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Como cobras com GPS ajudam a monitorar região de desastre em Fukushima

Cobras equipadas com GPS ajudam cientistas a mapear radiação da zona de exclusão de Fukushima - Divulgação/Universidade da Geórgia
Cobras equipadas com GPS ajudam cientistas a mapear radiação da zona de exclusão de Fukushima Imagem: Divulgação/Universidade da Geórgia

Adriano Ferreira

Colaboração para Tilt, em São Paulo

09/10/2021 07h00

Imagine usar cobras aparelhadas com GPS para detectar pontos de radioatividade em um local. Essa é a estratégia que cientistas de Fukushima, no Japão, utilizam para monitorar uma região da cidade atingida pela explosão de uma usina nuclear há quase dez anos.

O estudo das "cobras radioativas" feito pela pesquisadora da Universidade da Geórgia, Hannah Gerke, foi publicado no periódico científico Ichthyology and Herpetology. As nove serpentes do tipo cobra-rato envolvidas na pesquisa foram equipadas com rastreadores GPS e um dosímetro, do tipo contador de movimento de Geiger —aparelho usado para medir o nível de radiação no ar de um ambiente.

Segundo o site The Guardian, a técnica permitiu verificar os níveis de exposição à radioatividade enquanto os répteis se arrastavam pela chamada "Zona de Exclusão de Fukushima", área onde está localizada a usina nuclear. O avanço das pesquisas pode ajudar as autoridades a elaborar um plano para administrar o terreno de 714 quilômetros quadrados.

Por que cobras?

Apesar de parecer uma escolha exótica, o ciclo de vida das cobras é a peça-chave das pesquisas.

"As cobras são importantes em muitos ecossistemas, pois podem ser predadoras e presas", explicou Hannah Gerke.

Isso significa que os animais têm potencial de acumular contaminações de suas caças e ainda de serem fontes de contaminação para outros que se alimentam delas.

Ou seja, se as cobras são expostas a altas quantidades de radioatividade, o restante do ecossistema também será, e isso facilita um mapeamento melhor das áreas que, em geral, estão ecologicamente saudáveis.

O que foi descoberto

Através deste procedimento, os cientistas puderam observar que, dependendo da área, os níveis de radioatividade variam de forma acentuada. Uma das descobertas foi de que os isótopos radioativos (presentes em elementos químicos) que se espalharam após o desastre na usina nuclear não caíram de maneira uniforme pela região.

Essa constatação foi possível porque as cobras que passaram por diferentes ambientes apresentaram níveis alterados de radiação dentro de uma mesma área, o que pode indicar que a "Zona de Exclusão de Fukushima" é um pouco mais complexa do que se presumia.

No entanto, os pesquisadores afirmaram que o monitoramento de cobras e outros animais da selva será útil para determinar até onde chegará a radioatividade no futuro. Consequentemente, um trabalho constante das pesquisas poderá identificar quais regiões se tornarão mais seguras para as pessoas habitarem.