Ajuda inteligente: cientistas criam algoritmo que monitora desmatamento
Nos últimos 35 anos, cerca de 45 milhões de hectares foram perdidos da floresta Amazônica. O espaço equivale a 20% da floresta original. Seja para criação de pasto, agricultura ou expansão urbana, a velocidade de desmatamento na região vem acelerando e é uma grande preocupação. Os dados são do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).
Para combater o problema e ajudar na prevenção, pesquisadores da organização, criada em 1990, lançaram nesta quarta-feira (4) um sistema de inteligência artificial, a plataforma PrevisIA, criada em parceria com a Microsoft e o Fundo Vale (fundo de fomento e investimento da mineradora Vale em iniciativas socioambientais). A tecnologia mostra que há 9.635 km² de floresta em risco de sofrer com o desmatamento. Por meio de um mapa interativo, a PrevisIA mostra áreas ameaçadas pela devastação.
O novo sistema mostra as principais regiões ameaçadas, incluindo terras indígenas e unidades de conservação. Atualmente, o estado do Pará concentra as regiões com maior risco de desmatamento. No site da plataforma é possível filtrar os riscos por estados, municípios, unidades de conservação, terras indígenas, quilombos e assentamentos rurais.
O projeto faz parte de uma iniciativa da Vale de se se tornar carbono neutra até 2050 — ou seja, pretende diminuir a emissão de carbono no planeta para o mínimo possível ou zero. Já a Microsoft vem traçando um caminho mais sustentável há um ano e meio. Com o investimento no PrevisIA, a empresa espera colocar a tecnologia a favor da prevenção da natureza.
Como a tecnologia foi criada
O modelo de risco foi feito a partir de informações que o Imazon vinha colhendo há décadas sobre a região, além de imagens de satélite da Agência Espacial Europeia e dados do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), desenvolvido pelo Imazon em 2008.
A base de dados inclui topografia da região, cobertura do solo, infraestrutura urbana, estradas oficiais e não oficiais e dados econômicos. Ela foi usada para treinar a inteligência artificial para calcular os riscos de desmatamento. O desenvolvimento do sistema levou dois anos.
Desde 2006, o instituto monitora as estradas abertas dentro da floresta. Com anos de análise, os pesquisadores descobriram que 85% das queimadas na Amazônia acontecem em um raio de mais ou menos 5 km das estradas que são abertas na floresta, assim como o desmatamento. 95% deles se acumulam no mesmo raio das estradas, sejam elas oficiais ou não.
Carlos Souza Jr., pesquisador associado do Imazon, explica que, por isso, é muito importante saber onde estão todas as estradas da região amazônica. "Os dados das estradas treinaram os algoritmos", afirma.
"O principal objetivo da PrevisIA é identificar as áreas críticas e propor soluções", diz Souza. Por isso, todos os dados coletados pelo algoritmo da plataforma estão públicos e podem ser consultados por qualquer cidadão, empresa ou órgão governamental. A ideia é que as informações da plataforma ajudem na aplicação de políticas públicas de combate e controle do desmatamento.
As consequências do desmatamento da Amazônia são muito graves. Além de causar possível extinção de diversas espécies, é uma prática que também prejudica o solo e, consequentemente, altera o ciclo das chuvas e provoca mudanças climáticas. A retirada da vegetação original também contribui para o agravamento do efeito estufa e do aquecimento global.
Como a inteligência artificial apenas prevê o desmatamento — não informa se ele ocorreu ou não—, Souza espera que ela "erre" a previsão. "Se a gente se antever, o desmatamento pode nem chegar a acontecer", explica.
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