'Supertênis': como a ciência ajudou atletas a conquistarem pódio olímpico
As Olimpíadas de Tóquio 2020 foram as mais tecnológicas das últimas edições. Com câmeras, pistolas eletrônicas, touchpads nas piscinas e várias outras engenhocas, o Japão se mostrou vanguardista na adoção de tecnologia. Mas uma delas pode ter dado um empurrãozinho para o caminho até o pódio: os tênis.
O modelo Vaporfly, da Nike, conquistou 64% dos pódios que disputou no atletismo. De 33 atletas usando o "supertênis", 21 levaram medalhas para casa.
O Vaporfly teve a sua estreia nas Olimpíadas do Rio em 2016 e já mostrou ser uma grande promessa, os três medalhistas homens usaram o modelo que ainda era um protótipo. Em 2019, o maratonista queniano Eliud Kipchoge, agora bicampeão olímpico, estabeleceu o recorde da maratona, concluindo o percurso em 1h 59min 40s, em Viena (Áustria). Ele se tornou o primeiro a correr uma maratona em menos de 2h, apesar do recorde não ser considerado oficial. Em seus pés, o AlphaFly, uma versão ainda mais sofisticada do Vaporfly.
O lançamento oficial do modelo da Nike aconteceu em 2017, quando o tênis recebeu duas versões com os nomes de "Nike Vaporfly 4%" e "ZoomX Vaporfly Next%". Estudos da marca e pesquisas independentes da Universidade do Colorado apontaram que atletas usando o modelo da Nike correm com eficiência 4% maior do que usando um tênis comum e 2 a 3% maior do que usando um similar da concorrência.
Qual o segredo?
O trunfo do "supertênis" está na sola, que é composta por duas camadas: uma de espuma feita de amida em bloco de poliéter (comercialmente conhecida como Pebax), um material extremamente leve e resistente, e uma feita com uma placa de fibra de carbono. O design do Vaporfly minimiza a perda de energia do corredor.
Normalmente, os tênis de corrida são feitos de uma forma que possam proteger as pernas do atleta e são feitos para impulsionar o corredor para frente. As entressolas dos tênis atuam como molas, comprimindo com o pouso e estocando energia do impulso e devolvendo-a ao corredor quando ele levanta os pés.
Nos modelos comuns, boa parte dessa energia se dissipa em forma de calor. A vantagem do Vaporfly é que ele dissipa menos menos calor, ou seja, tem menos perda energética e oferece melhor rendimento ao atleta.
Doping tecnológico
O uso do "supertênis" nas provas de atletismo tem sido questionado por atletas patrocinados por outras marcas. A World Athletics (associação internacional de atletismo) não apontou irregularidades nos modelos Vaporfly.
Atualmente, as regras dizem que os tênis de corrida não podem oferecer vantagem ou assistência injusta e precisam ser "razoavelmente acessíveis" a todos os competidores. Mas a associação não deixa muito claras as especificações dessas regras.
A situação é muito parecida com o que aconteceu nas Olimpíadas de Pequim em 2008. Na época, nadadores bateram recordes usando um traje tecnológico da Speedo. Para tornar a competição justa, ou o nadador precisava ter um traje desses ou não poderia participar. Em 2009, os trajes foram banidos das competições.
Entre os atletas, as opiniões divergem. Usain Bolt é contra. Já Geoffrey Kamworor, vecedor da Maratona de Nova York, é a favor. "Se você estiver preparado e tiver treinado bastante, você pode correr com qualquer sapato", defende.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.