Brasileiro conta que descobriu maior cometa do sistema solar 'por acaso'
O cosmólogo brasileiro Pedro Bernardinelli, de 27 anos, descobriu "por acaso" o maior cometa do sistema solar já identificado, enquanto pesquisava objetos distantes que orbitam o sol para sua tese de doutorado.
Com diâmetro estimado de 150 km, o astro possui cerca de 2,5 vezes o tamanho do detentor do último recorde e é considerado em torno de mil vezes mais maciço do que outros já descobertos.
Para se ter uma ideia, o cometa Hale-Bopp, que pôde ser visto a olho nu em 1997, tinha um diâmetro de 60 km. O Halley, observado em 1986, 10 km.
O cosmólogo é Integrante do projeto Dark Energy Survey (DES), que reúne 400 cientistas de diversos países com o objetivo de estudar a distribuição de galáxias no Universo.
Com o auxílio do cientista Gary Bernstein, seu orientador de doutorado, Bernardinelli encontrou em junho, em meio às milhares de imagens analisadas, o astro de tamanho incomum. Embora já tivesse sido registrado em 2014, somente agora os cientistas puderam, de fato, identificá-lo.
"Nessa brincadeira, a gente achou esse cometa, mas não estávamos procurando. Projetos que buscam cometas têm estratégias muito diferentes das nossas. Foi um negócio meio que por acaso. Ele estava nos nossos dados e calhou nos nossos limites de detecção", explicou o cosmólogo em entrevista à Revista Época.
Detectado um possível cometa gigante cruzando o Sistema Solar (sem perigo para a Terra).
O objeto foi descoberto pelo brasileiro Pedro Bernardinelli e pelo norte-americano Gary Bernstein, ambos da Univ. da Pensilvânia (EUA). Via @elpais_brasil:https://t.co/oDImYEqMEn pic.twitter.com/cfFhrznM8E
-- Astronomia USP Brasil (@AstroUSP) June 24, 2021
O Bernardinelli-Bernstein, batizado com os sobrenomes dos pesquisadores, é também conhecido como C/2014 UN271. Ele é cerca de 31 vezes maior que os geralmente avistados pelos astrônomos e pode demorar milhões de anos para dar um giro completo em torno do sol.
Aproximação com a Terra
Os cientistas disseram que o corpo celeste recém-descoberto está se aproximando da Terra. Mas que não há motivo para preocupação. A proximidade máxima se dará em 2031, a 1,5 bilhão de quilômetros de distância, o que equivale a um pouco além da órbita de Saturno.
Pesquisadores em todo o mundo já estão de olho no astro, para estudar como é o comportamento de um corpo celeste que está distante da estrela central do sistema.
"A gente não sabe qual é o comportamento típico de um cometa longe do Sol. Todo mundo está trabalhando para tirar mais imagens e entender um padrão desse objeto: quanto material ele está sublimando, o que existe na superfície e outras informações, declarou à Época".
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