Medidores de energia elétrica são confiáveis? Entenda como eles funcionam
Em tempos de alta na conta de luz, muita gente acaba vendo um aparelho como vilão: o medidor de consumo de energia elétrica. Está certo que ele, por si só, não é o responsável pelo boleto caro que pagamos todo mês, mas é por meio do dispositivo que é possível determinar o quanto um imóvel consumiu de eletricidade da rede.
Mas você sabe como os medidores são capazes de fazer isso?
Primeiramente, é preciso entender como funciona o fornecimento de energia elétrica em uma residência. Basicamente, se não houver nenhum aparelho ligado em um imóvel, a fiação interna permanece energizada, porém não há consumo.
Uma vez que um aparelho é ligado, parte da corrente elétrica da rede é "desviada" para alimentar esse aparelho, criando um fluxo de corrente. O que não é utilizado retorna à rede elétrica. É justamente esse fluxo o aferido pelos medidores.
Esses aparelhos se dividem em dois tipos principais: os eletromecânicos e os eletrônicos.
Os mais comuns são os eletromecânicos e é bastante provável que a sua casa adote um desses modelos. Nessa categoria há os de ponteiros — bastante antigos e que estão em desuso há algum tempo — e os ciclométricos, mais comuns.
Aqui, vamos nos concentrar nos ciclométricos. Dentro deles há três bobinas ligadas em paralelo com a fiação. Enquanto uma delas, a potencial, é energizada pela entrada de energia da residência, outras duas são energizadas pela eletricidade que sai da residência e retorna à rede elétrica.
Entre essas bobinas há um disco de alumínio. Uma vez que a eletricidade flui pelas bobinas, cria-se um campo eletromagnético. Como esse campo tem intensidade diferente de cada lado do disco — o gerado pela bobina potencial é diferente daquele gerado pelas outras duas bobinas —, o disco acaba girando.
Para determinar o consumo, os aparelhos são calibrados de maneira que cada rotação do disco seja equivalente ao consumo. Isso pode variar de acordo com o modelo. Esse disco é associado a um visor analógico que mostra a energia consumida em kWh. A leitura é feita subtraindo o número aferido por aquele que foi visualizado no mês anterior.
Já um segundo tipo de medidor são os eletrônicos que, aos poucos, começam a ser adotados nas casas brasileiras. O funcionamento é mais simples, já que se utiliza um circuito microprocessado para a medição. Esses medidores, inclusive, podem ser do tipo inteligente, uma iniciativa que vem sendo realizada em algumas cidades brasileiras.
Em São Paulo, a Enel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica na cidade, iniciou um projeto-piloto no início de 2021 para instalar 300 mil medidores do tipo em residências do município.
Os dispositivos usam a chamada Power Line Communication (PLC), tecnologia que permite a troca de informações por meio da infraestrutura da própria rede elétrica. As informações sobre consumo vão até uma estrutura chamada concentrador e, a partir daí, é enviada ao centro de operação da concessionária via 4G. Assim, não há a necessidade da visita de um funcionário da fornecedora para que haja a medição do consumo.
Esses aparelhos são confiáveis?
Sim, uma vez que os medidores são certificados pelo Inmetro e testados em laboratório do fabricante. Casos de distorções entre medição e consumo real geralmente ocorrem quando há uma ligação incorreta. Isso geralmente ocorre quando há fraude — uma ligação paralela que vira retirar energia elétrica da rede sem passar pelo medidor — o que configura crime de estelionato.
O estado da instalação elétrica em um imóvel também pode causar uma medição acima do consumido por aparelhos. Neste caso, a solução é identificar e corrigir possíveis falhas na instalação.
Quais as vantagens dos medidores inteligentes?
Além de dispensar a medição presencial, os aparelhos também permitem que os clientes tenham um maior controle sobre o quanto de energia elétrica está sendo consumida. Isso pode ser feito por meio de aplicativo no smartphone.
Além disso, eles permitem identificar problemas na fiação elétrica interna ou de um equipamento específico, fatores que podem elevar o consumo de energia. Por fim, a adoção em massa da tecnologia também permite que as concessionárias identifiquem mais rapidamente regiões que porventura estejam sem energia, tornando os reparos necessários mais ágeis.
A tensão fornecida influencia no consumo?
Não. Independentemente se a tensão de fornecimento é 127V ou 220V, o que determina o quanto será consumido é a potência dos equipamentos utilizados.
E em casas com painel solar, como é feita a medição?
Neste caso utiliza-se o chamado medidor bidirecional. O funcionamento é similar aos modelos comuns, porém esse é capaz de identificar caso a instalação residencial gere mais energia do que consome — neste caso, é possível vender a energia gerada para as distribuidoras e, com isso, conseguir abatimentos na conta de luz.
Fontes:
- Michele Rodrigues, professora de engenharia elétrica do Centro Universitário FEI
- Alessandro de Oliveira Santos, professor de engenharia elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)
- René Manuel Langer Garrido, responsável por O&M de Rede da Enel Brasil
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