Oxímetro da Apple é preciso para pacientes em hospitais, diz estudo da USP
Histórias de relógios inteligentes que ajudaram a salvar vidas já fazem parte do noticiário pelo mundo. Mas um estudo realizado por brasileiros da USP (Universidade de São Paulo) chegou a conclusão de que uma tecnologia adotada no Apple Watch, da Apple, fornece dados precisos como os aparelhos usados em hospitais.
A pesquisa analisou o funcionamento do oxímetro, sistema que mede a oxigenação do sangue, da versão series 6 do Apple Watch, lançada em 2020. Os resultados foram publicados pela revista científica Nature.
Leonardo Pipek, pesquisador que liderou o estudo, explicou a Tilt que o oxímetro ajuda a monitorar de forma confiável a saturação de oxigênio de pacientes com doenças pulmonares em ambiente hospitalar.
"A ideia era testar se um dispositivo usado por milhões de pessoas pelo mundo poderia gerar dados que auxiliam no cuidado do paciente. Nosso plano é continuar realizando pesquisas nessa área, com dispositivos que permitam obter dados de saúde do usuário e entender de que forma podemos utilizar esses dados em prol da saúde e qualidade de vida das pessoas", explicou Pipek, que cursa o 5º ano de Medicina na FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Participaram do estudo a pesquisadora Rafaela Farias, aluna do 4º ano da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Milena Acencio, pesquisadora do Instituto do Coração (Incor). A pneumologista Lisete Ribeiro Teixeira, professora associada da FMUSP, foi orientadora do projeto.
Como foi a pesquisa
O pesquisador observou o desempenho do oxímetro nativo do Apple Watch Series 6 e o comparou com outros dois dispositivos de pulso convencionais aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Os testes foram feitos em 100 pacientes com doença pulmonar intersticial (DPI) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) no ambulatório de pneumologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Eles tiveram início no final do ano passado.
De acordo com Pipek, a oximetria do Apple Watch foi obtida em condições controladas, com o paciente em repouso. Os resultados foram que a tecnologia exibe dados confiáveis como os aparelhos já usados nas unidades de saúde ao avaliar as medições de frequência cardíaca e de oximetria.
O estudo mostrou ainda que não houve diferença estatística entre os equipamentos considerando questões como circunferência do punho, presença de pelos e unhas esmaltadas.
"Do ponto de vista estatístico, não houve diferença significativa entre os valores obtidos. Entretanto, cabe ressaltar que o Apple Watch teve uma tendência a mostrar valores mais altos para a saturação de oxigênio", destacou Pipek.
"O seu uso para tomar decisões clínicas ainda não foi validado pelos órgãos reguladores e, por isso, não deve ser utilizado para guiar condutas médicas", acrescentou o pesquisador.
Pipek ressalta que os resultados de sua pesquisa são promissores, mas envolve ainda os primeiros passos dos estudos dentro da área. A próxima etapa é mostrar como usar esses dados para auxiliar no cuidado e melhorar a saúde do paciente.
Dois estudos recentes feitos nos EUA analisaram as informações de batimentos cardíacos por meio de smartwatches, como o da Apple, e tiveram resultados positivos em tentar prever se uma pessoa tem covid-19 antes mesmo de os sintomas aparecerem.
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