Forno elétrico, comum ou air fryer: com luz e gás caros, qual destes usar?
O brasileiro não para de se assustar com a alta dos preços toda vez que vai ao mercado e com atualizações sobre o valor da gasolina. Além de gerar memes ao melhor estilo "estou rindo, mas é de desespero", a crise econômica atual, com milhões de desempregados e salários achatados, faz com que as pessoas busquem saídas para equilibrar o orçamento e reduzir os gastos.
E encontrar respostas dentro da cozinha é mais um grande reflexo disso tudo. Os preços mais altos do gás e da energia elétrica são os culpados, impactando no bolso tanto de quem usa o forno a gás, forno elétrico ou fritadeira elétrica, item do momento e que registrou crescimento exponencial em vendas nos últimos anos.
"Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", afirma José Roberto Cardoso, professor titular da escola politécnica da USP e membro do IEEE (Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas), para explicar a situação atual.
Segundo os dados mais recentes do IBGE, a energia elétrica acumula alta de 20,09% nos últimos 12 meses. Já no caso do botijão de gás, a elevação é ainda maior, 29,29%, com um preço médio de R$ 93,34 e o máximo de R$ 130,00, de acordo com a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Ou seja, usar o forno nesses tempos pode trazer um dissabor. Entre as três opções, há alguma que pese menos no bolso?
Forno a gás, forno elétrico ou fritadeira elétrica?
"Na condição particular de usar forno, o elétrico consome bastante energia, mas seguramente será mais barato do que utilizar o gás. Agora, a fritadeira elétrica é muito mais eficiente porque promove uma distribuição uniforme do calor em todo o alimento, tornando mais eficiente o processo de assar. Esse calor vai penetrando no produto como uma certa velocidade, o que melhora o consumo de energia", segundo o professor Cardoso.
Sobre as versões de fornos elétricos, ele aponta como vantagem, principalmente em produtos mais modernos, a eficiência no controle de uso de energia, como funcionalidades que permitem calibrar o tempo de preparo e estabelecer programações. "É bem selado, aproveita bem o calor e ainda é mais seguro que o gás", acrescenta.
Por outro lado, Marcos Almeida do Amaral, professor de engenharia elétrica na Universidade Presbiteriana Mackenzie em Campinas, já tem uma compreensão diferente. Em seus cálculos, realizados a partir de dados da Enel, concessionária de energia elétrica de São Paulo, e da ANP, considerando o uso dos fornos por uma hora, a versão a gás pesa menos no bolso do que a elétrica.
Apesar disso, sugere que os consumidores analisem a situação de acordo com cada prato porque, em alguns casos, a airfryer pode ser a melhor opção. "Se você for fazer uma coisa pequena, utilizar o forno é um desperdício. Mesmo que a bandeira tarifária esteja alta, ainda sim compensa avaliar o uso de uma air fryer por causa do tamanho do que você pretende assar e da potência do próprio equipamento", afirma Amaral.
Para o professor do Mackenzie, como é mais eficiente energeticamente e os tempos de cozimentos também são menores, ela acaba sendo mais vantajosa. "Uma carne assada, não dá para fazer em uma air fryer, mas um pão de queijo funciona muito bem", complementa.
Outra dica do especialista é prezar pela eficiência no uso dos equipamentos. Se for utilizar o forno, uma opção é otimizar fazendo mais de um prato ao mesmo tempo e evitando grandes fornadas de horas e horas.
E, para quem está na tarifa branca — criada para incentivar o uso da energia ao longo do dia, e não apenas em determinado período —, buscar os melhores horários para os preparos, fora das faixas mais caras, que são definidas pelas distribuidoras de cada região.
O economista Leonardo Trevisan, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) São Paulo, compartilha da mesma visão sobre a vantagem do forno a gás, tanto sob a perspectiva do cenário atual quanto do futuro próximo.
"Ainda é mais barato usar o gás e a sua tendência de alta também está contida. Enquanto isso, olhando para a frente, o preço da energia tende a aumentar", explica.
Até quando o gás vai continuar caro?
Esse horizonte leva em conta que o país passa por uma crise hídrica, sem solução à vista, e que tem feito o uso de termelétricas, que apresentam um custo mais elevado de geração de energia.
Por outro lado, de acordo com Trevisan, o preço internacional do petróleo tem cedido, acompanhando uma desaceleração da China, motivo pelo qual acredita que o preço do gás deve se estabilizar e até retroceder ao longo dos meses, reforçando a vantagem deste tipo de recurso.
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