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Fim da calvície? Cientistas reprogramam células para fazer cabelo crescer

Fundador da startup que criou a técnica quer mostrar que cientistas de verdade estão em busca de uma solução para a calvície - iStock
Fundador da startup que criou a técnica quer mostrar que cientistas de verdade estão em busca de uma solução para a calvície Imagem: iStock

Lucas Santana

Colaboração para Tilt

20/01/2022 15h57

Biólogos dos Estados Unidos afirmam ter desenvolvido uma técnica de reprogramação de células humanas que promete fazer crescer o cabelo de pessoas que sofrem com a calvície.

Segundo os cientistas, vinculados à startup dNovo, os folículos capilares são feitos a partir de células comuns do corpo humano, como as que são encontradas no sangue e na gordura.

Para destacar os bons resultados da técnica experimental, a empresa divulgou para o MIT Technology Review a fotografia de um rato de laboratório com um tufo de cabelo gerado após a reprogramação das células humanas.

Rato sem pelos com um tufo de cabelo humano - dNovo - dNovo
Rato sem pelos com um tufo de cabelo humano
Imagem: dNovo

Ernesto Lujan, fundador da startup, é um biólogo formado na Universidade de Stanford, nos EUA. Segundo ele, ainda existe muito trabalho a ser feito para levar o tratamento do laboratório para os consultórios médicos. Contudo, a tecnologia de reprogramação celular tem potencial para ajudar quem deseja lutar contra a calvície.

Além da dNovo, outra empresa dos EUA, a Stemson, diz ter desenvolvido com sucesso uma técnica parecida, mas ao invés de apenas ratos, conseguiram recuperar os pelos de porcos com o uso de reprogramação celular.

Por conta do sucesso na técnica, seu fundador Geoff Hamilton diz ter levantado quase R$ 125 milhões de investidores farmacêuticos.

Como uma célula é reprogramada

A ideia de reprogramar células foi proposta ainda nos anos 1950 pelo biólogo britânico John Gurdon. No início dos anos 2000, o cientista japonês Tada Takahama conduziu importantes experimentos com reprogramação celular que conseguiram rejuvenescer células a um estado de células-tronco embrionárias.

De lá para cá, a comunidade científica já fez inúmeras tentativas de desenvolver tratamentos baseados na técnica científica para uma variedade de problemas de saúde, mas sem muito sucesso em torná-los realidade por enquanto.

Os próprios folículos capilares são órgãos bastante difíceis de serem recriados.

Não é um tratamento "milagroso"

Não é de hoje que a indústria farmacêutica e cientistas tentam combater a calvície. O problema afeta principalmente os homens, e começa ali por volta dos 20 anos.

Dados estatísticos mostram que pelo menos 50% deles vão enfrentar calvície em algum nível ao longo da vida. Esses números chamam atenção de muitos oportunistas do mercado da beleza.

"Já vimos muitos dizerem que têm uma solução [para a calvície]. O que estamos tentando mostrar ao mundo é que somos cientistas de verdade e que [o desenvolvimento da técnica de reprogramação celular] é arriscado a ponto de eu não poder garantir que funcione", disse Geoff Hamilton à MIT Technology Review, na Cúpula Global da Queda de Cabelo, que reúne pesquisadores e empresários para debater o tema.

Já há, hoje, alguns medicamentos aprovados em diferentes países para combater a calvície. Contudo, eles têm efeitos limitados. Uma alternativa comum envolve o transplante de faixas de pele onde ainda nasce cabelo e implantá-las na cabeça da pessoa calva.

"No futuro, células que criam cabelo feitas em laboratório poderão ser inseridas na cabeça de uma pessoa por um tipo parecido de cirurgia", afirma Ernesto Lujan.