Jornalista poliglota vira meme nas Olimpíadas: 'Cada vez viralizo num país'
Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão em alta e repórteres de vários lugares do mundo estão no Japão para compartilhar os registros de todas as competições com o público que não conseguiu estar fisicamente presente. Mas o que o jornalista Philip Crowther, 39, nascido em Luxemburgo, na Europa, não imaginava era que ele é quem viraria notícia.
A publicação de um vídeo em seu perfil no Instagram (mais de 17 mil visualizações) e no Twitter (7,8 mil views) com registros do trabalho durante as Olimpíadas caiu nas graças da internet. Nas imagens, Philip aparece dando informações sobres os Jogos em seis idiomas: luxemburgês, alemão, espanhol, português, francês e inglês.
A facilidade com que fala tantas línguas com desenvoltura virou motivo de memes e piadas no Brasil. Alguns internautas brincaram dizendo que iam começar a fazer aulas no duolingo — aplicativo que ensina centenas de idiomas — para acompanhar a habilidade de Philip.
"Não tenho problemas em ser um meme. Foram comentários muito divertidos. Recebi muitas mensagens, parabéns e perguntas sobre como era aprender tantas línguas", afirmou o jornalista a Tilt, que trabalha e mora em Washington, nos Estados Unidos.
Essa nem foi a primeira vez que Philip viralizou. O poliglota conta que quatro meses antes uma outra postagem sua começou a bombar no Twitter. Nela, internautas da Bélgica e Espanha começaram a interagir com o vídeo. "Não sei por que dessa vez foi viral no Brasil. Cada vez é um país diferente", conta.
Aprendendo línguas desde bebê
Philip explicou (em português claro) a Tilt que aprender um novo idioma sempre fez parte de sua rotina. Filho de pai inglês e mãe alemã, o jornalista teve contato com os dois idiomas desde pequeno. A comunicação dentro de casa era sempre nas duas línguas.
Quando começou a ir para escola, ele também aprendeu luxemburguês, idioma oficial do país em que nasceu. "Sempre tivemos essa mistura em casa e foi de maneira natural. Foram três línguas que recebi grátis", brinca Philip. Aos dez anos, também durante o colégio, ele começou com as aulas de francês, contabilizando quatro línguas para a sua lista.
Apesar da facilidade para aprender idiomas, o processo da quarta língua não foi tão leve. Segundo o repórter, o aprendizado lhe rendeu muitas dores de cabeça, literalmente, na época. "Como era muito jovem, ter quatro línguas na cabeça era quase que uma pequena tortura. Eu precisava sempre trocar de uma língua para a outra", relembra.
Por quase meio ano, Philip deixou o inglês de lado e não queria mais falar no idioma. Ele voltou a se comunicar na língua paterna dentro de casa, depois de perceber que estava com um sotaque alemão.
Depois de um tempo, ele ficou mais em paz com os diferentes idiomas. E não contente em falar "apenas" quatro, aos 14 anos começou a estudar espanhol. Na faculdade, ele ainda cursou estudos hispânicos, permitindo que ele aprimorasse o idioma.
Nesse tempo, ainda se propôs a aprender o português durante algumas matérias do ensino superior. Ele brinca que se policia para não falar o portunhol, que é muito comum quando você já sabe o espanhol e vice versa.
Durante uma temporada em Madri e, depois, em Barcelona, ele pôde ter um pouco de contato com o catalão, idioma no qual ele não se considera fluente, mas que entende um pouco. Ele tentou aprender japonês e árabe, mas desistiu, por achar essas línguas bem complexas.
Se fosse fazer um ranking das melhores que fala atualmente, ele colocaria nessa ordem: inglês, luxemburguês e espanhol.
Qual é o segredo para falar tão bem?
Como mostrado no vídeo, Philip consegue dar as notícias em seis línguas de assuntos complexos do dia a dia. Mas, mesmo parecendo não ter nenhuma pausa durante as entradas ao vivo, ele revela que a edição pode proporcionar o efeito "automático" na cadência das palavras — mas que fique claro: edição não faz mágica. Ele fala mesmo bem os idiomas.
O seu segredo para sempre dar qualquer notícia com êxito, independentemente da língua, é imaginar que aquele é seu idioma materno. "Se eu vou dar uma notícia em português, imagino que sou brasileiro", diz. "Às vezes, tenho horas entre uma entrada [ao vivo] e outra, e assim posso adaptar."
Dificuldades
Mesmo falando fluentemente seis línguas, Philip afirma que muitas vezes os seus textos passam por revisão. No alemão, por exemplo, ele diz que a língua dentro do jornalismo é bem mais difícil do que a falada na rua. Por isso, ele pede um segundo olhar em suas reportagens.
O mesmo ocorre com o português, quando precisa fazer matérias mais complexas.
Dicas de quem sabe
Entre as dicas que o jornalista dá para quem deseja aprender idiomas está a importância de manter contato com a língua escolhida o tempo todo.
Segundo Philip, a melhor maneira seria morar no país do idioma oficial, mas, como não é possível para todas as pessoas e o processo pode ser bem custoso, ele recomenda ler jornais na língua em questão, fazer amigos daquele determinado país e ver programas de televisão.
Quando questionado sobre se vai seguir com o ensino de línguas também com a filha, que está começando a falar, ele conta que decidiu, junto com sua esposa, que a criança só vai aprender inglês e espanhol por enquanto. "Ela tem 17 meses e falamos com ela em inglês. A babá que cuida dela fala em espanhol oito horas por dia. Eu quero que ela tome sua própria decisão", conclui.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.