'Moonfall': a Lua poderia cair na Terra, igual ao filme? Entenda como seria
Em cartaz nos cinemas, o filme de ficção científica "Moonfall - Ameaça Lunar" tem uma premissa perturbadora: a Lua vai cair na Terra. Mas será que isso poderia acontecer de verdade? A ciência tem respostas para isso.
Na sinopse oficial do longa, protagonizado por Halle Berry e Patrick Wilson, é destacado que "por motivos desconhecidos, a Lua sai de sua órbita e passa a se deslocar em direção à Terra. Em situação de emergência, um grupo de cientistas aceita a missão de ir até o satélite e impedir a colisão, antes que a vida humana seja extinta."
Bom, caso este evento catastrófico ocorresse, a vida humana seria extinta, todos os resquícios de civilização destruídos, e o planeta entraria em um grande inverno nuclear. Pedaços da Lua despedaçada se espalhariam em volta da Terra, provavelmente formando anéis como os de Saturno e até pequenas colisões secundárias.
Para se ter uma ideia, o asteroide responsável pela extinção dos dinossauros tinha cerca de 12 km de diâmetro. A Lua tem quase 3.500 km e, a Terra, pouco menos de 13 mil km.
E qual a chance de acontecer de verdade?
Fisicamente falando, isso nunca irá acontecer no mundo real. Um dos motivos é o chamado Limite de Roche.
A Lua orbita a Terra a uma distância média de 385 mil quilômetros. Este movimento é regido pelas forças gravitacionais dos dois corpos — nosso planeta tende a "puxar" objetos menores. A grosso modo, isso quer dizer que a Lua está "caindo" na Terra o tempo todo.
Mas isso não quer dizer que ela esteja se aproximando; está distante o suficiente e se move rápido o bastante para não ser puxada até a superfície terrestre. Ou seja, sua órbita estável e em alta velocidade (3.670 km/h) impede uma queda. Para que nosso satélite de fato caísse, seria necessário diminuir muito a velocidade relativa, e consequentemente a distância, entre os dois corpos celestes.
"O limite de Roche é um ponto entre dois objetos gravitacionalmente ligados, onde as forças das marés superam a gravidade. Em termos mais simples, se a Lua chegasse a cerca de 18.500 km acima da superfície do planeta, a gravidade da Terra seria mais forte do que a gravidade que a sustenta. Mas, dessa forma, ela seria destruída antes de aterrissar", informa o site Syfy.
Força misteriosa (contém spoilers)
No filme, uma "força misteriosa" empurrou a Lua; o impacto devastador com a Terra acontecerá em poucas semanas. Enquanto ela se aproxima, cientistas vão até a Estação Espacial Internacional (ISS), no aposentado ônibus espacial Endeavor, para tentar impedir a colisão e salvar o planeta.
No mundo real, a única possibilidade de nosso satélite sair de órbita seria se algum asteroide ou cometa se chocasse com ela. Pequenos impactos são relativamente comuns — vide as crateras da superfície lunar —, mas, para atingir a força necessária para um deslocamento apocalíptico, o objeto teria de ser enorme, com milhares de quilômetros de diâmetro (pelo menos o mesmo tamanho da própria Lua) e altíssima velocidade.
Os cientistas desconhecem qualquer rocha espacial errante desta magnitude no Sistema Solar. O maior asteroide conhecido é 70 vezes menos massivo que a Lua. E, se um dia algo monstruoso aparecer, sua aproximação será prevista com anos de antecedência pela Nasa e outras agências espaciais que estão constantemente monitorando o universo.
Em "Moonfall", a explicação acaba sendo uma das preferidas da ficção científica: os cientistas descobrem que nosso satélite não é tão natural assim. A Lua seria uma megaestrutura construída por uma civilização alienígena muito avançada, bilhões de anos atrás.
Aqui no mundo real e científico, uma das principais hipóteses para a formação de nosso satélite é que ele teria surgido a partir de detritos do impacto de um pequeno protoplaneta, hipoteticamente chamado Theia, com a Terra. Outra teoria sugere que tanto a Lua como a Terra se formaram após a colisão de dois corpos enormes, cada um com cinco vezes o tamanho de Marte.
Seja como for, a Lua é nossa companheira mais próxima, desde a época em que a Terra se formou, há 4,5 bilhões de anos. E continuará sendo presença constante em nosso céu. Podemos apreciar todas as suas belas fases com a tranquilidade de que ela não irá a lugar algum.
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