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Meteoro viajou a 43,7 mil km/h e foi visto em MG, SP, GO e DF

Letícia Naísa

De Tilt, em São Paulo

16/01/2022 10h35

O meteoro avistado na região do Triângulo Mineiro na noite de sexta-feira (14) viajou sobre a Terra a uma velocidade de 43,7 mil km/h, percorrendo 109,3 km em 9 segundos, e desapareceu a 18,3 km de altitude, entre os municípios de Perdizes e Araxá, em Minas Gerais. Os números foram divulgados pela Bramon (Rede Brasileira de Observação de Meteoros).

O clarão gerado pelo corpo celeste pôde ser avistado dos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e do Distrito Federal. Segundo relatos, o chão tremeu nas cidades mineiras e um estrondo pôde ser ouvido. "Isso é um forte indício que a rocha pode ter gerado meteoritos", diz a Branom, em nota.

A equipe da Rede calculou que o meteoro atingiu a atmosfera em um ângulo de 38,6° em relação ao solo e começou a brilhar a 86,6 km de altitude sobre a zona rural de Uberlândia, interior de Minas.

O fenômeno aconteceu por volta das 20h53 e não houve registro de danos causados pela queda do objeto do céu.

A Bramon ainda está trabalhando nos cálculos para determinar o tamanho do objeto que atingiu a região do Triângulo Mineiro e da área de dispersão dos possíveis meteoritos. A rede pede para quem tem registros da passagem do meteoro mande seu relato por meio de um formulário em seu site.

Trajetória do meteoro pela atmosfera - Divulgação/Bramon - Divulgação/Bramon
Trajetória do meteoro pela atmosfera
Imagem: Divulgação/Bramon

"A Terra é bombardeada por micro meteoros diariamente", afirma Gilberto Dumont, diretor do Observatório de Astronomia de Patos de Minas, em entrevista a Tilt. Na região, já foram registradas outras quedas. Em maio de 2020, um brilho foi visto no céu próximo à cidade de Tiros (MG). Em agosto de 2020, um fenômeno considerado como surto de meteoros foi registrado pelo Observatório. Nenhuma das quedas gerou acidentes graves.

"Esse tipo de queda é comum, cai muito material na Terra, mas cai muito nos oceanos, em regiões que não são habitadas", explica Diana Andrade, professora do Observatório do Valongo, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e caçadora de meteoritos. "Nem sempre gera fragmentos que chegam ao chão, às vezes eles se desintregam no ar, mas esse tem chance de ter gerado alguns", afirma.

Meteoro ou meteorito?

Na linguagem popular, ouvimos muito que "um meteoro caiu", mas não é bem assim que a ciência classifica o fenômeno que foi visto em Minas na noite de ontem.

O meteoro, explica Andrade, é o efeito luminoso. Ou seja, são as populares estrelas cadentes, pequenos pedaços de rochas e poeira espacial que queimam ao entrar na atmosfera da Terra em alta velocidade.

Agora, se a rocha sobreviver à entrada na atmosfera e não se desintegrar totalmente devido ao atrito e evaporar, ela é chamada de meteorito. "Se ela chegou no solo, é um meteorito", afirma Andrade. "Capturar um meteoro é capturar a imagem de um rastro luminoso no céu, capturar um meteorito é capturar a rocha no chão."

Segundo os especialistas, o objeto que foi avistado em queda em Patos de Minas era difícil de ser previsto por conta de seu tamanho. "Essas rochas desses meteoros são de dimensão de centímetros, é difícil identificá-los com qualquer instrumento", explica Dumont.

"Esses asteroides e objetos que têm potencial de destruição de parte da Terra são monitorados, mas não tem como monitorar todos os objetos que possivelmente poderiam colidir com a Terra", explica Andrade. "Um asteroide do tamanho desse que entrou não é previsível", diz.

A professora alerta também sobre a importância de buscar especialistas caso um cidadão comum encontre um possível meteorito. "É importante para ter certeza se é realmente um meteorito e também sobre o valor, o preço deles, para que a pessoa não mostre para quem não vai dar valor e mande para o exterior e o Brasil fique sem a rocha", diz.