Novo planeta perto da estrela mais próxima do Sol é descoberto; saiba como
Astrônomos detectaram evidências de um novo planeta orbitando Proxima Centauri, a estrela que fica mais perto de nós, depois do Sol. Esse é o terceiro já descoberto girando ao redor dela e o mais leve, com um quarto da massa da Terra. Acredita-se que um deles possa abrigar vida.
"Esta descoberta nos mostra que a nossa estrela vizinha mais próxima parece ter em sua órbita uma quantidade de planetas interessantes, ao alcance de mais estudos e futuras explorações", explica João Faria, pesquisador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, em Portugal, e líder do estudo publicado ontem (10) na revista Astronomy & Astrophysics.
O exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar) foi batizado "Proxima d". Ele orbita sua estrela a "apenas" quatro milhões de km — menos de um décimo da distância entre Mercúrio e o Sol; um ano por lá (tempo para dar a volta completa) tem apenas cinco dias terrestres. Acredita-se que seja rochoso, como a Terra e Marte, por exemplo.
Uma anã vermelha, com um oitavo da massa do nosso Sol (anã amarela), Proxima Centauri fica a cerca de 4,2 anos luz (40 trilhões de quilômetros) da Terra, na Constelação do Centauro.
Os outros dois exoplanetas encontrados no sistema são: Proxima b, com uma órbita de 11 dias terrestres e massa comparável à do nosso planeta; e Proxima c, o maior e mais longe, com um período orbital estimado em 5,2 anos e seis vezes a massa da Terra.
Próxima b é o único que fica na chamada "zona habitável", com condições de abrigar água líquida.
Como foi detectado?
Exoplanetas, por estarem tão longe, não conseguem ser observados diretamente por nós, por meio de instrumentos ópticos. Para encontrá-los, são necessárias tecnologias de detecção de movimento e de espectro de luz.
Por exemplo, observando Proxima Centauri com esses instrumentos, é possível identificar mudanças de brilho e interações gravitacionais que indiquem que um objeto está passando pela estrela em intervalos constantes, indicando a órbita de um planeta.
Proxima b foi descoberto há alguns anos, com o auxílio do HARPS (High Accuracy Radial Velocity Planet Searcher ou Pesquisador de planetas em velocidade radial de alta precisão), montado no telescópio La Silla, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile — dedicado à descoberta de exoplanetas.
Mais recentemente, em 2020, astrônomos fizeram novas observações para confirmar a existência de Proxima b, utilizando um novo instrumento de maior precisão do Very Large Telescope (VLT), também no ESO: o ESPRESSO (Echelle SPectrograph for Rocky Exoplanets and Stable Spectroscopic Observations ou Espectrógrafo Echelle para exoplanetas rochosos e observações espectroscópicas estáveis).
No processo, os pesquisadores detectaram um sinal muito fraco, compatível com um objeto em órbita de cinco dias. Por ser tão sutil, foi necessário muito tempo de observações de acompanhamento, para confirmar que era um ciclo repetitivo, de um planeta em órbita - e não alterações naturais da própria estrela-mãe.
"Fiquei muito entusiasmado com o desafio de detectar um sinal tão fraco e descobrir um exoplaneta tão perto da Terra", diz Faria. "Este resultado mostra que a técnica da velocidade radial tem o potencial de revelar uma população de planetas leves, como o nosso, que devem ser os mais abundantes em nossa galáxia e que podem potencialmente hospedar a vida como a conhecemos".
Proxima d é o exoplaneta mais leve já encontrado pelo método de velocidade radial — que detecta o deslocamento de uma estrela causado pela órbita de um planeta.
O efeito da gravidade de Proxima d é pequeno em comparação a seus irmãos, fazendo com que Proxima Centauri se mova para frente e para trás a cerca de 40 centímetros por segundo (1,44 km/h). A Terra, em comparação, produz no Sol a velocidade de 9 centímetros por segundo (0,32 km/h).
A outra técnica para detecção de um exoplaneta é o método de trânsito, que revela "piscadas" no brilho da estrela quando o objeto passa na frente. A procura por outros planetas alienígenas será complementada pelo moderno e enorme Extremely Large Telescope (ELT), do ESO, atualmente em construção no deserto do Atacama. A partir de 2027, ele deve se nosso maior olho no céu.
*Com informações do site da ESO.
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