A física do skate: como atletas olímpicos dominam a ciência para vencer
O skate se tornou esporte olímpico nesta edição das Olimpíadas de Tóquio e atletas brasileiros caíram nas graças do público. Ao conquistar suas medalhas, Rayssa Leal (de 13 anos, conhecida como fadinha), Kelvin Hoefler e Pedro Barros se consagraram como três dos melhores do mundo. Mas como skatistas como eles conseguem fazer manobras tão surreais para muitos e vencer a gravidade durante as competições?
Com deslizes nos corrimãos, rotações, flips, entre outros movimentos do esporte, os atletas parecem desafiar as leis da física, certo? Bom, de fato, eles enfrentam grandes dificuldades nesse sentido, mas ao invés de desafiá-las, os skatistas acabam, na verdade, utilizando-as para manter o skate em seus pés.
O simples movimento de andar de skate já traz consigo a terceira lei de Newton: para cada ação, há uma reação igual e oposta. Essa regra é percebida no ato do skatista manter um pé na prancha e usar o outro para empurrar o chão, o que o impulsiona para frente.
Essa mesma lei de Newton é percebida quando os atletas fazem um salto, momento em que o peso do skatista empurra a prancha na direção do chão, que "a lança" de volta com a mesma força.
Gravidade
As manobras do skate partem de um ditado que mesmo quem não é um expert em física já ouviu em algum lugar: tudo o que sobe, desce! A mais básica delas é o ollie, um salto simples no qual o atleta salta e retorna para o chão — e, mesmo nela, os skatistas já utilizam a física para seu benefício.
Sempre que o skatista está no ar ele está à mercê de forças como empuxo, sustentação, arrasto e peso. O empuxo é o que move a prancha para frente, a sustentação move para cima, o arrasto do ar empurra o atleta para trás enquanto o peso é a maneira de a gravidade o puxar para baixo.
E isso é algo que o atleta tem que ter em mente: ele sofrerá os efeitos da gravidade. "Em algum ponto, a gravidade vai vencer, não importa o quão rápido você esteja", afirmou Bill Robertson, também conhecido como Dr. Skateboard, professor na Universidade do Texas, ao site "Inverse".
Todo skatista sabe que a gravidade, em algum momento, irá puxá-lo para baixo, não importa o quão rápido ou alto ele esteja. E, por saber disso, os atletas aprendem formas para conseguir manter o equilíbrio sobre a prancha.
Para fazer uma boa aterrissagem, por exemplo, a pessoa precisa tentar manter os pés sobre as a parte da prancha em que as rodas ficam posicionadas, já que assim ele vai manter o centro da gravidade sobre o centro, o que ajudará no equilíbrio das forças atuantes para poder ficar em pé.
Atletas encolhidos
Quando Pedro Barros saltou com seu 540, você deve ter percebido que ele se encolheu o mais próximo possível da prancha. Isso ocorre porque quando qualquer torração é realizada, as forças centrífugas e centrípetas agem no atleta.
Quando o atleta está girando no ar, as forças centrípetas o empurram para dentro, enquanto as forças centrífugas o puxam para fora do skate.
A força centrífuga é mais facilmente percebida pelo skatista durante a manobra — seja no movimento dos braços ou das roupas balançando enquanto eles giram. Ao abaixar na prancha, o atleta está dando um jeito de manter essas forças em linha, facilitando em seu equilíbrio quando retorna ao solo.
Ou seja, de maneira inconsciente ou não, os atletas utilizam as leis da física para realizar manobras que encantaram milhões de telespectadores. Nossa Fadinha, Pedro Barros e Kenvin Hoefler se aproveitaram de suas vivências sobre o skate para vencer os desafios da física e trazer três pratas para o Brasil.
Que em 2024, nos Jogos Olímpicos de Paris, eles e outros atletas brasileiros continuem escrevendo ainda mais os seus nomes na lista de atletas olímpicos.
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