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Após acidente do Metrô, entenda como funciona a máquina 'tatuzão'

Felipe Mendes

Colaboração para Tilt, de São Paulo

01/02/2022 14h42Atualizada em 01/02/2022 19h33

Um desmoronamento nas obras da linha 6-Laranja do metrô de São Paulo interditou um trecho da Marginal Tietê no sentido Ayrton Senna. O acidente não deixou feridos, mas chamou atenção pelas imagens que mostram uma caixa d´água sendo engolida.

Uma das hipóteses iniciais é a de que o desabamento teria sido causado em decorrência do trabalho de uma escavadeira popularmente conhecida como tatuzão. Mas essa ideia perdeu força, segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo, já que a máquina estaria há cerca de 3 metros de profundidade do rompimento. Os técnicos da secretaria não descartam que o problema foi causado por falha humana.

O que é o tatuzão?

O tatuzão é uma tuneladora ou TBM (Tunnel Boring Machine), que faz escavações e é protagonista das maiores obras subterrâneas do mundo. Na linha 6, ele irá percorrer cerca de 9,5 km para completar o trajeto das 10 estações, entre Santa Maria e São Joaquim.

A tuneladora que atua na obra foi batizada de "Maria Leopoldina", esposa de Dom Pedro I.

O tatuzão pesa cerca de 2 mil toneladas, possui diâmetro de 10,61 metros e 109 metros de extensão. A capacidade da tuneladora é de perfurar até 14 metros por dia e é necessário que cerca de 50 pessoas trabalhem durante sua operação, revezando-se em três turnos de trabalho.

Como é o seu funcionamento?

A parte da frente do tatuzão é chamada de couraça, onde fica localizada a cabeça de corte, com lâminas responsáveis pela escavação do túnel. Atrás desta primeira parte está a cabine de comando e uma esteira para a remoção de terra, que acompanha o tatuzão em todo processo de escavação.

Além disso, existe ainda o sistema chamado de backup, capaz de acomodar itens como bombas, quadros elétricos e sistema de ventilação. Uma das grandes vantagens do TBM é que, ao mesmo tempo em que realiza as escavações, ele também instala anéis pré-moldados de concreto, já formando uma estrutura definitiva para o túnel que está sendo escavado.

O método mais comum utilizado pelo tatuzão é o Earth Pressure Balance (EPB), normalmente utilizado em solos mais rígidos. Essa técnica aplica sobre a parede do túnel uma pressão igual ao peso da terra removida, condicionando o solo para que perca densidade e ganhe maleabilidade.

Além do EPB, também existe o método chamado de Rock, que é mais simples e escava rochas das classes 1 a 3 sem pressurização. Há ainda o tipo Slurry, dedicado a solos mais moles, pantanosos ou de baixa pressão.

Cuidados

O tatuzão entrou em operação nas obras da linha 6-Laranja no dia 16 de dezembro de 2021, data na qual o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), chegou a fazer uma publicação comemorando o início da fase com uso da escavadeira.

O equipamento utilizado nas obras do Metrô em São Paulo conta com refeitório, unidade de enfermagem, esteira rolante para retirada de material e cabine de comando. A viagem no subsolo da capital paulista está prevista para terminar em 22 meses.

A Acciona, empresa espanhola responsável pela obra da linha 6-Laranja, fez uma postagem mostrando a montagem do primeiro tatuzão utilizado na obra. O equipamento é customizado para cada projeto e as peças devem ser montadas diretamente no local.

Após o término da obra, apenas os equipamentos elétricos são removidos do TBM, com o restante sendo deixado no subsolo devido aos custos que seriam necessários para remoção.

A Acciona divulgou nota em seu site informando sobre o acidente na manhã desta terça-feira (1). Segundo a empresa, "houve um rompimento de uma coletora de esgoto próximo ao VSE Aquinos (Poço de Ventilação e Saída de Emergência)".

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