Topo

Safernet: denúncias sobre neonazismo na web cresceram 60% no Brasil

Manifestante exibe cartaz contra o nazismo em imagem de arquivo da Polônia - Getty Images
Manifestante exibe cartaz contra o nazismo em imagem de arquivo da Polônia Imagem: Getty Images

Nicole D'Almeida

Colaboração para Tilt, em São Paulo

10/02/2022 16h48

A quantidade de denúncias anônimas relacionadas ao neonazismo cresceu cerca de 60,7% em 2021 em relação aos números de 2020. Os dados fazem parte de uma pesquisa da Safernet Brasil, organização não-governamental com foco na promoção e defesa dos direitos humanos na internet no país.

A Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da Safernet recebeu 14.476 denúncias em 2021 contra 9.004 registradas no ano anterior, segundo o levantamento, divulgado nesta semana.

Neonazismo é um resgate ao nazismo, ideologia propagada pelo austríaco Adolf Hitler, que pregava a supremacia racial e o extermínio de judeus, negros, homossexuais, entre outros grupos considerados por eles como "inferiores".

As denúncias do ano passado se referem a 894 páginas de internet diferentes, sendo que 318 delas já foram retiradas do ar por ordem de autoridades. O Brasil considera crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89.

As denúncias a esse tipo de crime de 2021 só ficam atrás da quantidade registrada em 2010 pela organização, quando bateu 22.443, fazendo assim com que os números do ano passado fossem os segundos maiores já processados pela Safernet.

A intensificação de sites e denúncias de cunho neonazista se deu durante a pandemia de covid-19. Dados da organização mostram que, enquanto 2020 registrou 9.004 denúncias desse tipo de crime, 2019 contabilizou 1.071 — ou seja, teve um crescimento de 740,7%.

Declarações nazistas no Flow podcast

O assunto voltou a repercutir nas redes sociais após um episódio recente do podcast Flow em que o apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, defende a existência de um partido nazista no Brasil durante entrevista com dois deputados federais.

Tabata Amaral (PSB), que rebateu as declarações do apresentador, em certo momento, questiona Kim Kataguiri (DEM) se ele achava errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo. O parlamentar diz que sim.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a abertura de inquérito para apurar eventual crime de apologia ao nazismo cometido por Kim Kataguiri e Monark.