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Feito para revelar segredos do universo, James Webb é lançado com sucesso

Imagens do lançamento do telescópio James Webb

Guilherme Tagiaroli

De Tilt*, em São Paulo

25/12/2021 09h37Atualizada em 25/12/2021 17h04

Aconteceu! O telescópio espacial James Webb foi lançado na manhã deste sábado de Natal (25), levado pelo foguete Ariane 5, lançado desde a base de Kourou, na Guiana Francesa, às 9h20 (horário de Brasília). Apesar das nuvens, não houve impedimento na missão, que foi alvo de diversos atrasos. Espera-se que quando estiver ativo, o James Webb possa ajudar a revelar os segredos do universo.

Por volta das 9h50, o telescópio espacial se separou do foguete Ariane 5 e abriu parte de seus painéis solares, que vão fornecer energia necessária para a trajetória dele. Se tudo der certo, ele passará a mandar imagens para os pesquisadores na Terra no fim do primeiro semestre de 2022.

Imagem captada de transmissão ao vivo da Nasa mostra o telescópio espacial James Webb se separando do foguete Ariane 5 - AFP/NasaTV - AFP/NasaTV
Imagem captada de transmissão ao vivo da Nasa mostra o telescópio espacial James Webb se separando do foguete Ariane 5
Imagem: AFP/NasaTV

"É um grande dia para o planeta Terra. Produzimos este telescópio, que é uma 'máquina do tempo', por três décadas. Ele vainos levar a descoberta de fatos do início do universo", disse Bill Nelson, administrador da Nasa, em transmissão da agência espacial dos EUA.

Apesar do lançamento de sucesso e do desacoplamento bem-sucedido do telescópio do foguete, há ainda uma série de desafios a serem enfrentados.

Antes de chegar a 1,5 milhão de km da Terra (conhecido como ponto Lagrange L2), o telescópio deverá executar sem falhas uma série de operações envolvendo 140 mecanismos, 400 polias e quase 400 metros de cabos apenas para a blindagem de proteção.

Devemos lembrar também que o telescópio tem 12 metros de altura e uma espécie de guarda-sol do tamanho de uma quadra de tênis. Tudo isso foi dobrado para caber da espaçonave e, aos poucos, deverá ser desdobrado no espaço.

A importância do James Webb

Com quase 30 anos de desenvolvimento e com custo de US$ 10 bilhões, o JWST (James Webb Space Telescope) promete revolucionar a ciência espacial. Isso porque ele permitirá a observação em luz infravermelha, que não pode ser percebida pelo olho humano.

De acordo com a Nasa, ao ver o Universo em comprimentos de onda infravermelhos, o JWST vai nos mostrar coisas nunca antes vistas por qualquer outro telescópio. É apenas neste comprimento de onda que podemos ver estruturas mais antigas, da época do Big Bang.

Ele é considerado o sucessor do telescópio espacial Hubble, que está na ativa desde 1990. Eles, inclusive, poderão trabalhar em observações juntos.

A título de comparação, o James Webb tem um espelho de 6,5 metros de diâmetro, enquanto o Hubble conta com um de 2,4 metros.

Vários atrasos

Inicialmente, o James Webb estava previsto para ser lançado em algum momento entre 2007 e 2011. No entanto, com o tempo, o projeto ficou cada vez mais complexo. Se antes, havia a expectativa de se gastar até US$ 3,5 bilhões, o equipamento acabou custando cerca de US$ 10 bilhões.

Havia ainda a expectativa de lançá-lo em 2018, mas a agência voltou a adiar.

Finalmente, em outubro deste ano, o James Webb chegou à Guiana Francesa. A primeira data para lançamento era 18 de dezembro, mas técnicos descobririam uma falha.

Depois, o lançamento foi remarcado para 24 de dezembro, na véspera de Natal. Rolou mais um cancelamento, só que agora por más condições climáticas.

Quem é afinal James Webb?

Como é comum neste tipo de missão, esta foi batizada para homenagear um pioneiro na exploração espacial. James E. Webb foi considerado uma figura-chave dentro da agência espacial dos EUA para implementar o projeto Apollo, que contou com missões tripuladas à Lua.

Ele ocupou cargo de direção na Nasa entre 1961 e 1968. Segundo o site da agência, ele defendia que houvesse um equilíbrio entre missões tripuladas e missões científicas, como as exercidas por telescópios.

James Webb, que dá nome ao telescópio, administrou a Nasa entre 1961 e 1968 - Nasa - Nasa
James Webb, que dá nome ao telescópio, administrou a Nasa entre 1961 e 1968
Imagem: Nasa

Durante seu mandato, foram criados, por exemplo, robôs para explorar a Lua para que, posteriormente, humanos pudessem visitar nosso satélite natural, e o envio de sondas para orbitar Marte e Vênus.

Neste ano, um grupo de três astrônomos publicou um artigo na revista "Scientific American" solicitando que o telescópio fosse rebatizado. Segundo eles, Webb era um oficial do governo Harry S. Truman, que estabeleceu uma política chamada "Susto de Lavanda" (Lavender Scare, do inglês), que pregava a perseguição contra pessoas LGBTQI. A agência espacial norte-americana manteve o nome.

James Webb faleceu aos 85 anos em março de 1992.

*Com informações da AFP