Quantas estrelas podemos ver a olho nu?
Dizer, exatamente, quantas estrelas conseguimos enxergar a olho nu durante a noite não é uma tarefa fácil. E se você tentou contar uma por uma, é bem provável que tenha se perdido. Mas isso mantém a dúvida: quantas delas conseguimos ver no céu?
O número depende de uma série de fatores, como a claridade do céu, condições climáticas e poluição. Além da "qualidade do céu", a quantidade de estrelas visíveis também está ligada ao limite de brilho que conseguimos enxergar.
No caso dos astros, como as estrelas e os planetas, os cientistas medem o brilho através de sua magnitude. Essa escala é representada por números e, quanto maior ele for, mais fraco é o brilho do objeto. Essa escala vai de -27, como é classificado o Sol (o mais brilhante), até +35, que é o limite alcançado pelo telescópio Hubble.
Nessa régua de medição, o olho humano consegue enxergar o brilho dos astros cuja magnitude chegue a, no máximo, 6,5. Vale ressaltar que esse valor de magnitude limite é obtido considerando situações ideais, como um céu absolutamente isento de poluição luminosa, totalmente transparente, uma noite sem o brilho da Lua e um olho humano absolutamente capaz.
No céu da cidade grande, esse valor muda bruscamente, assim como muda para pessoas cujos olhos não captam luz com tanta eficiência.
Cálculo aproximado
Usando essa informação, os astrônomos calculam que há, aproximadamente, 9.000 estrelas que podem ser visíveis a olho nu a partir da Terra. Esse valor estimado pelos astrônomos considera todo o céu ao redor da Terra. Mas, como uma pessoa só consegue ver metade dele, o total seria de, aproximadamente, 4.500 estrelas.
Essa contagem, obviamente, não é feita a dedo. Ao invés disso, é calculada de maneira indireta, a partir de bancos de dados que catalogam os astros com diferentes magnitudes — que são captados por telescópios potentes, como o Hubble. Com essas informações, os astrônomos filtram as estrelas que se encaixam até essa faixa de magnitude.
Se você decidir contar as estrelas por conta própria, esse número será bem menor. Na maioria das cidades do mundo, as condições do céu comprometem bastante a possibilidade de se ver astros com magnitude de até 6,5, restando, geralmente, aqueles entre 2 e 4.
Além disso, se você estiver em um local cheio de prédios, montanhas ou árvores no seu horizonte, esses objetos da paisagem também vão diminuir o número de estrelas que podem ser observadas.
Na prática, a estimativa pela ciência é de que o número visto, a olho nu, contado a dedo, seja algo em torno de 2.000 estrelas.
E quantas estrelas existem no Universo?
Sabe aquela velha frase que diz que "há mais estrelas no céu do que grãos de areia na Terra"? Se considerarmos que esse céu corresponde a todo o Universo, ela está certa.
O problema é que, assim como os grãos de areia, é praticamente impossível saber com exatidão a quantidade de estrelas no mundo, já que, mais uma vez, não se faz uma contagem direta.
Ao invés disso, os astrônomos tentam chegar a esse valor com uma média, multiplicando a quantidade estimada de estrelas em uma galáxia pela quantidade de galáxias desse tipo e, depois, somando esse valor para todos os tipos de galáxias existentes. O próprio número de estrelas da Via Láctea, por sinal, ainda é bastante incerto.
Pior ainda, não há consenso: os cientistas utilizam diferentes métodos e cálculos matemáticos para chegar a um valor — como verificar a massa da galáxia e dividir pela massa de uma estrela média, como o Sol; checar todo o brilho da galáxia e dividir pelo brilho de uma estrela média; ou ainda contar o número de estrelas de um pequeno volume e verificar quantos daqueles volumes cabem em todo o volume da galáxia.
Diante de tantos entretantos, é normal que os valores variem tanto: em geral, dizem haver entre 100 e 400 bilhões de estrelas apenas na Via Láctea, mas há quem proponha que o número chegue a mais de 1 trilhão.
Vale lembrar que nenhum dos métodos é 100% confiável já que é possível que exista uma grande quantidade de massa (chamada massa escura) que não conseguimos observar, e a quantidade de estrelas pode variar muito em diferentes regiões da galáxia.
Especialista consultado: Leandro Guedes, astrônomo do Planetário do Rio de Janeiro; Nasa (Agência Nacional) Universidade de Yale (EUA).
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