A polêmica por trás do Astro, o robô que a Amazon quer colocar na sua casa
A Amazon lançou nesta terça-feira (28) o robô para uso doméstico "Astro", que tem como função cuidar de pessoas idosas e monitorar o cotidiano doméstico. Seria "mais do que uma Alexa de rodas", segundo a fabricante. O robôzinho, no entanto, não teve nem tempo de curtir os louros da divulgação e já está no centro de polêmicas.
No evento de lançamento, a Amazon destacou que o robôzinho tem "sua própria personalidade, move-se com os clientes por suas casas durante chamadas de vídeo e muito mais". Mas profissionais que participaram do desenvolvimento do sistema fizeram diversas críticas, de acordo com reportagem da Vice, nos Estados Unidos.
Entre elas, que o reconhecimento facial — essencial para o monitoramento e vigilância residencial — é "no mínimo instável", e que a promessa de servir de segurança é "risível".
"O Astro é terrível e quase certamente se jogará escada abaixo se tiver a oportunidade. A detecção de pessoas não é confiável, na melhor das hipóteses, tornando a proposta de segurança interna ridícula", afirmou uma das fontes.
Segundo o profissional, o aparelho é frágil para algo que tem um custo elevado — a partir de US$ 1.000 (cerca de R$ 5.410, em conversão direta) — e que, inclusive, o mastro quebrou em diversos equipamentos, o que, acontecendo na casa dos consumidores, tornaria complicado o retorno do produto para a Amazon.
Outra crítica dos desenvolvedores é em relação à proposta da empresa de divulgar que o robô pode ser um auxílio para pessoas com problemas de acessibilidade, principalmente diante da fragilidade dos mastros. "É, na melhor das hipóteses, um absurdo completo e marketing e, na pior das hipóteses, potencialmente perigoso para qualquer um que realmente confie nele para fins de acessibilidade", disse a fonte.
Um outro colaborador afirmou à Vice que o Astro não "está pronto para ser lançado".
"Eles se quebram e quase certamente cairão das escadas das casas dos usuários do mundo real. Além disso, é também (na minha opinião) um pesadelo de privacidade que é um reflexo da nossa sociedade e de como trocamos privacidade por conveniência com dispositivos como o Vesta [nome dado ao projeto internamente]", afirma. Ele acrescentou ainda que as habilidades de reconhecimento facial funcionam mal.
As declarações vieram acompanhadas também de vazamentos de documentos e de reuniões dos desenvolvedores. Os materiais mostram que o Astro deve fazer muita vigilância com seus sistemas de reconhecimento facial e também com o recurso em que permite seguir as pessoas, caso não as reconheçam. Mantidos os problemas de detecção de reconhecimento, a solução pode se tornar bem inconveniente.
Tilt apurou, no entanto, que parte dos documentos obtidos pela Vice se referem a um estágio mais antigo do desenvolvimento do Astro e não refletem o estágio atual do produto. Em comunicado, a Amazon afirmou que "as definições sobre desempenho, haste e sistemas de segurança do Astro são simplesmente incorretas".
"O Astro passou por avaliações rigorosas de qualidade e segurança, incluindo dezenas de milhares de horas de testes com participantes do beta. Isso incluiu testes abrangentes no sistema avançado de segurança do Astro, que é projetado para evitar objetos, detectar escadas, e parar o dispositivo onde e quando necessário."
Com tantas declarações e revelações negativas logo após o lançamento, o tom emotivo do vídeo preparado para anunciar o produto parece não ter sido o suficiente para impressionar os próprios participantes do projeto.
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