Controverso, por que Elon Musk foi escolhido a personalidade do ano em 2021
A revista Time escolheu nesta semana o presidente-executivo da Tesla e dono da SpaceX, Elon Musk, como a personalidade do ano de 2021. Aos 50 anos, o empresário e investidor é apontado como uma pessoa que influencia o que acontece "dentro e fora da Terra", segundo o resultado.
A publicação norte-americana seleciona anualmente a Pessoa do Ano há quase um século. O título, que é escolhido pelos editores da revista, não é necessariamente um prêmio. É representativo da influência que a pessoa ou pessoas tiveram no mundo. No caso de Musk, muitos acontecimentos culminaram na escolha.
"Ele está remodelando a vida na Terra e possivelmente a vida fora dela também", disse Edward Felsenthal, editor-chefe da Time, durante o programa de TV "Today" da NBC, na segunda-feira (13).
Descrevendo-o como um "palhaço, gênio, visionário, senhor dos limites, showman e industrialista", a revista citou a amplitude dos esforços de Musk, desde a fundação da empresa de tecnologia espacial SpaceX em 2002, sua mão na criação da empresa de energia alternativa SolarCity e a Tesla, que hoje a fabricante de automóveis mais valiosa do mundo.
Entre os feitos destacados, a Time relembra que a empresa de foguetes SpaceX ultrapassou a Boeing e outras do ramo para ser dona do futuro de viagens espaciais da América.
Sua montadora, a Tesla, controla dois terços do mercado multibilionário de veículos elétricos em que foi pioneira e está avaliada em US$ 1 trilhão. Isso fez com que Musk, com um patrimônio líquido de mais de US$ 250 bilhões, se tornasse a pessoa física mais rica da história, ultrapassando o fundador da Amazon, Jeff Bezos.
Nas últimas semanas, a empresa lida com denúncias de que ela não fez nada para combater assédio sexual em suas fábricas.
A lista de acontecimentos ligados a Musk segue. Em abril, a SpaceX ganhou o contrato exclusivo da Nasa, agência espacial dos EUA, para colocar astronautas norte-americanos na Lua pela primeira vez desde 1972.
A empresa também realizou o primeiro voo ao espaço com uma tripulação composta apenas por civis. Em maio, Musk apresentou o "Saturday Night Live", um dos programas de auditório mais famosos dos Estados Unidos. Em outubro, a Hertz, gigante da locação de carros, anunciou que planejava adicionar 100 mil Teslas à sua frota.
A revista norte-americana também considerou a influência de Musk em assuntos de criptomoeda, clima, geração de energia, robótica e Inteligência Artificial. Neste último, o CEO anunciou esse ano um protótipo de robô humanoide que, segundo o empresário, "com sorte" um dia poderá trabalhar em Marte.
Além disso, a revista enfatiza a maneira com que Musk domina Wall Street: "A forma como as finanças funcionam agora é que as coisas valem não com base em seus fluxos de caixa, mas em sua proximidade com Elon Musk", escreveu o colunista da Bloomberg, Matt Levine, em fevereiro, depois um tuíte de Musk que dizia "Gamestonk !!" fez a empresa decolar.
Excêntrico
"O homem mais rico do mundo não possui uma casa e recentemente vendeu sua fortuna. Um exército de devotos paira sobre cada uma de suas declarações". Essa é uma das formas que a "Time" descreve sua Personalidade do Ano.
Seu jeito excêntrico também foi capaz de atrair uma legião de fãs. Com 66 milhões de seguidores no Twitter, Musk já declarou que pelo menos metade de seus tweets eram "feitos em um trono de porcelana", disse.
A Time indica Musk como alguém que deve deixar sua marca no mundo, seja pelos seus feitos ou pelos seus crimes. Há poucos anos, Musk foi amplamente ridicularizado como um vigarista louco à beira de falir, quando a Tesla e a SpaceX quase deixaram de existir. Agora, o sul-africano curva governos e indústrias à força de sua ambição.
Homem controverso
Elon Musk não consegue tudo sem consequências e problemas. Além dos relatos de ex-funcionários de suas empresas de casos de assédio sexual e más condições de trabalho, em outubro, um júri federal ordenou que Tesla pagasse US$ 137 milhões a um funcionário negro que acusou a montadora de ignorar um abuso racial.
As empresas também foram multadas por inúmeras violações regulatórias. O governo federal dos Estados Unidos está investigando o software Autopilot da Tesla, que esteve envolvido em um número alarmante de acidentes com veículos de emergência estacionados, resultando em ferimentos e óbitos.
A indicação como personalidade do ano atraiu críticas principalmente nos Estados Unidos, onde Musk é uma figura polêmica por causa de sua atitude em relação aos impostos.
O presidente-executivo da Tesla já se pronunciou publicamente opondo-se a um "imposto de bilionários". Neste ano, segundo uma investigação da ProPublica, uma agência de jornalismo investigativo, pagou pequenas taxas de impostos em relação ao aumento significativo em sua riqueza total entre 2014 e 2018. Com isso, a taxa "real" que Musk pagou de impostos em relação à sua fortuna foi de 3,27%.
Musk também ficou em evidência em 2020 ao minimizar os perigos da Covid-19. Em setembro, durante uma entrevista ao podcast Sway, do jornal "New York Times", o CEO da Tesla disse que não tomaria uma vacina contra a doença.
As controvérsias em torno de Musk, de certa forma, reforçam a escolha da "Time". A publicação cita que trata-se de um "reconhecimento de quem mais influenciou os acontecimentos do ano, para o bem ou para o mal".
A honraria já foi concedida a papas, profissionais de saúde que trabalharam na luta contra o Ebola e Greta Thunberg, ativista ambiental com 16 anos à época.
No ano passado, a revista escolheu o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente eleita Kamala Harris. Mas também já elegeu Hitler e Stalin, por duas vezes, e em 1982, a Personalidade do Ano foi "O Computador".
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