Economia de energia: vale trocar o aspirador de pó comum pelo robô?
A alta na conta de luz forçou muita gente no Brasil a mudar os hábitos cotidianos, desde os banhos menos demorados ao uso mais estratégico de tomadas ocupadas por carregadores de aparelhos eletrônicos. A rotina de limpeza da casa também foi afetada. No lugar do uso frequente dos aspiradores de pó, a boa e velha vassoura.
Mas para quem não consegue abrir mão dos aspiradores de pó, será que existe um jeito de fazer o equipamento gastar menos energia? Tilt conversou com especialistas para tirar essas e outras dúvidas.
Vale substituir o aspirador comum pelo robô?
Para o especialista de eficiência energética da distribuidora Enel-SP, Maurício Gusmão, a substituição de um modelo pelo outro precisa ser avaliada sob vários aspectos.
Se for trocar apenas pensando em reduzir energia elétrica, é necessário observar quantas vezes a pessoa passa aspirador por semana e em qual faixa de consumo a residência se encontra, pois há diferentes alíquotas de impostos para diversas faixas de consumo, explica Gusmão.
Para ajudar a visualizar a situação, tomamos como exemplo uma residência de dois quartos que consome acima de 200 KWh por mês. Lá são feitas quatro limpezas nesse período.
Aspirador tradicional
Um modelo de 1.200W leva 45 minutos para efetuar a limpeza completa. Nesse processo, ele consome 0,9 KWh — o cálculo feito foi pegar a quantidade de energia consumida (1,2 W) e multiplicar pelo tempo levado (45/60 minutos).
Aspirador robô
Com um aparelho de 17W, o tempo dobra e o serviço é finalizado em 1h30. Com isso, ele gastou 0,0255 KWh (0,017 * 1,5).
Cálculo mensal
No mês, enquanto o aspirador tradicional consumiu um total de 3,6 KWh, o gasto do robô ficou em 0,10 KWh.
Ao final do cálculo, ainda é preciso levar em consideração a tarifa cobrada pela distribuidora, que é de aproximadamente R$ 1,00/KWh (incluindo impostos e bandeira tarifária) nas localidades cobertas pela distribuição da Enel-SP.
Para os consumidores que se encaixam nesse perfil e optarem pela compra de um aspirador robô, a economia não deve exceder os R$ 3,50 por mês. Além disso, o valor do investimento deve ser incluído na conta.
Em média, esses aparelhos custam a partir de R$ 400, portanto, o consumidor não levará menos de 9 anos para pagá-lo adquirindo um modelo de entrada, explica o especialista.
Vale a pena dar uma olhada
No site da Enel, o consumidor pode fazer uma simulação do tempo de uso de eletrodomésticos nas casas dos brasileiros e a média de tempo de uso desses aparelhos para obter o gasto aproximado na própria residência.
Já o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), disponibilizou uma Calculadora da Conta de Luz. A ferramenta ajuda a simular diferentes tipos de gastos, impostos e bandeiras tarifárias.
A ONG também lançou em 2019 o É da Sua Conta, que ajuda o consumidor a entender cada item descrita na fatura, além de explicar como funciona o sistema de energia no Brasil
Tenho dois tipos, qual é mais recomendado?
Se a compra de um robô aspirador para substituir o tradicional não é o melhor caminho para todo mundo, há também os consumidores que já possuem os dois modelos em sua residência.
O caso é o do professor Leandro Manera, doutor em engenharia elétrica da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que sugere o uso do robô mais como alternativa em períodos mais críticos, uma "mãozinha" para ajudar na limpeza da casa, já que o dispositivo não vai conseguir limpar todos os cantos (superfície com desníveis, escadas e ambientes menos livres e amplos, sem tantos móveis) e fazer o serviço de um aspirador manual.
O pesquisador aproveita e chama a atenção para a necessidade de cada pessoa, bem como refletir sobre o consumo consciente desses aparelhos em relação ao volume de descarte de baterias.
