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Nasa irá lançar nave contra asteroide em teste para evitar perigo no futuro

A nave Dart tem a missão de se chocar contra o asteroide Dimorphos e provocar mudanças em sua rota - NASA/JOHNS HOPKINS APL
A nave Dart tem a missão de se chocar contra o asteroide Dimorphos e provocar mudanças em sua rota Imagem: NASA/JOHNS HOPKINS APL

Colaboração para Tilt, em São Paulo

17/09/2021 16h27

Com objetivo de evitar que um possível asteroide no futuro se choque com a Terra, como aconteceu na época dos dinossauros, a Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, irá promover, possivelmente em novembro, uma missão de teste que envolverá a colisão de uma espaçonave contra uma rocha espacial.

Nesse processo, os pesquisadores vão coletar informações sobre como seria possível desviar de um meteoro que possa vir a ameaçar a Terra. Chamada de Dart (Teste de Redirecionamento Duplo de Asteroides, na sigla em inglês), a nave levará um ano para atingir Dimorphos, um asteroide de grande porte que orbita outro ainda maior, o Didymos.

Com peso de 330 kg, Dart tem tamanho equivalente ao de um carro, enquanto o de Dimorphos é semelhante ao de um estádio (160 metros de diâmetro). A expectativa é que a Dart seja lançada em 24 de novembro deste ano — os planos podem mudar e a data ser adiada para algum momento de fevereiro de 2022.

"Estamos fazendo esse experimento para ter a capacidade de evitar um desastre natural verdadeiramente catastrófico", afirma Tom Statler, cientista do programa, em entrevista ao Technoloy Review.

Como a colisão vai ocorrer?

A meta é atingir o asteroide com a espaçonave a uma velocidade de 6,5 km por segundo. Embora seja considerado de pequena proporção, o impacto entre os dois seria suficiente para desviar Dimorphos do caminho da Terra.

Liderado por Harrison Agrusa, da Universidade de Maryland (EUA), um grupo de pesquisadores desenhou o quanto Dart pode alterar a orientação de partículas (spin) ou a própria rotação de Dimorphos.

O choque entre a espaçonave e o asteroide contará com energia similar à explosão de três toneladas de TNT, capazes de despachar milhares de fragmentos. Apesar desse número impressionante, os cientistas explicam que a força não causará nenhuma mudança imediata no giro do asteroide.

A expectativa é que as mudanças surjam em alguns dias, com um movimento leve. Essa oscilação deverá aumentar à medida que ocorrer um desequilíbrio na rotação do asteroide. Em vez de fazer o movimento de orbitar o asteroide maior (Didymos), o corpo rochoso poderá começar a girar no seu eixo.

Com apoio de outra missão, chamada de Hera, da ESA (Agência Espacial Europeia), será possível analisar a experiência e reconhecer se houve esse movimento. Hera chegará ao ponto de colisão cinco anos depois. E é provável que sejam necessárias décadas ou até mesmo séculos para que o asteroide maior retorne ao seu estado original.

A missão Hera deve contar com dois satélites pequenos implantados, com objetivo de pousar na superfície do corpo Dimorphos.

Os cientistas não acreditam que o movimento cambaleante do grande asteroide prejudique o ensaio ou represente perigo para seres humanos. Por outro lado, o estudo promoverá informações cientificamente importantes, já que o estado de rotação dos asteroides pode afetar propriedades, como a quantidade de luz solar refletida.