De novo? Cientistas querem que Plutão volte a ser classificado como planeta
Plutão pode voltar a ser classificado como um planeta. Um novo estudo alega que o "rebaixamento" dele, há 15 anos, foi baseado em ideias retrógradas, que confundiam astronomia com astrologia e folclore. Por isso, deveria ser revisto.
Pesquisadores do Instituto Espacial da Flórida vasculharam séculos de literatura, desde o trabalho de Galileo Galilei, o pai da astronomia de observação. Seu principal critério para definir se um corpo se tratava de um planeta era a evidência de atividade geológica - presente ou passada. Ou seja, tecnicamente, até luas e asteroides poderiam ser classificados assim.
Esta definição foi usada desde o século 17 até o início do século 20, mas foi mudando com um declínio nos artigos científicos planetários - os estudos passaram a se dedicar a objetos - e um aumento de almanaques impressos. Feitos na Inglaterra e Estados Unidos, eles combinavam divulgação científica, meteorologia, culinária e cultura popular.
"Este foi um período chave na história, quando o público aceitou que a Terra orbita o Sol em vez do contrário, e eles combinaram essa grande descoberta científica com uma definição de planetas que veio da astrologia", disse Philip Metzger, autor do estudo publicado no jornal Icarus, chamado "Luas são planetas".
A astrologia requer um número específico e ordenado de planetas para fazer previsões. "Os planetas não eram mais definidos em virtude de serem complexos, com geologia ativa e potencial de vida e civilização. Em vez disso, eles foram considerados em virtude de serem simples, seguindo certos caminhos idealizados em torno do Sol", completou.
Rebaixamento
Plutão foi descoberto em 1930 e declarado o nono planeta do Sistema Solar. Em 24 de agosto de 2006, porém, uma decisão chocante da União Astronômica Internacional (IAU) mudou a astronomia e o que havíamos aprendido na escola até então. Houve uma redefinição do termo "planeta" e ficou decidido que ele cairia de categoria, passando a "planeta-anão" - apesar de já ter demonstrado atividade geológica.
O status foi questionado depois que outros objetos de tamanho e características semelhantes foram encontrados, como Ceres, Haumea, Makemake e Éris. O maior argumento para o rebaixamento foi o fato de Plutão não ser capaz de conduzir sua própria órbita sozinho - ele depende da influência gravitacional de outros corpos celestes para manter o trajeto; Netuno de um lado e objetos do Cinturão de Kuiper do outro.
Mas esse conceito nunca havia sido usado antes; para os autores do estudo, foi um grande erro. "É como se você fosse definir um 'mamífero'. Não importa se eles vivem na terra ou no mar. Não é sobre a localização deles, mas sim as características intrínsecas que fazem deles mamíferos", criticou Metzger.
Mas voltar a usar o puro conceito de Galilei também seria uma ruptura. Haveria uma explosão no número de planetas. Passaríamos dos atuais oito no Sistema Solar para talvez dezenas - considerando outros objetos que possam ganhar o título.
De qualquer forma, a provocação se faz necessária. Considerando a nova era da astronomia, com super telescópios, missões modernas e cada vez mais exoplanetas descobertos, precisamos de um sistema robusto de classificação planetária.
"Nós mostramos que houve um período de negligência, quando astrônomos não prestavam muita atenção a planetas", disse Metzger. "Mas houve uma explosão no número de exoplanetas descobertos na última década, que só tende a aumentar com as novas tecnologias. Então temos um motivo para criar uma taxonomia melhor. Queremos uma ciência excelente, para definirmos corretamente as nossas descobertas."
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