa, mais chances de observação.
  2. Fique confortável. Deite-se ou sente em uma cadeira reclinável (como uma de praia), proteja-se do frio, desligue as luzes e evite usar o celular o tempo todo para não se distrair nem ter a visão ofuscada pela claridade da tela.
  3. Tenha paciência. Seus olhos demoram cerca de 20 minutos para se acostumar com o céu noturno e a diferenciar a luminosidade dos diferentes corpos celestes (estrelas, planetas, meteoros).
  4. A partir das 21h, olhe para o leste (direção em que o Sol nasce). As constelações de Aquário e de Capricórnio, onde estão localizados os radiantes destas duas chuvas, já estarão visíveis no horizonte, acima da Lua, que estará nascendo.
  5. O melhor horário de observação deve ser entre 23h e 2h, quando as constelações estarão mais altas no céu. Acompanhe-as, mas lembre-se que são apenas uma referência de perspectiva; os meteoros podem surgir de qualquer ponto ao redor delas.
  6. Observe atentamente e espere pelos meteoros. Aplicativos de observação dos céus, como Stellarium, Star Walk, Star Chart, Sky Safari ou SkyView, podem te ajudar a encontrar estes pontos.
  7. Faça um pedido a cada estrela cadente vista, como manda a tradição.

O que são chuvas de meteoros

Popularmente conhecidos como "estrelas cadentes", meteoros são pequenos pedaços de rochas e poeira espacial que queimam ao entrar na atmosfera da Terra em altíssima velocidade, resultando em um fenômeno luminoso. Em geral, são inofensivos e se desintegram bem antes de atingir o solo.

Os meteoros podem ser incidentes isolados ou fazer parte de alguma chuva. A Delta Aquáridas é originada por resquícios do cometa 96P/Machholz; a Alfa Capricórnidas, pelo 169P/NEAT. Elas acontecem uma vez por ano, quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita do cometa, por onde ele deixou uma trilha de destroços e poeira.

Neste período, por cerca de um mês, algumas dessas partículas atingem nossa atmosfera, causando a chuva de meteoros que vemos — e que atinge seu pico durante cerca de dois dias, quando atravessamos a área mais central e densa do rastro.

As próximas chuvas visíveis do hemisfério sul são a Táuridas do Sul, com pico entre 9 e 10 de outubro, e a Orionidas, entre 20 e 21 do mesmo mês.