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Quando (e como) os cientistas acham que o Sol vai explodir?

Getty Images
Imagem: Getty Images

Felipe Mendes

Colaboração para Tilt, em São Paulo

04/01/2022 04h00

A coisa mais certa que sabemos sobre a vida é que um dia ela chega ao fim. E, assim como os seres humanos, o que se sabe é que a "vida" do Sol também é um ciclo e terá um final. Mas em quanto tempo e como será que nossa estrela deverá explodir?

Primeiramente, fique calmo! Apesar de haver a certeza de que um dia o Sol deixará de ser como conhecemos atualmente, isso irá demorar mais do que a idade atual da Terra - 4,5 bilhões de anos.

A previsão é que a "sequência principal" do Sol, ou seja, a etapa mais longa da vida de uma estrela, na qual a fusão nuclear do hidrogênio permite que ele irradie energia e forneça pressão suficiente para evitar que a estrela entre em colapso sob sua própria massa, demore aproximadamente 5 bilhões de anos para terminar.

Assim, nosso Sol, que possui 5 bilhões de anos de existência, está exatamente na metade da "vida". O ciclo de vida de uma estrela é determinado pela sua massa, assim, quanto maior a massa, mais curta será a duração daquela estrela.

Como medimos o tempo de vida de uma estrela?

Atualmente, os cientistas conseguem ter bastante precisão em calcular a idade do Sol. Para isso, os estudiosos precisavam saber como ele emitia energia, o que era difícil antes que a fusão nuclear em massas solares pudesse ser levada em consideração.
Após os astrônomos e astrofísicos conseguirem um melhor entendimento sobre a fusão, foi possível criar modelos mais complexos, utilizando também dados de emissões observadas de diversas estrelas.

"Ao reunir muitas informações diferentes de muitas estrelas diferentes, os astrônomos e astrofísicos poderiam construir um modelo de como as estrelas evoluem. Isso nos dá uma estimativa bastante precisa da idade do sol", afirmou Paola Testa, astrofísica do Center for Astrophysics, ao site "Live Science".

Além disso, a estimativa da idade atual do Sol é confirmada pela datação radioativa dos meteoritos mais antigos conhecidos, que se formaram a partir da mesma nebulosa solar - uma espécie de disco giratório de gás e poeira, que deu origem ao Sol e aos corpos planetários em o sistema solar.

Mas como será o fim do Sol?

Aparentemente, teremos um bom tempo para pensar no que fazer caso o Sol deixe de existir da maneira como conhecemos. Mas você já parou para pensar como uma estrela tão poderosa quanto o Sol chegaria ao fim?

O Sol é uma estrela de baixa massa que libera energia na forma de luz e calor que são resultado do gás hidrogênio aquecido a 2 milhões de graus Celsius. É essa queima do hidrogênio que deve continuar por mais 5 bilhões de anos, até quando chegará um ponto em que o Sol fará uma transição para sua próxima fase, tornando-se uma gigante vermelha.

De acordo com a Nasa, quando chegar nesse estágio, o Sol vai parar de gerar calor por meio de fusão nuclear e seu núcleo ficará instável e contraído. Em contrapartida, a parte externa do Sol ainda conterá hidrogênio e se expandirá, brilhando em vermelho conforme for esfriando.

Inicialmente, essa expansão irá engolir Mercúrio e Vênus, os planetas mais próximos do Sol, e aumentará os ventos solares a ponto de aniquilar o campo magnético da Terra e retirar nossa atmosfera.

Além disso, se o brilho do Sol aumentar em 10%, cientistas acreditam os oceanos do nosso planeta evaporem totalmente entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de anos. Mas não para por aí: após alguns milhões de anos da expansão inicial do Sol, é provável que ele consuma todos os restos rochosos da Terra, segundo uma pesquisa publicada em 2008 na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Mas tudo isso ainda não será o colapso do Sol. A estrela deve começar a fundir o gás hélio que sobrou da fusão do hidrogênio em carbono e oxigênio, antes de finalmente colapsar. Quando isso ocorrer, o Sol deixará para trás uma concha brilhante de plasma quente, chamada de nebulosa planetária.

Depois disso, o Sol deve encolher e ficar do tamanho da Terra, porém incrivelmente mais denso e quente, transformando-se em uma anã branca, que poderá ser vista por apenas 10 mil anos (um piscar de olhos se pensarmos no tempo de vida do universo). A partir daí, o restante de nossa poderosa estrela passará trilhões de anos se resfriando antes de se tornar um objeto não-emissor.