"Foi bom para a saúde mental": brasileiros repensam a relação com a redes
O apagão que atingiu redes sociais e o app de troca de mensagens mais popular no Brasil ontem (4) afetou pessoas no mundo todo. Facebook, Instagram e Whatsapp pararam por completo por mais de 7 horas. Com a pane geral, outros serviços online como o Twitter — que absorveu boa parte da comunicação de internautas — e o Telegram também apresentaram instabilidade para alguns.
Em meio ao "bloqueio" inesperado, muita gente aproveitou para refletir sobre a relação que tem com a vida digital. A atriz Luana Xavier, que recentemente participou da série "Sessão de Terapia", do Globoplay, foi uma delas. Com 269 mil seguidores no Instagram, ela contou a Tilt que sentiu até certo alívio por não poder usar as plataformas.
"Eu acho que os únicos momentos da vida em que fico afastada das redes é quando estou no meu terreiro, porque as cerimônias religiosas dependem de dedicação exclusiva. Fora isso estou sempre conectada. Estar sempre online causa uma certa dependência e um caos na vida", afirmou a atriz.
"Então, estar livre dessas responsabilidades e dessa cobrança pessoal foi realmente importante para minha saúde mental", completou.
Para Luana, é "enlouquecedor não ter esse respiro", sem estar completamente imerso no mundo digital. Ela comenta que, recentemente, ficou 12 horas sem responder o WhatsApp e uma amiga achou que havia acontecido alguma coisa com a atriz.
O que tinha ocorrido? Nada. Ela só estava maratonando uma série com o avô e resolveu deixar o celular de lado.
"Eu não sou muito adepta de dizer 'tudo tem seu lado bom', mas particularmente esse bug me fez refletir um bocado. Estou pensando em experimentar deixar o WhatsApp sem visualização uma vez por semana. Vamos ver se funciona", destacou.
Sensação de paz
O redator publicitário Guilherme Rodrigues também aproveitou o apagão das redes para refletir.
"Sempre me pareceu meio absurdo depender tanto assim de algo que pode sair do ar a qualquer momento ou mudar seu funcionamento do nada", afirmou.
"Quando as redes caíram, veio uma certa sensação de paz mesmo, consegui focar melhor em outras coisas e até mesmo me desligar do trabalho foi mais fácil, sem ter mensagem em grupo de WhatsApp me notificando toda hora", ressaltou.
Guilherme ainda comenta que o dia de trabalho foi mais produtivo na segunda-feira, sem múltiplas conversas que acabavam acontecendo sempre.
De acordo com o redator, a equipe da sua agência criou um grupo direto por videochamada para passar as informações, o que facilitou bastante.
"Minha vontade sempre foi de ficar menos nas redes, mesmo que eu goste do que elas proporcionam às vezes. Mas acho que, a partir do que ocorreu, vou tentar adotar alguns períodos totalmente sem rede, quando o trabalho permitir", encerrou.
Dinheiro e compromissos perdidos
Apesar de ter dado paz para alguns, a pane geral nas plataformas do Facebook fez outras perderem dinheiro.
O estudante de enfermagem Henrique Prata trabalha como motoboy desde 2020. Sua rotina é esperar os pedidos de clientes de uma loja, pegar e levar até a casa deles. O problema é que o local trabalha, basicamente, com solicitações realizadas pelo Instagram e pelo WhatsApp.
"Nos adaptamos a depender muito das redes sociais", disse a Tilt. Com os problemas de ontem, ele teve o dia perdido e não conseguiu faturar os cerca de R$ 100 que consegue costuma contabilizar diariamente.
Para o entregador, é necessário repensar, de alguma forma, a nossa dependência dos aplicativos e formas de substituí-los.
"Eu não tinha percebido que isso pode ser um problema. Possivelmente, não vai ser a última vez que esses aplicativos vão apresentar instabilidade. Agora, é estudar as formas de substituir eles para não ficar tão dependente assim e não ser prejudicado de novo", afirmou Prata.
O influenciador digital de viagens, César Trifone, 26, também foi prejudicado. Ele faz um trabalho frequente de publicações no Instagram (seu perfil tem 154 mil seguidores). A falha o impediu de trabalhar com publicações patrocinadas — quando uma empresa paga para ter seu conteúdo associado a um influencer.
Com isso, os seus compromissos publicitários foram adiados e ele deixou de receber por eles. "Minha maior fonte de renda é do Instagram. Também lido com muitos clientes, agentes e representantes de empresas pelo WhatsApp. No dia da queda, eu tinha posts de publicidade para fazer nos Stories e não consegui", contou Trifone.
Por causa da falha de sistemas global, as empresas patrocinadoras decidiram adiar as publicações combinadas com o jovem. Se o Instagram não tivesse voltado, o prejuízo financeiro seria em torno de R$ 30 mil somente neste mês, segundo o influenciador.
Para ocupar o tempo que investiria nas publicações, Trifone procurou fazer coisas que não dependessem das redes sociais e usar outras plataformas como YouTube e TikTok para compartilhar seu conteúdo. "Aproveitei para limpar a galeria do celular já que estava cheia de materiais do Jalapão e das viagens anteriores."
*Colaborou Adriano Ferreira
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