Medindo a chuva: saiba como funcionam os pluviômetros
Se perguntarmos para alguém como foi a última chuva no local onde essa pessoa mora, é bem provável que ela se limite a falar que foi fraca ou forte. Isso, claro, pode nos ajudar a ter uma percepção, mas pouco serve para fins científicos. É aí que entra um aparelho simples, mas de grande importância: o pluviômetro.
Por meio dele, é possível estimar de maneira mais precisa o volume de chuva em uma região, o que ocorre usando a medida de milímetros. Mas você sabe como ele é capaz de fazer isso?
Partindo do modelo mais simples, o pluviômetro manual é um funil capaz de captar água da chuva. A "boca" desse funil tem cerca de 500 cm² de área e essa parte superior geralmente fica a 1,5 metro do solo.
Quando ocorrem chuvas, esse aparelho capta e armazena a água. A medição nestes casos é feita de 24 em 24 horas. Quando uma pessoa vai até o aparelho, abre uma tampa em sua parte inferior e transfere a água coletada para uma proveta (um tubo cilíndrico) que tem graduação em milímetros. A partir daí, determina-se quantos milímetros de chuva caíram em uma determinada região nas últimas 24 horas.
Já nas versões automatizadas desses aparelhos, mais utilizadas pelos órgãos de monitoramento e alerta de desastres, a chuva cai no copo do pluviômetro, que também é na forma de funil, e escorre para a parte interna do aparelho. Eles são alimentados por eletricidade de forma constante, seja por meio de células fotovoltaicas ou pela rede de energia.
Lá ela cai numa espécie de "gangorra" com dois recipientes, um em cada ponta. Quando enche com água da chuva de um lado, a gangorra desce e esvazia o recipiente que estava cheio, contando um clique. Ao encher o recipiente do outro lado, a gangorra desce para o outro lado e conta outro clique e assim sucessivamente.
O número de cliques vezes o volume de chuva permitido pelo recipiente dá o volume de chuva registrado pelo pluviômetro, naquele intervalo de tempo.
A partir daí, a informação pode ser transferida diretamente para centrais de controle, no caso dos aparelhos automáticos, ou precisa ser coletada presencialmente, plugando dispositivos como notebook no pluviômetro. No caso dos automáticos, isso possibilita um monitoramento em tempo real.
O que significam os milímetros de chuva?
Você já deve ter ouvido meteorologistas falarem que em determinado período choveu "x" milímetros, certo? Cada milímetro de chuva corresponde a um litro por metro quadrado, ou seja, aquela quantidade de água, se despejada sobre uma superfície plana de um metro quadrado, formaria uma lâmina de água de um milímetro de altura.
As medições são confiáveis?
Sim, especialmente nos modelos automáticos e que, portanto, não dependem da variável humana. É importante salientar que o local onde o pluviômetro é instalado também conta, sendo que ele deve ser colocado em uma área aberta, de maneira que a presença de árvores ou construções não causem interferências nas gotas de chuva captadas pelo aparelho.
Qual é a importância desses aparelhos?
A informação obtida com os pluviômetros é muito importante nos estudos de planejamento e controle de utilização de recursos hídricos, tais como abastecimento de água urbano, geração de energia hidrelétrica e irrigação. Ao cruzar os dados fornecidos pelo aparelho com outras informações, como os indicadores de capacidade nos reservatórios, é possível criar planos de médio e longo prazo.
Eles também são úteis para evitar ou diminuir a consequência de desastres. Quando instalados próximos a rios, por exemplo, é possível ter ideia do potencial de uma chuva de causar alagamentos e, com isso, tomar medidas preventivas.
O mesmo vale para áreas com risco de deslizamento. Levando-se em conta o tipo de relevo e de solo, é possível estipular quantos milímetros de chuva são necessários para se determinar que uma região está sob risco de desastres e, com isso, alertar a população local de antemão.
Fontes:
Leandro Torres Di Gregorio, engenheiro civil e professor do Departamento de Construção Civil da Politécnica/UFRJ
Helio Narchi - professor de Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)
Jacques Demajorovic professor do Programa de Pós-Graduação em Administração do Centro Universitário FEI
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