IBM diz ter atingido 'supremacia quântica' com novo processador; entenda
Depois da China e do Google, a IBM é a mais nova empresa de tecnologia a anunciar que atingiu a chamada "supremacia quântica". Isto significa que seu novo processador quântico é capaz de resolver problemas que o supercomputador mais avançado do momento hoje não conseguiria.
Para se ter uma ideia da potência do novo processador da IBM, as máquinas quânticas de última geração a alcançar essa "supremacia" até hoje lidavam, no máximo, com 60 qubits (ou bits quânticos). Já o novo processador da IBM, chamado de "Eagle", mais que duplica esse número, atingindo 127 qubits.
Esse desempenho coloca o Eagle como o computador quântico mais poderoso já demonstrado. Mas, por enquanto, a IBM ainda não compartilhou os resultados dos estudos feitos com a máquina para que a comunidade científica possa avaliar e confirmar o feito.
"O aumento da contagem de qubit permitirá que os usuários explorem problemas em um novo nível de complexidade ao realizar experimentos e executar aplicativos, como a otimização do aprendizado de máquina ou a modelagem de novas moléculas e materiais para uso em áreas que vão desde a indústria de energia até o processo de descoberta de medicamentos", diz a IBM, em nota.
O que é um computador quântico?
A computação quântica é baseada no conceito de "qubit" ("quantum bit") em vez do clássico "bit", que é a unidade básica do sistema binário em que se baseiam os computadores atuais.
Segundo a física quântica, ao contrário de um bit clássico, que pode valer "zero" ou "um" para um computador, "verdadeiro" ou "falso", um qubit pode assumir o estado zero e um ao mesmo tempo. Por isso, ele é capaz de realizar cálculos muito mais rapidamente e, consequentemente, processar um volume de dados grande demais para um PC normal.
"Com o Eagle, estamos demonstrando que podemos dimensionar, que podemos começar a gerar qubits suficientes para entrar em um caminho para ter capacidade de computação suficiente para resolver os problemas mais interessantes. É um trampolim para máquinas maiores", afirmou Bob Sutor, chefe do departamento de pesquisa em computação quântica na IBM, durante o anúncio da novidade.
Em entrevista ao Axios, Arvind Krishna, presidente executivo da IBM, afirmou ser impossível simular a capacidade do Eagle, "o que significa que ele é mais poderoso do que qualquer outra coisa". Segundo ele, "seria necessário um computador normal maior que esse planeta para que isso fosse possível".
Futuro da computação
A computação quântica é o futuro dos computadores como conhecemos hoje. Mas calma, mesmo com o Eagle ainda estamos longe disso. Isso porque os computadores quânticos modernos ainda estão apenas sendo testados e resolvem problemas que não tem nenhum impacto para a sociedade.
É possível que leve até mais de uma década para que os computadores quânticos se tornem realidade, mas tanto China quanto os próprios EUA estão investindo alto no seu desenvolvimento, bem como na proteção contra ataques quânticos.
O objetivo atual é apenas verificar até onde podemos chegar com essa tecnologia. Em teoria, os computadores quânticos serão capazes de, no futuro, resolver problemas que precisariam de meses ou até mesmo anos para serem processados com a tecnologia que conhecemos atualmente.
Por isso o feito da IBM é importante, já que o Eagle se torna o primeiro ao ultrapassar a barreira dos 100 qubit. O grande desafio para se chegar a essa marca foi reduzir a quantidade e o tamanho dos componentes necessários para o controle da temperatura e de toda a energia que uma máquina dessas precisa.
"As novas técnicas alavancadas no Eagle colocam a fiação de controle em vários níveis físicos dentro do processador, enquanto mantêm os qubits em uma única camada, o que permite um aumento significativo nos qubits", disse a empresa, em comunicado.
Para se ter uma ideia da dificuldade que é trabalhar com esses componentes, até o ano passado era necessário um laboratório a -273 graus Celsius (-460 Fahrenheit) para que um computador quântico pudesse atuar.
A IBM disse que espera demonstrar um processador de 400 qubit no ano que vem e quebrar a barreira dos 1.000 qubit até 2023 com um chip chamado Condor.
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