DF, SP e RJ têm melhor internet do país; estados do Norte têm a pior
Lucas Santana
Colaboração para Tilt
11/01/2022 04h00
Uma plataforma conduzida pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), entidade ligada ao CGI (Comitê Gestor da Internet), chamada Mapa de Qualidade da Internet, revela o nível da desigualdade da internet banda larga oferecida no país no último ano. No mapa digital interativo, é possível filtrar os resultados de qualidade por estado e cidade de preferência.
Estados da região Sudeste, Centro Oeste e Sul têm serviços melhores do que aqueles oferecidos aos estados do Norte e Nordeste. O índice do estudo leva em conta métricas diárias do Sistema de Medição de Tráfego Internet (SIMET), como velocidade de download, upload, perda de pacotes e latência das conexões no país.
Confira o ranking:
1. Distrito Federal
2. São Paulo
3. Rio de Janeiro
4. Santa Catarina
5. Rio Grande do Sul
6. Paraná
7. Espírito Santo
8. MInas Gerais
9. Goiás
10. Paraíba
11. Rio Grande do Norte
12. Pernambuco
13. Ceará
14. Mato Grosso do Sul
15. Rondônia
16. Mato Grosso
17. Sergipe
18. Piauí
19. Bahia
20. Pará
21. Maranhão
22. Tocantins
23. Alagoas
24. Amapá
25. Acre
26. Roraima
27. Amazonas
Desigualdade de qualidade na conexão
O ranking mostra que a velocidade de download no Distrito Federal é de 63 Mbps (Megabits) por segundo, contra apenas 6,6 Mbps no Amazonas, uma diferença de quase 10 vezes. Mesmo na região Sudeste, a diferença entre São Paulo e Minas Gerais é grande. Os paulistas têm uma média de 51 Mbps, contra 29 Mbps dos mineiros.
Já na medição do índice de latência (atraso no tempo que uma solicitação leva para ser transferida de um ponto para outro, medida por milissegundos), importante para uma boa experiência em jogos online, por exemplo, o Paraná foi o estado que teve o melhor resultado. Os gamers de Roraima são os que mais sofrem com o índice, segundo o estudo.
Para Gabriela Marin, analista de projetos do NIC.br, a região Norte sofre com a baixa qualidade da internet por fatores demográficos e geográficos.
Ela explica que, em comparação com outras regiões, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá e Pará apresentam uma baixa densidade demográfica, o que impacta o lucro dos provedores que oferecem o serviço na região.
"O relevo, por um lado, aumenta os custos de operação para implantar tecnologias de acesso de melhor qualidade, por exemplo, a fibra. Como consequência, ainda hoje diversas áreas no Norte só conseguem acessar a internet via satélite, uma tecnologia que, devido a suas características intrínsecas, oferece uma qualidade de Internet inferior", analisa.
Comparando com outros países, a velocidade e os demais índices medidos no Mapa estão dentro da média dos países da OCDE- em torno de 40 Mbps - o que nos colocaria próximo dos valores de Colômbia e México, por exemplo, como aponta o analista da NIC.br.
Como os dados foram obtidos?
O Mapa de Qualidade da Internet reuniu dados de navegação de internautas de todo o país em um período dos seis últimos meses, coletados diariamente com medições feitas pelo SIMET. O estudo segue recebendo atualizações, inclusive com a contribuição voluntária de pessoas que acessam a plataforma.
"Quem navega pelo mapa também pode contribuir ao medir sua própria Internet. As informações são incorporadas de forma anônima e automaticamente pela ferramenta" explica Milton Kashiwakura, diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br.
Kashiwakura acredita que o Mapa pode ajudar gestores políticos e empresas prestadoras de serviços de internet no país a desenvolver ações de melhorias no futuro.