Especificações técnicas e eficiência
Quem nunca comprou um aspirador de pó olhando apenas a potência do aparelho? A infinidade de opções faz o consumidor muitas vezes buscar alternativas, uma delas é recorrer às fichas técnicas dos produtos.
Maior potência e produto mais caro quase sempre são sinônimos de qualidade e durabilidade. Entretanto, apesar de ser uma analogia atraente para sugerir uma boa escolha, Dino Lameira, especialista da Proteste, ressalta que é preciso cuidado com essa crença na hora de pensar na economia de energia e custo-benefício.
Isso porque quanto menor a potência, menos o consumidor sentirá no bolso na conta de luz se apenas esse fator fosse considerado.
Segundo o especialista, o consumidor precisa levar o que está de acordo com as necessidades dele, do ambiente em que vive. Atentar-se para um só aspecto, por exemplo, a economia de energia, e desprezar outros pontos particulares pode levá-lo a fazer uma má escolha.
Não adianta comprar um aspirador de pó que consome menos energia elétrica se ele não cumpre com o principal papel dele [que é limpar]", acrescenta Lameira.
Como apostar em uma escolha eficiente?
A resposta passa por um mapeamento das necessidades de cada consumidor. Atenção ao tipo de uso do produto, superfície no qual será usado (piso frio, carpetes, tapetes), tipos de resíduos que serão aspirados, característica do ambiente, além de uma boa pesquisa por reviews sobre os produtos na internet vão ajudar bastante na hora da compra.
E para quem não está pensando em adquirir um novo aspirador de pó, o especialista aconselha o uso apropriado do aparelho e manutenções de limpeza periódicas no ambiente, que podem ser uma boa saída para poupar energia elétrica.
Vale avaliar também se formas mais econômicas e ecológicas, como o uso de uma simples vassoura, não dariam conta do recado.
Como fazer descartes conscientes?
Se por um lado os robôs aspiradores são práticos ao limpar o chão de forma quase independente, por outro, as baterias que fazem todo o serviço não duram para sempre. E como destinar corretamente esses resíduos depois que esses componentes chegam ao fim da vida útil?
Para saber como anda o compromisso com a responsabilidade ambiental das marcas, o Tilt entrou em contato com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) das empresas Multilaser, Mondial, Britânia, Philco e Wap, fabricantes de aspiradores robôs que se destacaram no ranking dos mais vendidos de 2021 pelo site Zoom.
Apesar de todas as marcas citadas divulgarem programas destinados à logística reversa (coleta e reciclagem), os atendimentos da Britânia e Wap foram desencontrados.
A primeira informou que não tem qualquer ação nesse sentido, e a segunda disse que o cliente deveria entrar em contato com SAC para solicitar um código de postagem para que a empresa pudesse fazer o descarte correto das baterias.
De acordo com o site da ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos), as marcas Britânia, Philco e Wap são associadas, portanto, os eletrônicos dessas fabricantes podem (e devem) ser descartados em um dos 1.364 pontos de recebimento espalhados pelo país.
A Mondial, que também é uma das associadas da ABREE, informou via assessoria de imprensa que seus consumidores podem obter informações referentes ao descarte ecologicamente correto diretamente pelo SAC, treinado para direcionar ao canal adequado.
Já a Multilaser, que mantém uma página dedicada à responsabilidade ambiental no próprio site, disponibiliza instruções para reciclagem de baterias, aparelhos celulares e acessórios (carregadores, fios e fones de ouvido, entre outros), além de disponibilizar os endereços de postos de coleta mais próximo no fim da página.
Nós comparamos
Na segunda edição do Tilt Lab Day, testamos quatro aspiradores robôs: um da Wap, um da Samsung, um da iRobot e um da Multilaser. Eles tinham diferentes preços e funcionalidades, mas o modelo da Samsung venceu como o melhor. O da iRobot levou na categoria melhor custo-benefício.
Confira como cada aparelho se saiu em cada quesito e tire suas dúvidas na live abaixo:
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