'Estamos procurando alienígenas do jeito errado', diz astrônomo
Há muito tempo os humanos estão dedicados a explorar o espaço e descobrir a possível existência de formas de vida alienígena. No entanto, muitos especialistas apontam que esta busca tem sido feita da forma errada.
O astrônomo americano Seth Shostak, que trabalha para o SETI, instituto voltado às pesquisas e estudos, em tempo real, sobre seres vivos além da Terra, afirmou em entrevista ao Daily Star que o maior equívoco dos humanos é a sua insistência em procurar por planetas onde eles possam habitar.
Ele diz que os cientistas perdem tempo em tentar identificar locais no espaço capazes de hospedar vida humana, porque seus esforços se baseiam em um ponto de vista "centrado no homem", sem levar em conta que outros planetas com condições muito distintas da Terra podem acomodar vida alienígena.
Se os alienígenas são inteligentes o suficiente para procurar a Terra, eles provavelmente terão ido além da inteligência biológica e, na verdade, além da própria biologia.
Neste sentido, ele também defende que os alienígenas estarão muito avançados em relação à tecnologia e outros meios de comunicação.
Se extraterrestres vierem para a Terra, acredito que não seriam detectados por captação de um sinal de rádio alienígena ou por um laser piscando no céu. Eles provavelmente estarão a anos-luz de distância de nós. Mesmo assim, sua aparência e intenções não serão de grande preocupação. A menos que pousem sua espaçonave em nosso território.
Em uma entrevista para o Daily Star, o Dr. Steve Chien, chefe da IA do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, afirmou que a inteligência artificial, bastante usada em missões na Terra e em Marte, se tornou parte integrante das missões da agência americana no espaço.
Dr. Chien diz que o potencial da IA para estes projetos está associado à análise rápida de grandes quantidades de dados e identificação de "eventos fora do comum" em outros planetas.
"As informações geradas pela Nasa são usadas por essa tecnologia para tentar extrair assinaturas sutis e procurar fenômenos inéditos ou detalhes desconhecidos".
A IA pode filtrar automaticamente elementos como imagens de satélite e restringir as partes mais interessantes desses eventos cósmicos, de supernovas a meteoritos. Todos esses dados são transmitidos aos humanos para análise posterior, mas, frequentemente, é a IA que vai detectar essas anomalias primeiro.
IA x Humanos
Dr. Chien também acredita que, devido a sua grande importância na exploração espacial, a IA provavelmente descobrirá a vida alienígena antes dos humanos. E ressalta que, felizmente, as máquinas não serão capazes de deixar os astronautas obsoletos tão cedo.
"Será que IA estaria com vantagem em relação aos humanos nessa corrida? Eu diria quase com certeza que sim, mas consideraria isso como uma descoberta conjunta", diz.
Mas, supondo que uma IA descobrisse sinais de vida extraterrestre primeiro, seria necessária uma análise feita pelos cientistas para confirmar sua existência em um processo que, segundo o Dr. Chien, é chamado de "amplificação da inteligência".
A pré-seleção de dados acontece com inteligência artificial. Se tivermos 500.000 imagens por noite, não há como os humanos verem tudo isso. Mas a IA reduz para cinquenta por noite. O que facilita, então, o trabalho dos humanos. Se ao observarmos esses sinais e descobrirmos que podem eventualmente ser de vida extraterrestre, é a IA que faz a descoberta ou os humanos? Eu consideraria uma descoberta em equipe.
IA pode simplificar as missões em Marte
Embora empresas como a SpaceX de Elon Musk ainda não tenham colocado ninguém em Marte, a IA tem desempenhado um papel importante nas missões ao planeta e provavelmente será fundamental para quaisquer esforços de colonização no futuro.
"Precisamos absolutamente de IA se quisermos enviar humanos a Marte", argumenta o Dr. Chien. "A razão é que, quando você vai a algum lugar do espaço, tem que trazer essa enorme infraestrutura com você para garantir a sobrevivência das pessoas."
A Estação Espacial Internacional, por exemplo, tem de cinco a oito astronautas nela ao mesmo tempo, e eles dependem completamente de uma enorme cadeia de suprimentos de alimentos, combustível e sistemas de suporte. Cada vez que algo dá errado, a base pode ser assistida da Terra graças a um controle de comunicação constante.
Para o Dr. Chien, no entanto, essa solução não será possível em Marte devido à sua distância da Terra. "A comunicação em Marte não é como a que temos na Terra. É possível enviar algo para lá aproximadamente a cada dois anos, mas não é como fazer lançamentos a cada poucas semanas para a Estação Espacial", explica.
Por outro lado, ele acredita que a IA terá uma grande função na garantia do funcionamento de colônias em Marte, permitindo que os astronautas, enquanto isso, se concentrem nas tarefas de exploração e pesquisa.
O objetivo de enviar astronautas a Marte é permitir que explorem. Não podemos gastar todo esse dinheiro e todos esses recursos para levar os astronautas a Marte, apenas para que consertem coisas e mexam na geladeira.
Para o Dr. Chien, a colonização de Marte envolverá o envio de uma pequena equipe de astronautas humanos que contarão com o apoio de rovers ligados a IA.
Eu diria que esse tipo de cenário está em um futuro muito distante. É mais provável que a situação oposta ocorresse. Se não tivéssemos a IA, seria muito mais difícil manter as coisas em Marte e seria muito menos sustentável para os humanos. Com a IA, certamente poderemos viabilizar um novo lar por muito mais tempo lá.
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