NYT: Telegram vira refúgio da extrema direita após chamado de Bolsonaro
O aplicativo de mensagens Telegram se tornou o refúgio de pessoas de extrema direita no Brasil, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (10) pelo jornal norte-americano New York Times. A publicação diz que a migração para a plataforma se deu após pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Inscreva-se no meu canal oficial no Telegram", teria solicitado o presidente brasileiro pouco depois de o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ter sido banido do Twitter, no início deste ano.
Segundo levantamento do NYT, desde o apelo de Bolsonaro, o canal oficial do presidente ultrapassou um milhão de seguidores, o que o deixa entre os políticos mais seguidos no mundo.
Após o apelo, o Telegram também acumulou dezenas de milhões de novos usuários do Brasil. A popularidade do aplicativo estaria sendo alimentada por políticos e comentaristas conservadores, que compartilham "conteúdo problemático, incluindo desinformação", diz o jornal.
O jornal norte-americano diz que autoridades e especialistas do governo brasileiro "temem que o aplicativo possa se tornar um poderoso vetor de mentiras e vitríolos antes das eleições presidenciais do próximo ano".
"Bolsonaro, com suas perspectivas de reeleição ameaçadas por sua popularidade decrescente, seguiu o manual de Trump e começou a semear dúvidas sobre a integridade do sistema de votação do Brasil, levantando a possibilidade de um resultado contestado. Sua alegação infundada de que as urnas eletrônicas serão manipuladas enervou a oposição e os principais juízes do país", afirma o New York Times.
Recentemente, o MPF (Ministério Público Federal) abriu um inquérito para averiguar como as redes sociais têm combatido a disseminação de notícias falsas. Telegram, TikTok, Facebook, WhatsApp e Instagram estão entre as plataformas alvo da investigação.
Migração para o Telegram
O WhatsApp continua sendo a plataforma de mensagens dominante no Brasil, com milhões de usuários trocando mensagens diariamente no Brasil. Contudo, o Telegram avança rapidamente, tendo sido instalado em 53% dos dispositivos de todos os smartphones do país em agosto - 2 anos antes, esse percentual era de 15%, segundo dados informados pelo jornal.
Um dos diferenciais que facilitariam a desinformação no Telegram, segundo o NYT, é a possibilidade de incluir até 200 mil usuários em grupos - enquanto no WhatsApp esse número foi limitado a 256. O app da Meta (companhia controladora do Facebook, WhatsApp e Instagram) também restringiu a capacidade de encaminhar mensagens após as críticas de que teria sido utilizado para espalhar desinformação durante a campanha eleitoral de 2018 no Brasil.
A "capacidade do Telegram de reproduzir o conteúdo em massa" é um dos motivos de conteúdo político ter migrado para o aplicativo, diz o jornal. Além disso, as diretrizes do Telegram sobre abuso e desinformação "são vagas e o serviço adota uma abordagem direta para o conteúdo em bate-papos individuais e em grupo", diz o NYT.
Estas características tornam o Telegram um espaço seguro para políticos banidos de outras plataformas. O jornal cita como exemplo Allan dos Santos, que teve sua conta suspensa no Twitter pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A publicação diz que o influenciador e apoiador do presidente Jair Bolsonaro continua com inúmeros seguidores em um grupo de Telegram, o que teria possibilitado arrecadar fundos para se defender juridicamente das acusações.
O jornal norte-americano entrou em contato com o Telegram, mas não obteve retorno.
Tilt entrou em contato com o aplicativo para pedir um posicionamento - a solicitação é feita por meio de uma página no próprio Telegram e até o momento não foi respondida.
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