Meta desenvolveu um supercomputador, mas por que isso importa?
A Meta (ex-Facebook) anunciou na última semana que está construindo o supercomputador de inteligência artificial (IA) mais rápido do mundo. Chamado AI Research SuperCluster (RSC), seu principal objetivo é desenvolver tecnologias para o metaverso.
"O RSC nos ajudará a construir novos e melhores modelos de IA que possam aprender com trilhões de exemplos; trabalhar em centenas de idiomas diferentes; analisar perfeitamente texto, imagens e vídeo juntos; desenvolver novas ferramentas de realidade aumentada, e muito mais", declarou a empresa fundada e chefiada por Mark Zuckerberg.
A nova geração de inteligência artificial, peça-chave do metaverso, exige enorme poder computacional, para consegui realizar quintilhões de operações por segundo.
De acordo com a Meta, seu supercomputador já está em operação, com cerca de um terço de sua capacidade, e deve ser totalmente concluído até a metade deste ano. Quando alcançar a máxima potência, será comparável a 100 mil PCs comuns.
Como surgiu?
Os vários domínios da IA avançada, como visão, fala e linguagem, exigem o treinamento de modelos sistemas computacionais cada vez maiores e complexos. Por isso, no início de 2020, o então Facebook decidiu que a melhor maneira de acelerar seu progresso era projetar uma nova infraestrutura de computação, capaz de treiná-los mais rápida e eficientemente.
"Precisamos construir para o futuro, não para o presente, e o RSC nos ajudará a desenvolver pesquisas em inteligência artificial necessária para fazer isso", disse a Meta. Não foi revelado o investimento total do projeto, e nem sua localização.
Qual a velocidade?
Hoje, o RSC roda a 1.895 exaflops de TensorFloat-32 (TF32). Isso já é 20 vezes mais veloz que os atuais computadores da empresa. Até a metade de 2022, a expectativa é que sua capacidade de processamento chegue a 5 exaflops.
Essa potência permite mais flexibilidade para os pesquisadores realizarem os experimentos.
Para entender melhor, flops é sigla que em português significa operações de ponto flutuante por segundo. Simplificando, esse dado refere-se a uma unidade de medida que ajuda a entender quantos cálculos uma máquina consegue fazer dentro de um segundo. Um kiloflops, por exemplo, representa mil cálculos por segundo. Um megaflops significa milhão.
Petaflops são quatrilhões de contas por segundo. Um exaflop é igual então a 1.000.000.000.000.000.000 Flops — ou seja, quintilhões de processos por segundo.
O supercomputador vai contar com as tecnologias oferecidas pela empresa Nvidia. Uma delas é o sistema universal chamado DGX A100, que oferece a infraestrutura de inteligência artificial avançada para dar conta da carga de trabalho que um equipamento desse porte necessita, segundo a empresa.
Além disso, o supercomputador irá trabalhar com 6.080 GPUs (unidades de processamento gráfico, em português) do modelo Nvidia A100, que promete fazer várias redes operarem simultaneamente. "Combinado com 80 GB da memória de GPU mais rápida, os pesquisadores podem reduzir uma simulação de precisão dupla de 10 horas para menos de quatro horas na A100", explica a companhia.
E o WhatsApp e Instagram?
O RSC não substituirá os computadores da Meta, e nem será utilizado nas atividades cotidianas dos produtos — como para o funcionamento do WhatsApp, Instagram, e Facebook. Sua implantação ainda não será sentida pelos usuários, pois não está relacionada, por exemplo, com maior controle das postagens ou mais estabilidade dos serviços.
"O supercomputador é dedicado à pesquisa em inteligência artificial, focada na construção do metaverso", garante a empresa. Nele, serão desenvolvidos e testados recursos inovadores, principalmente experiências de realidade aumentada (RA).
O uso mais na prática
Os pesquisadores da Meta poderão testar modelos avançados de IA para visão computacional, Processamento de Linguagem Natural (NLP, em inglês) e reconhecimento de fala, entre outros.
"Esperamos que o RSC nos ajude a construir sistemas novos que possam, por exemplo, fornecer traduções de voz em tempo real para grandes grupos de pessoas, cada uma falando um idioma diferente, para que elas possam colaborar, sem barreiras, em um projeto de pesquisa ou ainda jogar juntos um jogo de realidade aumentada."
Desenvolvendo essas novas tecnologias, o RSC pavimentará o caminho para a próxima grande plataforma de computação — o metaverso, onde aplicativos e produtos orientados por IA terão papel central.
Qual o impacto nos serviços da Meta?
Segundo a empresa, o desenvolvimento das novas tecnologias também levará benefícios às plataformas tradicionais. "Com o RSC, podemos treinar mais rapidamente modelos que usam sinais multimodais para entender o contexto de uma publicação, incluindo idioma, imagens e tom", destaca a Meta.
Por exemplo, um dedo apontado pode significar diversas coisas em diferentes culturas. "Um modelo de IA pode determinar se uma ação, um som ou uma imagem é maliciosa ou benigna. Esta pesquisa não apenas ajudará a manter as pessoas seguras em nossos serviços hoje, mas também no futuro, à medida que construímos o metaverso."
Dados de usuários serão utilizados? E a privacidade?
Para construir novos modelos de inteligência artificial — seja detectando conteúdo nocivo ou criando novas experiências de RA —, é preciso ensinar os modelos e algoritmos, usando dados das pessoas no mundo real, que constam nos sistemas da empresa. Isso demanda extremo cuidado no tratamento das informações.
De acordo com a Meta, os aspectos de privacidade são e serão respeitados.
"O RSC foi projetado desde o início com privacidade em mente, para que nossos pesquisadores possam treinar modelos com segurança, usando dados criptografados gerados pelo usuário e que não são descriptografados até pouco antes do treinamento", explica.
Para aumentar a proteção, o supercomputador fica isolado da internet maior, sem conexões diretas de entrada ou saída, e o tráfego pode fluir apenas entre os servidores da companhia.
"Todo o caminho de dados de nossos sistemas de armazenamento para as GPUs é criptografado de ponta a ponta e possui as ferramentas e processos necessários para verificar se nossos requisitos de privacidade e segurança são atendidos em todos os momentos", destaca.
Antes de serem importados para o RSC, os dados passam por uma revisão de privacidade, para confirmar que foram anonimizados —quando não é possível identificar pessoas— corretamente. Então, são criptografados para serem usados no treinamento de modelos de IA.
"As chaves de descriptografia são excluídas regularmente, para garantir que os dados mais antigos não estejam acessíveis. E como são descriptografados apenas em uma das pontas, na memória, eles são protegidos mesmo no caso improvável de uma violação física da instalação", completa.
Veja o vídeo de apresentação do supercomputador:
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