Segure a emoção: veja 3 dicas de quem manja para você não cair em fake news
O estrago provocado pela divulgação e o compartilhamento de fake news (notícias falsas, em português) tem um potencial estrondoso, como estamos vendo na política e durante a pandemia de covid-19, não só no Brasil como em vários países pelo mundo. Desconfiar de algo que leu ou ouviu é um primeiro passo para não cair na mentira, mas quem fabrica esse tipo de conteúdo é expert em enganar.
De acordo com um estudo recente de pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos, a maioria das pessoas que compartilham notícias falsas online faz isso involuntariamente, sem perceber. Uma de pesquisa de 2018 da mesma instituição observou ainda que a política está entre as áreas com apelo maior para a proliferação da desinformação.
E o que fazer para não ser ludibriado? Tilt ouviu as dicas da jornalista Clara Becker, cofundadora do Redes Cordiais, projeto de educação midiática e combate à desinformação e a discursos de ódio nas redes sociais. Veja quais são seus três conselhos para driblar as fake news.
1. Desconfie de tudo o que chame a atenção
As notícias falsas são pensadas para atingir e impactar uma determinada audiência, por mais que possam parecer que surgiram do nada. Por isso, ter "ceticismo emocional" ou o famoso "estar sempre com o pé atrás" diante de conteúdos muito chamativos é mais do que necessário em tempos tão confusos com a desinformação sendo propagada pela internet.
Para se ter uma ideia, a desinformação sobre o coronavírus foi tantas no ano passado que a OMS (Organização Mundial de Saúde) até usou a palavra infodemia para destacar o fenômeno.
"Essas informações são pensadas e fabricadas para mexer com as nossas emoções, como raiva, tristeza, surpresa, nojo. Enfim, são sempre sentimentos muito fortes, que levam a um compartilhamento irrefletido daquele conteúdo, você passa adiante sem nem pensar", explica a especialista.
No estudo apresentado pelo MIT, os cientistas chegaram à conclusão de que as informações sobre política se propagam três vezes mais rápido do que as de outros segmentos. Saúde também se destaca, como mostram as reações variadas sobre tomar vacina, porque isso mexe com nossos medos.
"Nós sabemos que o ser humano fica com o senso crítico muito falho quando está tomado por emoções. Os agentes da desinformação sabem disso e tentam mexer com as nossas entranhas", afirma Becker.
Por isso, evite ao máximo sair compartilhando notícias sem refletir criticamente sobre ela.
2. Identifique o padrão de desinformação
Compreender como funciona a estratégia para fabricar uma notícia mentirosa pode ajudar a definir mais facilmente se determinado conteúdo é falso ou verdadeiro.
Segundo informações do site First Draft, projeto sem fins lucrativos de combate à desinformação, sete grandes tópicos que hoje compõem o ecossistema no qual a notícia falsa normalmente está inserida podem ser destacados:
- conteúdo impostor, com imitação de fontes verdadeiras ou página de sites relevantes;
- conteúdo fabricado, 100% falso e produzido para enganar ou prejudicar terceiros;
- conteúdo enganoso, uso de informações para prejudicar o debate ou comprometer alguém;
- manipulação de conteúdo, com alteração de informação ou imagem;
- contexto falso, com informação verdadeira, mas usada em outro período, ano e circunstância;
- falsa conexão, quando o título, as ilustrações ou as legendas não confirmam o que está presente no texto ou vídeo;
- sátira ou paródia, conteúdo jocoso e que busca passar informação enganosa.
"As pessoas precisam entender que elas têm uma responsabilidade muito grande. Hoje em dia, todo mundo é produtor de conteúdo, é influenciador de grupo de mensagens de família. Mudou muito essa questão da disseminação", destaca Becker.
Mais uma vez: cuidado com tudo o que lê, assiste e ouve.
3. Exercite o pensamento crítico
Ao se deparar com uma notícia que parece boa demais para ser verdade ou que surge como algo revelador e nunca antes divulgado, a dica é fazer um exercício crítico para entender as motivações de quem compartilhou e o que se ganha com isso.
Podem ajudar nisso questões básicas de verificação: quem é o autor da publicação? Eu o conheço? Onde o conteúdo foi publicado? É um site confiável? Que outros conteúdos são publicados lá? Outros veículos de jornalismo profissional também estão dando a notícia?
Essa análise é importante para não julgar como verdadeiro um conteúdo que é falso e para quebrar uma corrente de desinformação.
"Quando entramos nas redes sociais, a nossa cabeça não está neste modo de pensar criticamente tudo o que está ocorrendo ali e acabamos ficando mais vulneráveis. Mas realmente precisamos exercitar essa musculatura do cérebro, porque tem pessoas que estão se valendo da nossa vulnerabilidade neste momento", destaca Becker.
Ficou na dúvida? Cheque a fonte da informação e verifique se ela veio de um órgão oficial, como a OMS, no caso da covid-19. Vídeos e imagens podem facilmente ser tirados de contextos.
Veículos de imprensa de todo o Brasil se uniram para fazer a chamada checagem dos fatos para reduzir os danos que as fake news podem causar. Profissionais apuram eventuais notícias falsas e fazem os esclarecimentos com ajuda de especialistas e/ou dados públicos.
Alguns exemplos são o UOL Confere, Agência Lupa (analisa fatos, dados e declarações) e o Projeto Comprova (reúne jornalistas de 33 veículos de comunicação brasileiros).
Adolescentes vacinados contra Covid-19 não têm 6 vezes mais chances de problemas cardíacos. O estudo publicado em pré-print tem metodologia questionada por cientistas, por se basear em relatos de eventos adversos que ainda não foram investigados. Siga o fio pic.twitter.com/HvRI31qidW
— Agência Lupa (@agencialupa) September 24, 2021
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.