Quase pronto para lançamento: telescópio James Webb chega à América do Sul
Previsto para ser lançado em 18 de dezembro, o telescópio James Webb chegou na terça-feira (12), em Kourou, na Guiana Francesa, lugar de onde será enviado ao espaço. O transporte do que é considerado o maior e mais complexo observatório das ciências espaciais demorou 16 dias entre Califórnia e a América do Sul. Foram 9,3 mil km entre o Pacífico e Atlântico.
O lugar de lançamento ocorrerá a uma distância de 250 km do Brasil. O percurso até a base espacial — aberta a visitações — é de pouco mais de três horas saindo de Oiapoque, no Amapá.
A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, coordenadora do projeto, informou que o telescópio será preparado ao longo de dois meses na Guiana Francesa antes de ser enviado através do foguete Ariane 5, lançador usado pela Agência Espacial Europeia para colocar satélites artificiais em órbita no espaço.
Ao ser colocado para funcionar no espaço, o Webb tem previsão de revelar "percepções sobre todas as fases da história cósmica — desde logo após o big bang — e ajudará na busca por sinais de habitabilidade potencial entre os milhares de exoplanetas que os cientistas descobriram nos últimos anos", informou a Nasa, em comunicado.
"O Telescópio Espacial James Webb é uma conquista colossal, construído para transformar nossa visão do universo e fornecer ciência incrível. Vai olhar para 13 bilhões de anos antes, para a luz criada logo após o big bang, com o poder de mostrar à humanidade os confins do espaço que já vimos. Agora estamos muito perto de desvendar mistérios do cosmos", comentou o coordenador do projeto Bill Nelson, da Nasa.
A viagem até a América do Sul
O James Webb chegou desmontado na Guiana Francesa. Depois de concluir os testes, os componentes do observatório foram guardados em um contêiner customizado e ambientalmente controlado.
Para transportar o Webb à base de lançamento, a equipe fez um minucioso levantamento do percurso que o telescópio passaria, com a altura dos semáforos e buracos nas ruas por onde o contêiner percorreria e até eventuais oscilações do clima durante a viagem oceânica.
Segundo a Nasa, era possível levar o telescópio por avião, mas optaram pelo mar porque existem sete pontes entre o aeroporto de Caiena — capital da Guiana Francesa — e a base espacial europeia, o que colocaria em risco a operação.
Até a América do Sul, o navio percorreu velocidade de 27 km por hora, permitindo que o contêiner balançasse de maneira suave, sem qualquer dano ao telescópio.
Para manter o contêiner sem impurezas que comprometessem a qualidade do telescópio, os cientistas ainda desenvolveram no navio um sofisticado sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado que monitorava e controlava a umidade e a temperatura dentro do contêiner.
Além disso, vários reboques carregados com dezenas de garrafas pressurizadas, forneciam um suprimento contínuo de ar puro, manufaturado e seco para o interior do contêiner.
O James Webb
Projetado na década de 1990, o telescópio foi inicialmente programado para ser lançado na década de 2000, mas uma série de problemas de desenvolvimento levou a vários adiamentos e a um grande aumento em seu custo, por volta de 10 bilhões de dólares.
O telescópio será colocado em órbita ao redor do sol, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra. Outro telescópio espacial, o Hubble, lançado em 1990 e ainda em operação, gira em torno de nosso planeta a 600 km de distância.
O programa de observação para o primeiro ano de atividade do telescópio já foi estabelecido. Cientistas de 44 países enviaram mais de mil projetos no total, dos quais pouco menos de 300 foram selecionados por um comitê especializado.
Entre eles está a observação de exoplanetas, isto é, planetas que estão fora do sistema solar. Com James Webb, será possível analisar a composição de suas atmosferas, em busca de água ou CO2, por exemplo.
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