Topo

Por que empresas estão investindo milhões em táxis voadores; entenda

Carro voador eVTOL, da Embraer - Divulgação/Embraer
Carro voador eVTOL, da Embraer Imagem: Divulgação/Embraer

Marcos Bonfim

De Tilt, em São Paulo

05/02/2022 04h00

Os carros voadores parecem estar cada vez mais próximos de se tornarem realidade, pelo menos é o que apontam os recentes movimentos e anúncios de grandes companhias sobre o desenvolvimento de aeronaves elétricas de decolagem e aterrissagem vertical (eVTOL) como um modelo para oferecer táxis aéreos nos próximos anos.

Entre as empresas que apontam neste futuro, estão gigantes como Boeing e a brasileira Embraer, a partir da subsidiária Eve, e a Uber, com o financiamento à Joby Aviation. Nos últimos meses, essas e outras companhias apresentaram diversas parcerias para viabilizar a tecnologia nos próximos anos e a ampliação dos investimentos. O caso mais recente é o do comunicado da Boeing sobre o aporte de US$ 450 milhões na empresa Wisk, que atua no desenvolvimento de aeronaves autônomas, ou seja, sem pilotos.

Diferentemente dos carros voadores exibidos na série os Jetsons, referência constante quando se fala sobre esses veículos, os eVTOLs estão sendo construídos para usos compartilhados — não é como um produto que o consumidor pode adquirir, pelo menos, por ora.

E, claro, quem chegar primeiro pode estabelecer um padrão e modelo de negócios a ser seguido dentro deste novo mercado, que pode movimentar US$ 1,5 trilhão (R$ 8,1 trilhões) em 2040, de acordo com projeção do banco norte-americano Morgan Stanley.

Como vai funcionar

As empresas têm o objetivo de oferecer o serviço como uma opção similar ao que é ofertado hoje por helicópteros, só que a um custo bem inferior, e atender viagens curtas dentro das cidades. Hoje, a maior parte desses veículos tem sido projetada para voar, no máximo, meia hora e distâncias não muito longas.

Pelos modelos em desenvolvimento, a tendência é que cada aeronave possa conduzir até quatro passageiros mais o piloto. No longo prazo, com a direção autônoma, o número de usuários por veículo subirá para seis.

Andre Stein, copresidente-executivo da Eve, subsidiária da Embraer, diz que preços mais em conta para o consumidor serão possíveis porque o custo de operação do "carro voador" deverá ser equivalente a 10% do montante empregado em gestão com helicópteros. Já há estimativas no mercado de que o valor poderia ser semelhante ao do Uber Black.

Esses táxis voadores, parecidos com drones e com propulsão elétrica, ainda apresentam como vantagens a emissão zero de carbono, não necessitam de pistas de aeroporto para decolar e pousar e geram menos ruídos. O VA-X4, projetado pela Vertical Aerospace e encomendado pela Gol, por exemplo, promete ser cem vezes mais silencioso do que um helicóptero durante o voo de cruzeiro e 30 vezes durante os pousos e decolagens.

Além de avançarem com o desenvolvimento das aeronaves em si, as empresas também têm o desafio de construir as redes eVolts e todo o ecossistema de mobilidade área urbana (UAM, na sigla em inglês).

Com parceiros e operadores do mercado de aviação, precisam estudar as análises de rotas, avaliar potenciais prédios para embarque e desembarque de passageiros, sistema de gerenciamento de tráfego aéreo, entre muitos outros elementos para fazer a indústria efetivamente voar.

Um estudo publicado pela Agência de Segurança da Aviação da União Europeia no ano passado sugeriu que os eVTOLs podem se tornar realidade já em 2024. Por aqui, Azul e Gol já fecharam acordos para contar com as aeronaves a partir de 2025. A Embraer promete o seu modelo para 2026.