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Sol artificial chinês bate recorde com 120 milhões de graus Celsius

Imagem revela a atmosfera superior do Sol, a coroa, com uma temperatura de cerca de 1 milhão de graus Celsius - Solar Orbiter/EUI Team (ESA e Nasa)
Imagem revela a atmosfera superior do Sol, a coroa, com uma temperatura de cerca de 1 milhão de graus Celsius Imagem: Solar Orbiter/EUI Team (ESA e Nasa)

Adriano Ferreira

Colaboração para Tilt, de Florianópolis

06/01/2022 14h55Atualizada em 07/01/2022 08h13

A equipe de pesquisadores do Instituto Hefei de Ciências Físicas da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, anunciou que o "sol artificial chinês", gerado pelo reator de fusão nuclear EAST (Tokamak Experimental Supercondutor Avançado) bateu o recorde de tempo, chegando a 18 minutos, a uma temperatura de 120 milhões de graus Celsius.

Segundo afirma o Phys.org, o avanço faz parte do desenvolvimento de uma fonte de energia limpa que deverá substituir usinas que utilizam carvão e outros recursos renováveis. A intenção dos cientistas chineses é ter uma energia que se assemelhe ao sol e assim produza calor e luz através da fusão, processo em que os átomos ficam altamente agitados no momento em que são submetidos a elevadas temperaturas, o que faz os seus núcleos se fundirem.

No caso do sol, os átomos que passam pela fusão são os de hidrogênio. Neste processo, o que acontece é a formação do hélio-4, um elemento mais leve do que os quatro prótons inicialmente encontrados nos átomos. Essa diferença de massas acaba gerando uma energia térmica que é liberada pelo sol por meio de luz e calor.

Durante anos, os cientistas chineses se empenham para reproduzir o mesmo resultado encontrado na liberação de energia do sol em instalações no Tokamak, usado para aquecer poucos números de átomos em altas temperaturas através de microondas, o que acarreta na criação do plasma superaquecido.

No Tokamak, os átomos de trítio e deutério passam por um aquecimento muito elevado, chegando a quase 150 milhões de graus Celsius, o que provoca a fusão desses elementos químicos.

Esse procedimento é necessário para que as reações de fusão, desenvolvidas pelos pesquisadores, sejam autossustentáveis para uma produção de energia constante, o que, atualmente, culminou em quase 18 minutos a 120 milhões de graus Celsius pelo "sol artificial".

Apesar do alto calor, existe uma barreira para impedir que o local dos testes, em forma de donut, seja queimado, devido à utilização de materiais que revestem o lugar, como o carbono, resistente a temperaturas muito altas.

No ano passado, o maior tempo alcançado pelo reator de fusão nuclear chinês havia sido de 101 segundos a 120 milhões de graus Celsius. Anteriormente, 160 milhões de graus Celsius foram atingidos por 20 segundos, marca que ultrapassa o sol, que atinge 15 milhões de graus Celsius, em mais de dez vezes.

Comercialização e colaboração internacional

De acordo com Lin Boqiang, diretor do Centro Chinês para Pesquisa em Economia de Energia da Universidade de Xiamen, em uma declaração para o Global Times, o uso prático dessa energia sustentável ilimitada e mais limpa pode levar 30 anos para ser comercializada.

O Tokamak conta com o ITER (Reator Termonuclear Experimental Internacional) que tem sede na França e inclui a participação da União Europeia, Estados Unidos, Rússia, Coreia do Sul, Índia e China na organização do projeto.