Topo

Planeta 'aquático' a 35 anos-luz da Terra pode abrigar vida, diz estudo

O planeta está numa zona habitável e pode ter uma atmosfera que permita a existência de formas de vida - Reprodução/ESA
O planeta está numa zona habitável e pode ter uma atmosfera que permita a existência de formas de vida Imagem: Reprodução/ESA

Colaboração para o UOL, em Santos

06/08/2021 10h46

Um "mundo aquático" rochoso, localizado a "apenas" 35 anos-luz da Terra, pode abrigar vida alienígena, de acordo com novos estudos publicados na revista científica Astronomy & Astrophysics.

Uma equipe de astrônomos do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) obteve novos resultados sobre os planetas que orbitam uma estrela próxima, identificando semelhanças com os planetas interiores do Sistema Solar.

Com o auxílio do Very Large Telescope (VLT) do ESO no Chile, os investigadores descobriram que o sistema planetário L 98-59 - em órbita ao redor de uma estrela com o mesmo nome a apenas a 35 anos-luz de distância da Terra - tem planetas rochosos que estão suficientemente perto da sua estrela para se manterem quentes.

A equipe conseguiu demonstrar que três dos planetas podem conter água no seu interior ou na sua atmosfera. Os dois planetas mais próximos da estrela são provavelmente secos, mas podem conter pequenas quantidades de água. O terceiro planeta pode ter até cerca de 30% da sua massa em água, parecendo por isso ser um mundo de oceanos.

O planeta, localizado na constelação de Volans, no hemisfério celestial sul, está a uma distância perfeita de um sol frio e brilhante, suficiente para que a água flua na superfície. A área foi apelidada de zona 'Cachinhos Dourados'.

Adicionalmente, foram também descobertos exoplanetas "escondidos", ainda a serem confirmados. Tudo aponta para a existência de um quarto planeta e suspeita-se ainda da presença de um quinto numa zona à distância certa da estrela para poder conter água líquida na superfície.

"Descobrimos pistas que apontam para a presença de um planeta do tipo terrestre, situado na zona habitável deste sistema", comenta, num comunicado enviado à imprensa, Olivier Demangeon, pesquisador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, da Universidade do Porto, e autor principal do novo estudo.

Atmosfera para permitir formas de vida

"O planeta na zona habitável pode ter uma atmosfera que poderá permitir e proteger formas de vida", diz María Rosa Zapatero Osorio, astrônoma no Centro de Astrobiologia de Madrid, Espanha, que também participou no estudo.

Os resultados alcançados na investigação são apontados como um imenso avanço técnico, já que os astrônomos conseguiram determinar, pelo método das velocidades radiais, que o planeta mais interno do sistema tem apenas metade da massa de Vênus.

Esse será o exoplaneta mais leve medido até hoje com esta técnica, que consiste em calcular as pequenas oscilações sofridas pela estrela devido à minúscula atração gravitacional exercida pelos planetas que a orbitam.

A equipe espera continuar a estudar este sistema com o futuro telescópio espacial James Webb, da Nasa/ESA/CSA. O futuro Extremely Large Telescope (ELT) do ESO, atualmente em construção no deserto chileno do Atacama - e que se espera comece a funcionar em 2027 -, será ideal para o estudo destes planetas.