Xiaomi abrirá mais lojas no Brasil e diz que preços sempre serão atrativos
A Xiaomi entrou no mercado brasileiro fazendo barulho e transformou vários brasileiros em "Mi Fãs", como são conhecidos os fãs da marca. Teve gente que passou 45 horas na fila aguardando a inauguração da sua primeira loja física, em junho de 2019, em São Paulo. O combo preços competitivos e oferta de celulares com boas configurações técnicas é o segredo para atrair o público nos mercados que a Xiaomi atua, segundo o gerente geral da empresa para a América Latina, Tony Chen.
Em entrevista a Tilt, o executivo destacou ainda que o crescimento da fabricante se dá muito pelo marketing boca a boca: fãs convencendo outras pessoas de que vale a pena comprar os produtos vendidos por ela.
Globalmente, as estratégias já deram bons resultados. A Xiaomi atingiu o posto segundo lugar entre as maiores vendedoras de celulares do mundo, ultrapassando a Apple, e ficando atrás apenas da Samsung, no fim do primeiro semestre deste ano. Para seguir nesse patamar de crescimento, segundo Chen, a empresa tem um plano, iniciado no ano passado, de investimento de 50 bilhões de renminbi (cerca de R$ 39,6 bilhões, em conversão direta) em pesquisa e desenvolvimento até 2025.
E o executivo faz questão de ressaltar a ambição da fabricante chinesa: se tornar a maior fornecedora do mundo em um futuro próximo.
E no Brasil?
No Brasil, a Xiaomi ainda está em quinto lugar entre as principais fabricantes de celular, segundo o relatório feito pela empresa de análise de mercado Canalys.
Quem acompanhou a movimentação da empresa no mercado nacional deve lembrar que antigamente era mais difícil, por exemplo, comprar um celular da marca em revendedores oficiais. As vendas eram focadas via comércio eletrônico, o que limitava o acesso aos aparelhos. Muita gente recorria a processos de importação de smartphones da chinesa ou compras em lojas não autorizadas (geralmente, com preços bem abaixo do mercado).
A Xiaomi percebeu então que o jeito para atrair mais brasileiros será a viabilidade de mais lojas físicas. E esse é o plano em vista da empresa atualmente, de acordo com Chen. "Os brasileiros precisam manusear e avaliar pessoalmente o design, formato, visual e funcionalidade do celular", explica. Uma das vantagens é que os consumidores poderão ver de perto não só celulares, mas aspiradores de pó e outros eletrônicos também.
Em dois anos de operação no Brasil, a Xiaomi possui atualmente duas lojas em operação — localizadas em São Paulo. A marca possui mais de 450 produtos comercializados no país em cerca de 7.000 pontos de venda (a partir de parceiros). Entre estes, estão 31 modelos de telefones (até agora).
Quer saber mais sobre as estratégias da Xiaomi e como ela vai convencer as pessoas a comprarem os seus produtos? Confira esses e outros destaques da entrevista realizada com o executivo.
Tilt: O que levou a Xiaomi a alcançar o posto de segundo lugar global entre fabricantes de telefones celulares?
Tony Chen: A Xiaomi é uma marca relativamente nova, com apenas 11 anos, mas que está transformando o mercado de tecnologia e IoT [Internet of Things, ou Internet das Coisas — são dispositivos inteligentes que obedecem a comandos para realizar tarefas rotineiras em casa ou no trabalho] em todo o mundo. Tornar-se, pela primeira vez, o número 2 do mundo é um marco fundamental na nossa história.
Devo isso, em primeiro lugar, ao fato de fabricarmos produtos com o melhor preço para o desempenho que entregam. A Xiaomi estabeleceu um limite de 5% na margem de lucro líquido do hardware, o que significa que nossos produtos sempre terão preços atrativos.
Em segundo lugar, continuamos investindo em pesquisa e desenvolvimento para explorar tecnologias inovadoras. A Xiaomi foi a primeira a trazer ao mercado inovações como câmera de 108 megapixels, lentes líquidas, carregamento com fio de 200 W e carregamento sem fio de 120W. São mais de 10 mil engenheiros trabalhando na Xiaomi e planejamos recrutar outros milhares ainda neste ano.
Em terceiro lugar, a Xiaomi confia na reputação do boca a boca em vez do marketing tradicional, especialmente com o apoio dos nossos "Mi Fãs". Nossa base de usuários se expande rapidamente e mantém a lealdade à marca.
