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Gelo ainda mais frio: nova temperatura de congelamento da água é descoberta

Cientistas descobrem novo ponto de congelamento da água - John Shepherd/IStock
Cientistas descobrem novo ponto de congelamento da água Imagem: John Shepherd/IStock

Simone Machado*

Colaboração para Tilt, em São José do Rio Preto (SP)

24/12/2021 10h26Atualizada em 24/12/2021 10h28

Se você se lembra das aulas de química da escola deve se recordar que a água no estado líquido passa para o sólido ao ser congelada a uma temperatura de 0°C. Porém, cientistas conseguiram manter a água em seu estado líquido em temperaturas muito negativas, mais exatamente -44°C.

O novo recorde de ponto de congelamento foi publicado na revista Nature Communications, em novembro deste ano. Essa descoberta pode mudar a compreensão sobre as flutuações climáticas, sobre as nuvens e sobre todo o ciclo da água na Terra.

O estudo

O ponto de congelamento da água mais "tradicional" é o de 0 grau Celsius. Mas alguns "truques" da ciência já haviam sido responsáveis por reduzir essa temperatura mínima para -38°C, que era considerada o limite para a água ainda ser encontrada em sua forma líquida. Abaixo do que isso, ela congelava.

Porém, com o novo estudo essa temperatura foi reduzida em seis graus Celsius, batendo um novo recorde, de acordo com a análise.

Para conseguir essa mudança e conservar a água em estado líquido em temperaturas ainda mais baixas, os cientistas usaram gotículas muito pequenas.

gota - Mycchel Legnaghi/São Joaquim Online - Mycchel Legnaghi/São Joaquim Online
Pesquisadores usaram gotículas de diversos tamanhos para os testes
Imagem: Mycchel Legnaghi/São Joaquim Online

Os testes começaram com gotículas variando de 150 nanômetros —o que seria pouco maior do que o vírus da gripe, por exemplo— até chegar a 2 nanômetros. Essa variedade de tamanhos ajudou os pesquisadores a descobrir o papel do tamanho na transformação da água em gelo.

O segundo ponto que influenciou na descoberta foi a superfície usada. Hadi Ghasemi, professor de engenharia mecânica da Universidade de Houston e um dos autores do estudo, explicou que "se as gotículas de água forem cobertas com alguns materiais macios, a temperatura de congelamento pode ser suprimida para uma temperatura muito baixa".

Sabe a temperatura mínima para congelar água? Ela mudou, segundo a ciência

Para os experimentos, os cientistas usaram o octano —óleo que envolve cada gota dentro de uma membrana de óxido de alumínio anodizado— o que fez com que as partículas de água ficassem em um formato mais arredondados e com maior pressão. Tal alteração foi essencial para evitar a formação de gelo nessas temperaturas negativas.

Como é basicamente impossível observar o processo de congelamento nessas escalas tão pequenas, os cientistas usaram medidas de condutância elétrica, já que o gelo é mais condutivo do que a água.

Também foi medida a quantidade de luz emitida no espectro infravermelho para capturar o momento e a temperatura exatos em que as gotículas mudaram do estado líquido (água) para o estado sólido (gelo).

Como resultado, gotas de 10 nanômetros ou menos se transformaram em gelo ao atingirem a temperatura negativa de -44°C.

O que muda com a descoberta?

Com esse novo estudo, tecnologias que buscam impedir a formação de gelo em equipamentos de aviação e sistemas de energia, por exemplo, podem ser diretamente impactadas.

Além disso, os cientistas podem começar a reavaliar o que sabem sobre as gotículas nas nuvens —elas podem ficar ainda mais frias antes de congelar.

"Existem tantas maneiras de usar esse conhecimento para projetar as superfícies para evitar a formação de gelo. Uma vez que tenhamos esse entendimento fundamental, o próximo passo é usar a engenharia dessas superfícies com base nos materiais macios", diz Ghasemi.

*Com informações do Live Science