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Asteroide quádruplo: Astrônomos descobrem 1ª rocha espacial com 3 luas

Pesquisadores combinaram algoritmo com imagens de telescópio para observar nova lua - Reprodução/Astronomy & Astrophysics
Pesquisadores combinaram algoritmo com imagens de telescópio para observar nova lua Imagem: Reprodução/Astronomy & Astrophysics

De Tilt, em São Paulo

09/02/2022 14h31Atualizada em 18/02/2022 12h27

Astrônomos descobriram um novo segredo do asteroide 130 Elektra, que abrigava duas luas já identificadas: ele, na verdade, é o primeiro asteroide quádruplo encontrado no sistema solar.

O Elektra foi descoberto em 1873, em órbita em um cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Com um formato retangular e 257 km de diâmetro em seu lado mais prolongado, ele é considerado um asteroide relativamente grande e dá uma volta no Sol a cada cinco anos terrestres, segundo informações do site HeroMag.

As novidades em torno do grande asteroide começaram em 2003, quando os cientistas encontraram a primeira lua orbitando o Elektra. A segunda foi identificada em 2014. Mas, apesar de interessantes, as descobertas não mostraram nada de excepcional sobre ele, já que mais de 150 asteroides já conhecidos tem uma ou duas luas.

"Múltiplas luas podem ser encontradas em torno de grandes asteroides", explicou Bin Yang, uma astrônoma do Observatório Europeu do Sul, no Chile, que descobriu a segunda lua orbitando o Elektra.

A história foi além apenas quando uma equipe do Instituto de Pesquisa Astronômica Nacional da Tailândia, formada pelo pesquisador Anthony Berdeu e colegas, usou imagens feitas por um telescópio da estrutura chilena para olhar o Elektra mais de perto, encontrando evidências de que uma terceira lua escondida dentro das órbitas das outras duas.

"Este é o primeiro asteroide com três luas", disse o Dr.Berdeu em entrevista ao site de ciências. "Nós estamos muito confiantes, é bastante animador."

Os resultados vistos foram significativos o suficiente para publicação na revista científica Astronomy & Astrophysics.

A terceira lua é um pouco menor que suas irmãs, segundo estimativas feitas pela equipe. Ela dá a volta no Elektra a cada 16 horas, a uma distância de apenas 354 km dele.

Dr. Berdeu detalha que conseguiu encontrar a lua desconhecida usando um novo algoritmo que fortaleceu sua luz extremamente fraca nas imagens feitas pelo telescópio chileno. A redução de dados obtida pela técnica permitiu uma imagem mais nítida do Elektra e seus arredores.

Sem envolvimento nesta pesquisa, a Dra.Yang afirmou que ela e outros astrônomos "vem tentando buscar por sistemas quádruplos já há algum tempo" e que sua equipe também viu pistas "tentadoras" da presença de uma terceira lua em seus estudos a respeito do 130 Elektra.

O resultado é "muito empolgante", declarou a estudiosa, ponderando, por outro lado, que mais observações devem ser realizadas para confirmar a existência da lua.

Alan Fitzsimmons, astrônomo da Queen's University, em Belfast, na Irlanda, também pede cautela na divulgação do resultado, explicando que as luas provavelmente são partes do Elektra que se partiram quando algum outro objeto colidiu com o asteroide no passado. "Parece que todas são do mesmo material", pontuou ele à Heromag.

Agora, o plano dos pesquisadores envolvidos nos estudos sobre o sistema quádruplo é realizar mais pesquisas para verificar a estabilidade das luas. A última descoberta tem uma órbita que está fora da linha das outras duas, o que é "muito estranho", segundo o Berdeu.

A Dra.Yang também pontuou à mídia científica que considera que o sistema é instável, o que pode levar as luas a "caírem de volta" no Elektra. Apesar dos possíveis revezes, os novos estudos também podem dar mais detalhes sobre a formação dos asteroides com luas múltiplas, concluiu a pesquisadora.

"Quantas luas um sistema pode realmente sustentar?" questiona.

A expectativa é de que o avanço dos telescópios e demais equipamentos com um poder de observação ainda maior tornem mais frequente a localização de sistemas quádruplos - ou até além disto.

"Não há limite para o que podemos encontrar", afirmou Berdeu. "Nós esperamos encontrar mais sistemas quádruplos e, porque não, quíntuplos ou sêxtuplos".