Resumindo, o "segredo" é muito simples: produtos fantásticos e preços honestos. Acredito que este é o motivo do nosso sucesso.
Tilt: Quais são os planos da Xiaomi para o segundo semestre do ano?
TC: Basicamente, consolidar o lugar da Xiaomi como a segunda maior marca de smartphones e trabalhar duro e de forma inteligente para nos tornarmos o maior fornecedor do mundo em um futuro próximo. Além disso, veremos mais Mi Stores sendo abertas na América Latina.
Não só em 2021 e como nos anos seguintes, vamos seguir implementando a estratégia Smartphone x AIoT [itens de internet das coisas com inteligência artificial], com foco no mercado de smartphones para buscar mais avanços, ao mesmo tempo em que desenvolvemos soluções de 'casa inteligente' e proporcionamos aos usuários uma experiência de vida mais completa.
Essa será uma diretriz para continuar melhorando nossa taxa de entrada em novos mercados. De acordo com o anúncio de resultados do primeiro trimestre de 2021 da Xiaomi, nossos smartphones entraram em mais de 100 mercados ao redor do mundo.
Tilt: Como está o posicionamento da Xiaomi no mercado da América Latina e do Brasil?
TC: A Xiaomi foi colocada no Top 3 da América Latina pela primeira vez no primeiro trimestre de 2021, segundo relatório da Canalys, registrando o maior crescimento anual entre os principais da região (162%). Segundo os últimos dados globais de smartphones da Canalys, a Xiaomi está se expandindo rapidamente nos mercados no exterior, atingindo um crescimento de mais de 300% no mercado da América Latina.
No Brasil, no primeiro trimestre de 2021, a participação de mercado posicionou a Xiaomi na quinta posição, mas o que é notável é a taxa de crescimento: 38%.
Tilt: Como a Xiaomi vê o perfil do consumidor brasileiro?
TC: Vemos que o consumidor brasileiro é exigente e valoriza bons produtos a um preço acessível. E isso está alinhado com o que a Xiaomi vem fazendo.
No mercado de tecnologia, temos notado que o consumidor brasileiro está cada vez mais buscando alternativas de smartphones com configuração avançada e visual moderno, que são diferenciados pelo processador, recursos como câmera, design e tela expandida para melhor manuseio e navegação, entre outros recursos.
Temos um público fiel no Brasil, os "Mi Fãs". Essa base de fãs cresceu muito com outros consumidores, que não conheciam a marca, e passaram a conhecê-la. Por isso, adotamos como estratégia as vendas no varejo físico além do ecommerce e marketplace [áreas dentro de sites de grandes varejistas onde lojas menores e vendedores independentes comercializam seus produtos], já que os brasileiros precisam manusear e avaliar pessoalmente o design, formato, visual e funcionalidade do smartphone.
Tilt: Qual a maior diferença entre o mercado brasileiro e outros países da América Latina?
TC: A diferença mais notável no mercado brasileiro é que as vendas de smartphones Xiaomi representam 50% do volume total, e os produtos do "ecossistema Xiaomi" [como lâmpadas e afins] representam os outros 50%. A maioria dos demais países possui a categoria de smartphones como líder indiscutível.
Os produtos com maior venda aqui no Brasil são: as pulseiras fitness Mi Smart Band, os fones de ouvido True Wireless EarBuds, a lâmpada inteligente Smart Bulb e a balança Smart Scale.
Tilt: Como a Xiaomi está se preparando para atender o mercado 5G?
Recentemente, a tecnologia 5G vem se expandindo progressivamente ao redor do mundo, e a Xiaomi foi uma das primeiras do setor a avançar para esta nova era.
Já em fevereiro de 2019 lançamos nosso primeiro dispositivo 5G, o Mi Mix 3 5G. Desde então, temos trabalhado em colaboração com parceiros — como Qualcomm e MediaTek [fabricantes de chips de processadores] — para fornecer a experiência 5G para mais usuários.
No nosso portfólio de smartphones 2021 temos dispositivos 5G no segmento top de linha, como o Mi 11, e também temos o 5G no segmento intermediário, com o Redmi Note 10 5G, para tornar o 5G mais acessível a mais usuários.
Notamos que o consumidor brasileiro adora ter acesso à mais recente tecnologia. E graças a isso, notamos que a demanda por dispositivos 5G está crescendo muito, especialmente por pessoas que estão planejando mudar de dispositivo.
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