Estes experimentos em astronauta podem mudar nosso envelhecimento no futuro
Cientistas estão há dois meses acompanhado as diversas reações no corpo do astronauta Matthias Maurer, da ESA (Agência Espacial Europeia), que está na Estação Espacial Internacional. Como os astronautas que fazem viagens ao espaço envelhecem muito mais rápido que quem fica na Terra, o experimento tem trazido respostas importantes para entender como combater as desvantagens físicas do nosso envelhecimento.
Problemas de visão
Cerca de 70% dos astronautas que vão em missão ao espaço têm alguma alteração no nervo óptico durante o período de permanência fora da Terra. Esse fenômeno é conhecido como Síndrome Neuro-ocular Associada ao Espaço (SANS) e a patologia é considerada o segundo maior risco para a saúde humana durante uma missão à Marte.
Para entender melhor porque isso acontece, uma lente ocular especial foi conectada a um tablet, permitindo assim que os astronautas gravem imagens de seus olhos e as enviem aos pesquisadores na Terra.
Dessa maneira, a saúde ocular de cada astronauta está sendo acompanhada rotineiramente. Essas imagens serão usadas para treinar um robô de Inteligência Artificial que pode detectar alterações oculares e fornecer um diagnóstico rapidamente aos pacientes.
O dispositivo não só ajudará os astronautas, mas também facilitará os cuidados de saúde em nosso planeta.
Perda de audição
Ao contrário do que muita gente possa imaginar, a Estação Espacial não é um lugar tranquilo e silencioso. Diversos tipos de ruídos de equipamentos eletrônicos e ventiladores e conferências constantes de controle de solo fazem parte dos sons que preenchem a vida dos astronautas que se aventuram em uma missão.
Por isso, os efeitos desses sons nos ouvidos dos astronautas também estão sendo alvo de acompanhamento e estudo, que vai possibilitar analisar como a audição deles é exatamente afetada.
Músculos fracos
Durante os dois primeiros meses de missão, foi possível observar que os músculos de Matthias estão enfraquecendo da mesma forma que acontece quando as pessoas envelhecem na Terra.
A análise da musculatura do astronauta ajudou uma equipe de médicos a identificar como a massa muscular é perdida e como evitar ou retardar esse processo —tanto em astronautas quanto em idosos.
Para avaliar como a musculatura reage no espaço, foram enviadas ao astronauta células musculares sintéticas do tamanho de um grão de arroz e elas foram colocadas em um minilaboratório existente na Estação Espacial. Parte dessas células será estimulada eletricamente para desencadear contrações na ausência de peso, enquanto outras experimentarão a gravidade artificial por meio da centrifugação.
Os pesquisadores vão monitorar como o tecido responde à microgravidade e aos processos de envelhecimento acelerado. Isso poderá no futuro ajudar as pessoas a manter sua força e mobilidade da juventude até quando a idade estiver mais avançada.
Outro experimento é o Myotones. Matthias usou um dispositivo portátil não invasivo na Estação Espacial para monitorar o tônus, a rigidez e a elasticidade de alguns músculos da perna.
Ele também mantém o preparo físico no espaço com uma rotina de exercícios que dura cerca de duas horas, todos os dias. O astronauta vestiu uma roupa de eletroestimulação muscular que ativava seus músculos.
A pesquisa tem o objetivo de compreender melhor a tensão fisiológica para astronautas e pode ajudar na criação de novos tratamentos de reabilitação na Terra.
Para manter uma boa musculatura e a gordura corporal adequada, Matthias registra todas as suas refeições e monitora a ingestão de energia. O estudo chamado Nutr ISS apresenta uma nova abordagem para equilibrar dieta e exercícios para longas estadias no espaço.
As equipes científicas na Terra esperam que uma dieta rica em proteínas, cuidadosamente equilibrada, possa limitar a perda típica da musculatura e do cálcio dos ossos causados pela microgravidade.
Febre no espaço e sonhos cósmicos
A temperatura corporal é conhecida por ser mais elevada no espaço. Essa "febre espacial" também gera um risco à saúde dos astronautas.
Para avaliar de perto como isso interfere na saúde deles, cientistas usaram um sensor térmico, preso à testa de Matthias por quase 40 horas, para registrar e acompanhar a sua temperatura corporal e o ritmo circadiano.
Os dados vão ajudar os pesquisadores a entenderem esse fenômeno e provar que este pequeno dispositivo pode ser usado em hospitais e por pessoas que trabalham em ambientes extremos como mineiros, por exemplo, e assim, ajudar a controlar a temperatura corporal desses profissionais.
Já quando se trata de recuperação, o sono desempenha um papel importante na saúde e no bem-estar dos seres humanos. Sono insuficiente ou com distúrbios podem aumentar o risco de doenças e tem impacto no desempenho das pessoas.
Para o experimento Dreams, que avalia o sono, Matthias usou uma bandana em sua cabeça. O dispositivo fornece informações sobre as diferentes fases do sono e a eficiência do sono. Esta tecnologia pode ajudar os astronautas e as pessoas em geral a melhorarem suas rotinas de sono e identificar possíveis distúrbios.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.