Antiacasalamento: postes com luz de LED diminuem presença de insetos
Se para os humanos os postes com luz de LED ajudam na iluminação pública à noite, a tecnologia acabou virando um pesadelo para os insetos. É o que aponta um estudo publicado por cientistas do Reino Unido, que analisou o impacto da luminosidade artificial no comportamento de mariposas.
De acordo com a pesquisa, realizada pelo UK Centre for Ecology & Hydrology (Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido), os postes de luz públicos, principalmente aqueles com lâmpadas com diodos emissores de luz branca (o LED), podem impactar os hábitos de alimentação e reprodução desses insetos, causando drásticas quedas em suas populações.
Para a análise, os cientistas selecionaram locais de beira de estrada que servem como habitat para uma espécie de mariposa noturna (Habrosyne pyritoides, conhecida como Buff Arches). A equipe escolheu essa espécie porque suas lagartas permanecem a poucos metros de onde nasceram até atingir a fase adulta e desenvolver a capacidade de voar.
"Ao focar em um estágio de vida relativamente sedentário, nossos resultados fornecem fortes evidências de que a iluminação pública afeta negativamente a abundância local de populações de insetos selvagens", diz o estudo.
Os pesquisadores compararam 26 locais de estrada em que os postes de luz iluminavam sebes e bordas de grama em que se encontravam as lagartas contra 26 lugares quase idênticos, mas que não recebiam a luz artificial.
Os resultados, publicados na revista científica Science Advances, mostram que a população de insetos chegou a ser 47% menor do que em áreas que não recebiam a luz durante a noite. Em locais com gramíneas à beira de estradas, a diferença das populações foi de 37%.
Segundo Douglas Boyes, um dos líderes do estudo, o declínio populacional era esperado, mas a porcentagem aferida causou surpresa. A previsão era uma diminuição de até 10%.
"Fomos realmente surpreendidos", declarou o pesquisador, à agência de notícias AFP.
Além disso, os estudos mostraram que as lagartas dos locais não iluminados artificialmente eram mais pesadas em comparação às que viviam nos espaços com luz de LED. Isso indica que a tecnologia dificulta a caça de alimentos pelos insetos.
A situação foi observada com mais intensidade em áreas iluminadas por luzes de LED na comparação com lâmpadas de sódio de alta pressão (HPS) ou com lâmpadas mais antigas, de sódio de baixa pressão (LPS). Ambas produzem um brilho amarelo alaranjado que é menos parecido com a luz do sol.
Segundo Boyes, a equipe interpretou esse dado como consequência das lagartas não saberem como responder a uma situação desconhecida (luz artificial noturna) que diferem das condições para as quais elas evoluíram e se adaptaram.
Com uma iluminação próxima à luz solar também durante a noite, as lagartas passaram a se alimentar mais para apressar seu desenvolvimento.
Impacto ambiental
Apesar de impactar o comportamento dos insetos, o estudo indica que a iluminação artificial das ruas é apenas um "pequeno contribuinte" para o declínio do número de suas populações. A poluição luminosa se junta a outros fatores importantes que causam a destruição desses habitats, como a urbanização, agricultura intensiva e mudanças climáticas.
Mesmo assim, segundo os pesquisadores, as reduções localizadas desses insetos podem gerar um efeito cascata nos ecossistemas em que essas populações estão inseridas. Com menos insetos, também há menos alimento para outros animais selvagens, como aves e morcegos, que contam com lagartas em suas dietas.
Contudo, o dano não é permanente. Segundo Boyes "existem soluções bastante acessíveis" para contornar o impacto da iluminação artificial. Por exemplo, aplicar filtros para mudar a cor das lâmpadas, deixando-as menos parecidas com a luz solar, ou adicionar placas que direcionem a luz apenas para as estradas, e não nos habitats dos insetos..
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