Hackers 'estocam' dados para usá-los no futuro com PC quântico; entenda
Os chamados computadores quânticos, bastante diferentes daqueles que usamos hoje, podem ajudar a revolucionar várias áreas da tecnologia, ciência e medicina. Mas a medida que as pesquisas para desenvolvê-los avançam, cibercriminosos também já estão de olho na inovação.
Dados confidenciais com camadas de segurança (como criptografia, que embaralha as informações) roubados neste momento por hackers poderão ser decifrados daqui a alguns anos com a ajuda os computadores quânticos.
Segundo informações da revista Technology Review, do MIT, o Instituto de Tecnologia do Massachusetts, especialistas temem que essa tecnologia se torne a próxima ameaça que governos e empresas do mundo todo terão que enfrentar.
De que forma eles conseguiriam decifrar dados?
Os computadores quânticos não processam as informações em código binário, como os computadores atuais, que leem bits na forma dos números zero (0) e um (1). Os bits quânticos podem representar valores diferentes ao mesmo tempo.
Simplificando: eles são muito mais complexos, o que os torna muito mais rápidos e capazes de resolver problemas praticamente indecifráveis para a computação atual.
Dessa forma, a estratégia de alguns hackers é atacar e roubar informações criptografadas hoje mesmo que não consigam decifrá-las com as máquinas que temos atualmente. Quando a computação quântica for comum, eles tentarão quebrar algoritmos, decifrar os dados confidenciais e vendê-los.
Ameaça é real, mas ainda pode demorar
A popularidade dos computadores quânticos não será do dia para a noite. Na verdade, hoje eles ainda são caros e cheios de problemas por ainda estarem em processo de desenvolvimento. Muitas pesquisas ainda estão sendo feitas para torná-los mais eficientes.
É possível que leve até mais de uma década para que os computadores quânticos se tornem realidade, mas tanto China quanto os próprios EUA estão investindo alto no seu desenvolvimento, bem como na proteção contra ataques quânticos.
Esse futuro pode demorar, mas quanto mais preparados a gente estiver no presente, melhor.
De acordo com a Technology Review, autoridades dos Estados Unidos já se deram conta de que hackers estão coletando informações numa estratégia que pode ser resumida na expressão "colher agora e decifrar depois". Por isso, o governo norte-americano está tentando desenvolver novos algoritmos de criptografia que sejam resistentes até mesmo a computadores quânticos.
Um dos órgãos governamentais que está fazendo isso, de acordo com a publicação, é o Departamento de Segurança Nacional dos EUA. Em março, ele anunciou que deu início a uma transição para a "criptografia pós-quântica", recomendando que outras instituições façam o mesmo.
Em seu site oficial, foi publicada uma espécie de guia para que organizações sigam o mesmo caminho do governo americano, começando por catalogar quais são os dados mais sensíveis a serem protegidos.
Ainda nos EUA, por meio do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST, na sigla em inglês), foi criado um concurso em 2016 para a criação dos primeiros algoritmos "à prova de computadores quânticos". A ideia é que eles estejam prontos em 2024.
Isso quer dizer que chegariam antes mesmo da conclusão dos computadores quânticos funcionais. Mas faz parte do plano, já que fazer uma transição de criptografia é algo complexo e que também deve levar anos. A ideia é não ter que esperar até que seja tarde demais.
Algumas empresas já passaram a trabalhar na criação desses algoritmos, mas o Departamento de Segurança Nacional não recomenda que ninguém os compre antes de haver "soluções fortes e padronizadas", uma vez que ainda não há um consenso sobre como esses sistemas devem funcionar.
Ainda assim, especialistas alertam para o fato de que a demora no desenvolvimento de computadores quânticos pode fazer com que empresas baixem a guarda e comprem os primeiros algoritmos "à prova quântica" que surgirem, topando o risco e esquecendo o problema — até que os computadores quânticos mostrem que esses algoritmos não eram tão eficientes assim.
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