Plano mais barato da Netflix vale a pena? Depende da TV, internet e sofá
O último aumento de preço nos planos da Netflix e a proliferação de serviços alternativos de streaming fez muita gente parar para reavaliar seu pacote de serviços de séries e filmes pela internet.
No caso da Netflix, há opções de planos que vão de R$ 25,90 por mês até R$ 55,90. A diferença é a quantidade de aparelhos que podem acessar a plataforma ao mesmo tempo e a qualidades das imagens.
Mas, afinal, o que muda de verdade entre ver Netflix em SD, HD ou 4K? Dá para notar a diferença? Vale a pena trocar um plano mais caro por um mais barato ou a qualidade da imagem piora demais? Tudo depende da sua TV, internet e, acredite ou não, até do seu sofá.
Diferença entre resoluções
Primeiro, precisamos entender a diferença entre as siglas. A qualidade mais básica, SD, significa "Standard Definition" (definição padrão) e exibe imagens com até 480 pixels numa linha horizontal (480p); HD significa "High Definition" (alta definição) e exibe de 720 a 1.080 pixels (720p e 1080p).
Já a qualidade mais alta, Ultra HD ou 4K, exibe até 2.160 pixels na horizontal. Quanto mais pixels, mais definida e detalhada a imagem fica. Mas, por outro lado, mais internet a Netflix vai usar.
Segundo a Netflix, sua velocidade mínima de internet para usar o aplicativo na TV, celular ou computador precisa ser de 1,5 megabit por segundo — isto só para abrir o catálogo e ver ali quais filmes e séries estão à disposição, antes de assistir a qualquer um deles.
Para ver vídeos em qualidade SD sem travar, a sua internet precisa ser de, no mínimo, 3 megabits por segundo. Para ver HD, precisa de 5 megabits por segundo. E para 4K, o ideal é ter, pelo menos, 25 megabits por segundo.
Se está na dúvida, você pode checar a velocidade da sua internet com uma ferramenta da própria Netflix, o Fast.com.
Tamanho da tela e distância do sofá
Dependendo do tipo de tela que você usa para acessar a Netflix e a distância entre ela e os seus olhos, a diferença entre SD, HD e 4K pode ser quase invisível. O segredo é calcular a taxa de pixels por polegada (ppi, na sigla em inglês) que o seu monitor reproduz e checar se ela está dentro do limite do que o olho humano consegue distinguir.
Uma TV de 50 polegadas com Netflix em 4K, por exemplo, vai exibir cerca de 67 pixels por polegada (2.160 pixels divididos por 50 polegadas). Mas se você trocar seu plano pelo mais barato, o SD, vai ver 16 pixels por polegada. Assim, a imagem vai ficar mais pixelizada, parecendo um meme antigo.
Mas esse mesmo conteúdo SD numa TV de 32 polegadas, por exemplo, vai exibir 25 pixels por polegada, de modo que a qualidade fica um pouco melhor. E não para por aí: a conta ainda pode mudar totalmente dependendo da distância com que você olha para a tela.
A SMPTE (Sociedade dos Engenheiros de Cinema e Televisão dos Estados Unidos) recomenda sentar-se a uma distância em que a tela preencha de 30º a 40º do seu campo de visão. Isto significa que, quanto maior o tamanho da tela, mais longe você precisa se sentar para ela ocupar um campo de visão confortável.
Outro fator que entra no cálculo é o de resolução angular — isto é, a capacidade do olho de distinguir objetos próximos. Um olho com visão 20/20 (que não precisa de óculos) é capaz de enxergar até 48 pixels por grau se estiver sentado à distância recomendada pela SMPTE, com a tela ocupando 40º do seu campo de visão.
Sendo assim, se você for ver Netflix numa TV de 40 polegadas, o ideal é sentar-se a, pelo menos, 1,22 metro de distância para que a tela ocupe 40º da sua visão. Num plano HD, a TV vai exibir 55 pixels por polegada. Ou seja, você não vai enxergar a diferença entre os pixels.
Dessa distância e com uma tela desse tamanho, um filme em HD ou 4K não faz diferença para os seus olhos. Mas se trocar pelo SD, verá 20 pixels por polegada — bem abaixo do limite do que o olho humano consegue distinguir e, por isso, a imagem vai parecer bem ruim.
Levando esses números em consideração, a tabela abaixo pode te mostrar em quais distâncias e com qual tamanho de tela vale a pena usar a Netflix em SD, HD ou 4K, e a partir de que ponto a diferença na qualidade visível.
Nosso olho tem limites
Se você não pretende ver TV tão de perto, nem ter uma tela tão grande, não precisaria investir num plano de tão alta resolução como o 4K. E a culpa nem é da TV ou da Netflix, é do nosso olho mesmo.
Newton Kara José Junior, oftalmologista do Hospital Sírio Libanês e livre docente da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), explica que os nossos olhos são por natureza uma "máquina fotográfica de lentes ruins". Quem faz todo o trabalho de decodificar os estímulos visuais e transformá-los em imagem é o cérebro.
"O sistema de lentes do olho, que é composto pela córnea e pelo cristalino, tem uma série de aberrações e defeitos que fornecem uma imagem bastante distorcida. Quando essa informação visual chega ao cérebro e ele transforma em visão. O cérebro tem um sistema de 'Photoshop' que melhora a imagem", conta, ressaltando que na literatura médica há uma série de simulações ópticas de como seria a visão do olho humano se o cérebro não melhorasse a imagem que é captada pelas nossas lentes.
*Com reportagem de Mirthyani Bezerra
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