Por que a Lua fica horrível em fotos de celular? Veja dicas pra evitar isso
Registrou a Lua brilhante em uma noite perfeita, mas ela virou uma bolinha borrada e sem graça? Via a imagem dela gigantesca no céu, mas, quando pegou o registro no celular, ela havia perdido todos os detalhes e até ficou sem suas tão conhecidas crateras? Há muitas razões que explicam esses fenômenos.
Uma delas é nossa obsessão com selfies.
Especialistas ouvidos por Tilt afirmam que, atualmente, a maioria dos celulares e câmeras não profissionais têm lentes próprias para cenas grandes e cheias de elementos —o que não é o caso da Lua no céu.
Chamado de grande-angular, esse sistema de lentes tem um ângulo de visão maior do que o do olho humano, portanto suas fotos capturam uma área maior do que a que conseguimos ver.
As fabricantes de câmeras começaram a preferir as grande-angulares devido à demanda dos usuários amadores. Os usos mais comuns favorecem fotos com ângulo grande. Basta pensar em situações como o palco de um show, uma praia ou uma selfie com metade do corpo. Os consumidores têm dificuldade de abranger tudo na foto.
As novas lentes facilitaram o registro para muitos entusiastas da fotografia, não sendo mais necessário tirar foto no espelho para fazer uma boa selfie. Porém, o recurso não vem de graça.
Para incluir um campo de visão maior, as objetivas grande-angulares fazem com que as imagens dos objetos fiquem menores. Por isso que, por exemplo, tirar selfie pode deixar a gente com um nariz de batata.
Isso explica a Lua pequena e borrada?
Não totalmente. Há, pelo menos, outros dois fatores que contribuem para a frustração na hora de ver como ficaram as fotos.
O primeiro é a chamada superexposição. Câmeras utilizam um medidor de luz no modo automático para tentar encontrar o melhor equilíbrio para o quadro.
O recurso é eficiente, mas não inteligente: ele não identifica os objetos fotografados e faz uma média do que está capturando.
Fotos noturnas da Lua geralmente têm muito mais céu escuro em seu enquadramento.
A avaliação desse sistema indica que "falta luz", já que a cena é essencialmente escura e, como resultado, a câmera tenta clarear tudo. Só que a Lua já é clara, porque está recebendo luz do Sol. O resultado: ela fica branca demais e perde a textura.
Outra questão é a distância, já que a Lua está muito longe da Terra —em média, 384 mil km.
Como ela está tão longe, qualquer movimento mínimo dela ou da Terra afetam a foto. E devemos lembrar que ela orbita a Terra a mais de 3.500 km/h. Ou seja, a Lua pode se mover enquanto você tira a sua foto. É por isso que telescópios usam motores que os movimentam lentamente com o tempo, acompanhando o objeto observado.
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Quero receberPensando assim, fotografar a Lua é simples. Já para clicar uma constelação, é preciso parar a câmera por horas.
Outro aspecto importante é que a distância entre a Terra e a Lua é variável, devido principalmente à trajetória elíptica do satélite. A chamada Superlua ocorre justamente quando ela está mais próxima do nosso planeta.
Veja dicas para tirar essa sonhada foto:
Optar pelo modo manual e aumentar o valor ISO. Cuidado: valores muito alto deixam a imagem granulada, o que é chamado de ruído.
Diminuir a velocidade do obturador para deixá-lo aberto por mais tempo. Cuidado: velocidades muito baixas são mais afetadas pela movimentação da câmera, da Terra e da Lua.
Incluir outros elementos na foto, como prédios, árvores ou estátuas, pode orientar os olhos e destacar a proporção da Lua. Eles vão servir de referência para mostrar a grandeza do satélite.
Usar um tripé para evitar que a imagem saia tremida.
Equipamento certo. o essencial é que tenha um sistema óptico de qualidade e a possibilidade de controlar a exposição.
Para quem quiser investir, a sugestão são câmeras 35 mm semiprofissionais e profissionais. Elas têm sistema de foco mais preciso e controle de exposição mais flexível e rápido de configurar. E o principal: um sensor eletrônico muito maior do que câmeras compactas e smartphones, permitindo trabalhar com índices de ruído muito menores.
Fontes: professores de fotografia Luli Radfahrer, Paulo Baptista e Paulo Cesar Pereira.
*Com matéria publicada em 28/11/2021
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