Huawei não participa de leilão 5G no Brasil; entenda o que rolou
Líder mundial em patentes do 5G, a chinesa Huawei não participou do leilão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para exploração do serviço no Brasil. O motivo é simples: o leilão é destinado a operadoras de telefonia, e a Huawei é fornecedora de equipamentos de infraestrutura para empresas. Por não ser uma operadora, não apresentou propostas, e por isso não se credenciou para o leilão.
A não participação da gigante de infraestrutura de telecomunicações chinesa chegou a chamar atenção de internautas que notaram a ausência durante o certame que iniciou na manhã desta quinta-feira (4).
Nesse leilão, entraram apenas operadoras de telefonia, como Claro, Vivo e Tim. A gigante chinesa só poderia participar se mudasse sua área de atuação no mercado, como algumas concorrentes regionais fizeram.
Ainda dentro do 5G, a Huawei pode, no entanto, vender equipamentos para as operadoras que arrematarem lotes da tecnologia. Houve rumores de que o edital do leilão pudesse proibir a participação de operadoras que tivessem contratos com companhias chinesas, mas isso não ocorreu.
O que rolou com a Huawei?
A "treta" entre a empresa chinesa e o 5G é resultado de uma disputa de mercado entre a fornecedora de tecnologia e provedores dos Estados Unidos, algo que iniciou ainda durante o governo Donald Trump.
A Huawei sofreu uma série de acusações de espionagem, o que nunca foi provado e acentuado em razão de uma "guerra ideológica" contra o governo chinês. Isso se intensificou a partir de 2019, quando o governo Trump aplicou sanções à empresa.
Isso refletiu em outros países. Sob pressão Washington, por exemplo, Reino Unido e Austrália decidiram excluir a Huawei de seu mercado de rede 5G.
A relação conturbada entre a diplomacia norte-americana e a Huawei chegou a ser endossada pelo presidente Jair Bolsonaro, que também se alinhou a Trump e fez críticas à empresa.
As próprias empresas de telecomunicações do Brasil insistiram em um mercado livre, reclamando que excluir a Huawei custaria bilhões de dólares para substituir o equipamento da empresa chinesa que fornece 50% das atuais redes 3G e 4G.
Com as regras do leilão do 5G no Brasil desenhadas, o governo contornou a situação: inventou a exigência de uma rede 5G privativa, separada da internet móvel "normal" que a população vai usar, só para as comunicações do governo federal.
A mudança de rumo seria um efeito tanto da troca de presidência nos EUA —saiu Donald Trump, entrou Joe Biden— quanto da nova necessidade do Brasil em melhorar a diplomacia com a China para obter mais insumos para as vacinas contra a covid-19.
As operadoras Claro, Vivo e Tim arremataram, cada uma, um lote da faixa nacional de 3,5 GHz, a mais concorrida do 5G no Brasil. Com ofertas de R$ 338 milhões, R$ 420 milhões e R$ 351 milhões, respectivamente.
*Com informações de Guilherme Tagiaroli e das agências Reuters e Estadão Conteúdo.
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