Com gasolina cara e cancelamentos, Uber e 99 aumentam ganhos dos motoristas
Em meio à alta no preço dos combustíveis e constantes reclamações de passageiros sobre como anda difícil pedir transporte por aplicativo, as duas principais empresas do setor no Brasil, Uber e 99, decidiram aumentar os ganhos dos motoristas.
Na Uber, o percentual de aumento depende da categoria (UberX, Comforto, VIP ou Black) e da região — bairros mais nobres ou com maior demanda pagam mais. Para a categoria X, que reúne a maior parte dos motoristas, os reajustes na Região Metropolitana de São Paulo foram os seguintes:
- valor base: entre 10% e 15%
- valor por minuto: entre 10% e 35%
- valor por km: aumento de 10% a 15%, dependendo da área/cidade.
Está extinta no país a taxa fixa de 20% a 25% cobrada ao motorista sobre o valor de cada viagem.
Uma tabela que circula em grupos de motoristas mostra que em corridas para o aeroporto de Guarulhos, por exemplo, o valor do minuto passou de R$ 0,19 para R$ 0,26 (um aumento de 40%), enquanto o ganho por quilômetro avançou de R$ 1,05 para R$ 1,21 (15%).
Já na 99, o ganho dos motoristas passará de 10% para 25%, subsidiado pela empresa. "Implementada após constantes aumentos no preço dos combustíveis, a revisão dos repasses aos motoristas parceiros foi definida levando em consideração a manutenção do equilíbrio da plataforma, de maneira que a população também continue tendo acesso a um meio de transporte financeiramente viável, seguro e eficiente", declarou em nota a Tilt.
"Conta não fecha"
Este é o primeiro aumento realizado pelas empresas em seis anos de operação no Brasil - apenas reajustes para redução de ganhos já haviam sido feitos. Mas, com a alta dos combustíveis e do custo de manutenção e aluguel de automóveis, esta porcentagem ainda se mostra insuficiente para atender às reivindicações da categoria.
A revisão das tarifas só foi realizada após uma avalanche de reclamações de passageiros sobre viagens canceladas e maior tempo de espera para conseguir um carro. Motoristas estariam rejeitando corridas mais curtas, por não compensarem financeiramente, e alguns teriam até abandonado a plataforma.
Levantamento da Amasp (Associação de Motoristas de Aplicativos) indica uma queda de 28% no número de motoristas de aplicativos em São Paulo em 2021. No último ano, a gasolina aumentou cerca de 40%, ultrapassando os R$ 6 por litro, e o etanol mais de 60%, de acordo com o IBGE; o aluguel de veículos subiu 30%.
Agora, tem ocorrido uma ampliação na demanda pelo serviço dos aplicativos, com o avanço da vacinação e a reabertura das escolas e do comércio em horário normal. Isso evidenciou o problema de uma conta que não fecha.
"É importante ressaltar que, neste momento, a crise econômica afeta a todos e é preciso manter o equilíbrio da operação: oferecer ganho e gerar demanda para os motoristas, ao mesmo tempo em que proporcionamos transporte eficiente, seguro e financeiramente acessível para os passageiros", declarou a 99.
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