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James Webb: abrir escudo térmico do telescópio foi 'parte mais difícil'

De Tilt, em São Paulo

05/01/2022 11h53Atualizada em 05/01/2022 18h02

O telescópio espacial James Webb superou nesta terça-feira (4) "a etapa mais difícil" da lista ao abrir completamente seu escudo térmico, um guarda-sol de cinco camadas, necessário para observar o cosmos, disse Thomas Zurbuchen, chefe de missões científicas da Nasa em um comunicado.

Embora faltem muitas operações para que o observatório esteja pronto, a abertura deste guarda-sol era fundamental para proteger os instrumentos científicos do calor do Sol e até da radiação emitada pela Terra e pela Lua —eles só funcionam a temperaturas muito baixas e às escuras, captando luz fraca procedente dos confins do Universo.

O passo seguinte é a abertura dos espelhos: primeiro um secundário, menor e colocado ao final de um tripé, e depois o principal, recoberto com ouro e com 6,6 metros de diâmetro.

O telescópio era grande demais para caber em um foguete e por isso foi preciso dobrá-lo sobre si mesmo como um origami e desdobrá-lo no espaço, um procedimento extremamente perigoso.

"É um dia muito especial", tuitou o astrônomo Klaus Pontoppidan, cientista-chefe do James Webb. "Acho que é hora de dar-se conta de que em breve talvez tenhamos um telescópio espacial gigante completamente operacional".

Guarda-sol gigante

O guarda-sol mede 20 por 14 metros, o tamanho de uma quadra de tênis, e tem o formato de um losango.

Suas camadas, tão finas quanto um fio de cabelo, estavam dobradas como uma sanfona e agora vão se esticar até ficar a dezenas de centímetros de distância entre si.

São feitas de kapton, um material escolhido por sua resistência às temperaturas extremas porque a face mais próxima do Sol pode alcançar os 125°C e a mais longínqua, -235°C.

Sua abertura foi possível graças a centenas de polias e cabos para guiá-las, além de motores para estender cada vela de cada ponta do losango.

Na segunda-feira, as primeiras três camadas foram abertas e esticadas com sucesso. Na manhã de terça-feira, as equipes fizeram o mesmo com as duas últimas. Antes foram ativadas as duas "estruturas de paletas" que continham o escudo solar.

Astrônomos de todo o mundo aguardam com ansiedade o James Webb, o telescópio espacial mais potente, pois permitirá observar as primeiras galáxias, formadas poucas centenas de milhões de anos após o Big Bang. A grande novidade é que ele vai operar no espectro infravermelho próximo e médio, comprimentos de onda invisíveis a olho nu.

O observatório foi lançado há pouco mais de uma semana da Guiana Francesa e atualmente se encontra a mais de 900.000 quilômetros da Terra. Sua órbita definitiva, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, é quatro vezes a distância entre nosso planeta e a Lua.

O James Webb ficará num conhecido como o ponto Lagrange 2 (L2). Esta área é um ponto em que objetos celestes permanecem com menor influência gravitacional da Terra e do Sol, ou seja, permanecem "estacionados" no espaço.

Neste local, se algum problema surgir, não será possível enviar uma missão de reparos.

No dia 31 de dezembro, a Nasa divulgou um timelapse que mostra o percurso do telescópio, saindo da zona de órbita da Lua rumo às estrelas de Órion. No final, é possível ver o momento em que o telescópio parte em direção do L2.

Para que o percurso ficasse evidente, os cientistas da North York Astronomical Association (NYAA) combinaram as fotografias com outra imagem espacial, esta colorida, exibindo o trajeto em um risco branco. (Com AFP)

Errata: este conteúdo foi atualizado
O infravermelho é invisível a olho nu, o texto já foi corrigido.