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Galáxia com 16,3 milhões de anos-luz pode ser a maior já descoberta

Os lóbulos de rádio observados na radiogaláxia Alcyoneus - Reprodução/ Oei et al., arXiv, 2022
Os lóbulos de rádio observados na radiogaláxia Alcyoneus Imagem: Reprodução/ Oei et al., arXiv, 2022

Simone Machado

Colaboração para Tilt*, em São José do Rio Preto (SP)

16/02/2022 09h27

Uma radiogaláxia gigantesca, localizada a 3 bilhões de anos-luz da Terra, foi descoberta por astrônomos liderados por Martijn Oei, do Leiden Observatory, na Holanda. Chamada Alcyoneus, ela atinge 5 megaparsecs no espaço, o equivalente a 16,3 milhões de anos-luz de comprimento, sendo a maior estrutura conhecida de origem galáctica.

Para os astrônomos, a descoberta pode ajudar a entender melhor as radiogaláxias, espécie de galáxia gigante muito mais brilhante do que as "normais".

As radiogaláxias são mais um mistério em um universo ainda cheio de perguntas sem respostas. Elas são muito luminosas e formadas por uma galáxia hospedeira —aglomerado de estrelas que orbitam um um buraco negro supermassivo, como a nossa Via Láctea —, bem como jatos e lóbulos colossais que surgem no centro dela.

Segundo os astrônomos, esses jatos e lóbulos vêm do buraco negro supermassivo que existe no centro galáctico e podem viajar por longas distâncias antes de se dividirem em lobos emissores de ondas de rádio.

Este processo é bastante normal, até porque a Via Láctea onde vivemos também tem lóbulos de rádio. O que chamou a atenção dos estudiosos nesse caso é o fato de não se saber, até então, por que algumas galáxias têm lóbulos gigantes, que alcançam a escala dos megaparsecs. Nestes casos, elas são chamadas "radiogaláxias gigantes", e as mais extremas delas podem ajudar a explicar esse crescimento.

"Se existem características de galáxias hospedeiras que são uma causa importante para o crescimento de rádiogaláxias gigantes, então os hospedeiros das maiores delas provavelmente as possuem. Da mesma forma, se existem ambientes particulares de grande escala que são altamente propícios ao crescimento das radiogaláxias gigantes, é provável que as maiores delas residam neles", escreveram os astrônomos no estudo.

Detalhes da radiogaláxia Alcyoneus

Os dados sobre a radiogaláxia Alcyoneus foram processados para remover emissões de rádio que pudessem interferir com as detecções dos lóbulos de rádio. As imagens desse processo representam a busca de lóbulos de radiogaláxias com a maior sensibilidade e ao analisar os materiais, os pesquisadores descobriram a maior estrutura formada por uma única galáxia, a Alcyoneus.

Após fazer a coleta das medidas dos lóbulos, a equipe de astrônomos usou o levantamento Digital Sky Survey para tentar entender as características da galáxia hospedeira. Eles descobriram que ela é uma galáxia elíptica comum, com cerca de 240 bilhões de vezes a massa do nosso Sol, e que guarda um buraco negro supermassivo de 400 milhões de vezes a massa do Sol. Alcyoneus e sua hospedeira têm massa estelar e um buraco negro supermassivo menores que aqueles das radiogaláxias gigantes médias.

"Além da geometria, Alcyoneus e seu hospedeiro são estranhamente comuns: a densidade total de luminosidade de baixa frequência, a massa estelar e a massa do buraco negro supermassivo são todas inferiores, embora semelhantes às radiogaláxias gigantes", escreveram os astrônomos.

Eles explicaram ainda que as galáxias bastante massivas ou os buracos negros supermassivos no interior delas não vão, necessariamente, dar origem a objetos gigantes. Por isso, eles sugerem que Alcyoneus esteja em uma região do espaço de menor densidade média, o que poderia permitir sua expansão. E acreditam ainda que Alcyoneus continua crescendo.

*Com informações de ArXiv e Astronomy & Astrophysics